Entre janeiro e abril, bancos eliminaram 1.720 postos de trabalho, aponta Caged

Publicado em: 29/05/2019

Nos primeiros quatro meses do ano, o setor bancário eliminou 1.720 postos de trabalho. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), compilados pelo Ministério da Economia.

No ano passado, Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa e Santander lucraram R$ 85,9 bilhões, crescimento de 16,2% em relação a 2017, quando essas empresas que respondem por 90% dos empregos bancários no país lucraram R$ 74 bilhões.

“Os bancos que já publicaram seus balanços trimestrais (Itaú, Santander, Bradesco e Banco do Brasil) tiveram lucros superiores ao mesmo período do ano passado e também em relação ao último trimestre de 2018, ano de resultados recordes no setor financeiro. Ao invés de colaborar para a retomada econômica do país, uma vez que possui todas as condições para isso, o setor financeiro agrava a já altíssima taxa de desemprego, pratica juros extorsivos e defende a reforma da Previdência, que acaba com a aposentadoria pública, solidária e para todos. Sobra ganância e falta responsabilidade social ao setor”, critica a diretora do Sindicato Erica Oliveira.

Rotatividade

Como se não bastasse cortar postos de trabalho em um cenário de alto desemprego no país, os bancos ainda lucram com a rotatividade, demitindo bancários que ganham mais e contratando funcionários com salários mais baixos. De janeiro a abril, os bancários que ingressaram no setor recebiam em média 67% do que ganhavam os que foram desligados dos bancos.

Desigualdade de gênero

Outro dado que chama a atenção no recorte do setor bancário no Caged é a desigualdade de gênero. Nos quatro primeiros meses de 2019, as mulheres que ingressaram no setor recebiam em média 77% dos homens contratados no mesmo período. Entre os desligados, as mulheres recebiam em média 71% da remuneração dos homens desligados dos bancos.

Na última Campanha Nacional Unificada dos Bancários, no ano passado, a categoria conquistou a realização de um novo Censo da Diversidade, que deve iniciar este ano. O censo é uma ferramenta importante no combate às desigualdades de gênero e raça no setor bancário e para a promoção de políticas de igualdade de oportunidades para mulheres, PCDs (pessoas com deficiência) e negros.

Fonte: Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região

BB é condenado a pagar R$100 mil por assédio moral em Belo Campo, na Bahia

Publicado em: 13/04/2018

A prática constante de assédio moral na agência de Belo Campo levou à condenação do Banco do Brasil pela 2ª Vara do Trabalho de Vitória da Conquista. Depois de denúncia feita pelo Sindicato dos Bancários de Vitória da Conquista e região, o Ministério Público do Trabalho ingressou com uma Ação Civil Pública com objetivo de conter os constantes constrangimentos, humilhações e pressões psicológicas feitos pela gerência geral aos bancários da unidade, inclusive sendo desqualificados e ridicularizados publicamente e obrigados a realizar vendas casadas de produtos aos clientes.

Além de garantir que sejam cumpridas medidas efetivas e necessárias para coibir qualquer prática de assédio moral, realizar periodicamente palestras de conscientização dos trabalhadores para a manutenção de ambiente de trabalho moralmente sadio, sob pena de multa diária no valor de R$5 mil pelo descumprimento de cada obrigação estipulada na sentença, o banco foi condenado, ainda, ao pagamento de indenização por dano moral coletivo, no valor de R$ 100 mil, que será revertido ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) ou em favor de algum programa social.

O BB ainda pode recorrer judicialmente, entretanto é indispensável que todos os trabalhadores sujeitos a práticas de assédio por parte dos seus gestores procurem o Sindicato e peçam ajuda. “A união dos colegas pra fomentar a denúncia de assédio moral foi de extrema importância. O Sindicato acompanha, fiscaliza, denuncia e busca esclarecer os riscos do assédio moral por meio de palestras e conversas com a categoria. No caso que envolveu a agência do BB/Belo Campo, o Ministério Público averiguou as condições e puniu a instituição devidamente”, ressalta a diretora de Assuntos Jurídicos, Sarah Sodré.

Fonte: Blog do Rodrigo Ferraz

Com as mudanças no BB pioram as condições de trabalho

Publicado em: 23/11/2017

Com o fechamento de 402 agências e a transformação de outras 379 em postos avançados de atendimento (PAA) com quase dez mil demissões, as condições de trabalho dos funcionários do Banco do Brasil pioraram muito. Inúmeras denúncias chegam aos Sindicatos. Gerentes de PAA estão atuando como gerentes gerais, sem a devida comissão, sobrecarregados de serviços. Um dos prejudicados afirma que cuida do posto inteiro, que antes era uma agência, das máquinas, ambiente, segurança, atendimento, funcionários, vendas, inadimplência e reclamações de clientes. Tudo isso com menos funcionários.

Para Ernesto Izumi, secretário de organização do sindicato, “isso é desvio de função”, e continua, “gerentes de PAA estão recebendo comunicados como se fossem administradores, convocados para reuniões de gerentes gerais”

A situação dos PAA’s ainda se agrava devido a atribuições que são indevidas nesses setores. Os postos estão sendo obrigados a cumprirem metas separadas das metas das agências centralizadoras, e os gerentes gerais querem que os gerentes de PAA façam “negócios” para a centralizadora.

