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Vale a pena investir no Banco do Brasil (BBAS3) pensando em dividendos?

Publicado em: 22/02/2024

Depois de ter lucrado R$ 9,44 bilhões no 4° trimestre de 2023 e alcançado um recorde de R$ 35,6 bilhões no ano passado, o Banco do Brasil (BBAS3) caiu nas graças dos analistas focados em dividendos, mesmo diante de uma possível desaceleração dos resultados em 2024.

O fato de o banco ter elevado o seu payout (parcela do lucro destinada a proventos) de 40% para 45% também animou os agentes de mercado. Pelas projeções (guidance) da instituição financeira, o Banco do Brasil espera ter um lucro líquido ajustado entre R$ 37 e R$ 40 bilhões em 2024. Nesta quarta-feira (21), é dia de Data Com do BBAS3 e mostramos como você pode ter uma renda de R$ 3 mil por mês com a estatal.

Para Sergio Biz, analista focado em dividendos e sócio do GuiaInvest, este guidance já sinaliza um lucro robusto, que mesmo no patamar mínimo de R$ 37 bilhões, proporcionaria dividendos atrativos para os investidores.

Biz destaca também a previsibilidade do banco, que vem apresentando resultados operacionais sólidos e balanços saudáveis. O analista elogia o fato de o banco anunciar um calendário com as datas e frequências das distribuições de proventos. “Esse nível de previsibilidade é difícil encontrar nas empresas listadas”, diz.

Recentemente, o Banco do Brasil divulgou um calendário com oito datas de pagamento – quatro antecipadas e quatro complementares no decorrer de 2024. Confira aqui.

Embora não seja muito significativo, Biz avalia como positivo o crescimento de 5% no payout para 45%. “Considerando um lucro líquido de R$ 37 bilhões em 2024 e payout de 45%, o banco poderia entregar dividendos de R$ 5,70 por ação”, calcula. Segundo o analista, levando em conta o preço atual da ação, o dividendo representaria um retorno (dividend yield) de 9,6%.

“É um dividendo extremamente interessante considerando a forte alta das ações em 2023”, pontua. Para Biz, o ideal é comprar as ações BBAS3 até o preço de R$ 56.

A previsibilidade nos resultados não é a única vantagem do banco estatal. Gabriel Duarte, analista da Ticker Research, destaca a exposição do banco a linhas de crédito resilientes, como é o caso do crédito consignado – onde o desconto do pagamento é feito da folha salarial do cliente. “É um crédito com baixíssimo risco, porque quando cai o pagamento do cliente o banco já desconta a dívida do salário da pessoa. E boa parte desse crédito é concedido a funcionários públicos, que possuem mais estabilidade”, afirma Duarte.

O analista também destaca a forte atuação do banco no agronegócio, um dos carro-chefe da economia brasileira. “Embora o setor traga volatilidade, afinal tem safra, mudanças climáticas e alguns percalços, quando o agronegócio vai muito bem, o banco também tem um bom desempenho”, pontua o analista.

Duarte diz ainda que o aumento de 5% no payout deve contribuir com um salto de 26% dos dividendos pagos em 2024, que podem chegar a R$ 5,84, se comparados com 2023, de R$ 4,63. “É um crescimento muito acima da inflação e mostra que o banco está de fato interessado em remunerar os seus acionistas, seja via dividendos ou recompra de ações”, aponta.

O analista da Ticker espera um dividend yield de 9,9% em 2024, podendo evoluir até 11%. Para garantir um bom retorno, recomenda aos investidores adquirir os papéis BBAS3 entre R$ 50 e R$ 60.

Na Genial Investimentos, a expectativa é de um dividend yield de 10,3% em 2024, com ventos favoráveis para a lucratividade do banco. Os analistas da casa acreditam que o Banco do Brasil estaria descontado diante dos pares, apesar do seu bom desempenho.

“Com um valuation (avaliação) atraente de 0,97 vezes P/VP (preço sobre valor patrimonial) e 4,3 vezes P/L preço sobre lucro, o Banco do Brasil segue negociado abaixo do seu valor patrimonial, apesar da rentabilidade acima de seu custo de capital”, observam.

A recomendação da Genial Investimentos é de compra, com preço-alvo (expectativa de valorização) de até R$ 64,90 em 2024.

Na Ágora Investimentos, a recomendação também é de compra, com preço-alvo de R$ 64 para 2024. Renato Chanes, analista da corretora, cita que o Banco do Brasil é o principal dividend yield do setor bancário para a casa, com projeção de um retorno em dividendos de 9% em 2024 e 10% em 2025. “A nossa perspectiva para o Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE) do banco é de 20% nos próximos dois anos”, reforça.

Chanes destaca que existem alguns riscos de investir no Banco do Brasil, entre estes aspectos relacionados a safra agrícola. “Se houver uma queda de safra, isso pode reduzir a carteira rural e em consequência o resultado financeiro líquido (NII), o que poderia ter um impacto na política de dividendos”, pontua.

Outro ponto de atenção, na visão de Chanes, é o risco político na Argentina, dado que o banco estatal tem uma participação relevante no Banco da Patagônia, inserido em um ambiente de hiperinflação e desvalorização do peso argentino.

A nível local, o risco político brasileiro também pesa, com a desconfiança do mercado de possíveis interferências do governo federal. “Existe um temor que, por pressão do governo, o BB aumente a exposição a linhas de empréstimos menos rentáveis e mais arriscadas, o que poderia vir a detratar o seu spread”, destaca Milton Rabelo, analista do setor financeiro da VG Research.

Contudo, ele faz a ressalva, que não se constatou nenhuma tentativa de interferência muito clara por parte do governo em 2023. “A atual gestão do banco, chefiada pela CEO Tarciana Medeiros, executiva de carreira da instituição, tem passado muita confiança ao mercado, sinalizando compromisso com o crescimento e rentabilidade do Banco do Brasil”, avalia.

Para Rabelo, o banco vai entregar um dividend yield de 10% em 2024. A recomendação é comprar as ações BBAS3 até o preço de R$ 61,20. O analista reforça que as ações ainda seguem baratas.

Fábio Sobreira, analista da Harami Research, explica que se o banco quisesse distribuir todo o seu lucro em 2024, teria capacidade de pagar dividendos de quase 20%, o que comprova a sua robustez.

“A tendência do banco é de crescimento e diante a sua resiliência entendemos que faz todo sentido para uma estratégia de dividendos”, observa Sobreira, que espera um dividend yield de entre 7% e 8% em 2024. Para ele, vale a pena comprar as ações até o preço de R$ 60.

Em relação ao risco de intervenção política, Sobreira também acredita que cada vez o mercado acredita menos nisso, apesar de o banco ainda continuar tendo o desconto de uma empresa estatal e sendo negociado mais barato do que o próprio Itaú.

Fonte: E-Investidor

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