Essa política da direção golpista do BB tem um objetivo claro: precarizar e em seguida fechar os postos. Para a direção da empresa o fechamento de agências e postos tem como finalidade “reduzir” custo; conversa para boi dormir! Todo mundo sabe que praticamente todas as dependências do banco que foram fechadas são altamente lucrativas, basta ver o fabuloso lucro do banco ano após ano.

Com o fechamento de agências e posto houve um aumento considerável de reclamações junto ao Banco Central por parte dos clientes por mau atendimento devido a falta de pessoal, aumento na espera em filas, que chega ao absurdo de ficar por mais de duas horas, etc.

Fonte: Diário Online Causa Operária

BB é condenado a pagar R$ 5 mi pela prática de assédio moral estrutural

Publicado em: 07/09/2017

O Tribunal Regional do Trabalho da 22ª Região – Piauí (TRT/PI) condenou o Banco do Brasil a pagar R$ 5 milhões por danos morais coletivos pela prática de assédio moral estrutural entre 2010 e primeiro semestre de 2013. A decisão do Pleno do TRT/PI, que confirmou a sentença de primeiro grau do juiz Adriano Craveiro Neves, da 4ª Vara de Teresina, foi unânime.

Em seu voto, o relator do processo no TRT/PI, desembargador Francisco Meton Marques de Lima, explica que a categoria dos bancários é a campeã de registros de afastamentos por doenças psíquicas no Brasil. E no Banco do Brasil constatou-se esse fenômeno também com muita intensidade. “A exigência de meta e resultados é uma realidade em todas as empresas públicas e privadas, e, não é ilegal. Mas quando a cobrança de metas e resultados é excessiva ou abusiva a ponto de adoecer os seus empregados, ela se convola em ilegal e passível de sanção. Este é o ponto”, frisou.

Entre depoimentos e documentação que compõe o processo, chamou a atenção o resultado de perícias em funcionários do banco que desenvolveram a Síndrome de burnaut, um transtorno psicológico provocado por condições de trabalho físicas, emocionais e psicológicas desgastantes que leva à depressão.

A prática de assédio moral estrutural foi comprovada entre 2010 e o primeiro semestre de 2013, quando o superintende do banco passou a fazer todo tipo de pressão sobre os gerentes para alcançar a meta ouro no Programa Sinergia, desenvolvido pelo Banco do Brasil, a princípio, para estimular o cumprimento de metas.

De acordo com a denúncia do Ministério Público do Trabalho, os gerentes das agências eram pressionados para alcançar metas inalcançáveis ou de difícil obtenção, resultando no adoecimento de vários empregados, especialmente os gerentes.

As cobranças eram realizadas por e-mail e torpedos, além de reuniões por vídeo conferência. De acordo com a denúncia, muitas vezes as cobranças vinham com ameaças veladas sobre a perda da comissão, caso as metas não fossem cumpridas. No período em questão, a Superintendência do BB conquistou o selo Ouro do Sinergia, mas com queda de resultados em seguida.

“É indiscutível o tom ameaçador das mensagens. A ameaça consistia no descomissionamento. Além disso, as cobranças eram diárias e eram encaminhadas de 15 a 60 mensagens de cobrança por dia, algumas delas em horário inconveniente (21h18min.). Um absurdo”, destacou o desembargador Francisco Meton. “Foi nesse período que se verificou a maior quantidade de afastamentos de empregados em decorrência da pressão excessiva e acometimento de doenças, em especial da Síndrome de Burnaut”, complementou.

No período delimitado pelo Ministério Público do Trabalho na ação (2010 a junho de 2013) também foram verificadas 14 aposentadorias antecipadas. “Um trabalhador chegar ao ponto de preferir perder uma soma considerável de dinheiro a permanecer trabalhando para alguém, é porque o clima estava insuportável. Pior do que isso, é ter que suportar tanta pressão calado, pois caso se insurgisse sofreria retaliação, ou seja, seria descomissionado”, pontuou o magistrado.

Para o desembargador Francisco Meton Marques de Liuma, a farta documentação dos autos atesta agravamento das condições ambientais psicológicas, tendo causado comprovada elevação dos denominados transtornos mentais decorrentes do trabalho. “É um fato, constatado e atestado. E a sociedade e as autoridades não podem ficar indiferentes a isso. Trata-se de um problema que resvala para muito além das muralhas da empresa para atingir toda a sociedade brasileira”, avaliou, confirmando o assédio moral organizacional e mantendo a decisão de primeira instância que condenou o banco no valor de R$ 5 milhões de indenização por danos morais coletivos.

“O valor estipulado pela d. sentença de primeiro grau afigura-se razoável, proporcional ao porte do ofensor, à dimensão da ofensa, ao grau de culpa, à extensão do dano e à reprovabilidade social, dentre outros”, pontuou, esclarecendo que a condenação cumpre as funções pedagógica, reparadora e sancionadora.

Fonte: Portal AZ

BB quer aposentados como assessores de investimentos

Publicado em: 30/08/2017

O presidente do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli, diz que o banco continua com “papel significativamente público”, mas não pode cometer os mesmos erros do passado. “Tem como posicionar um patamar de juros, mas, se você baixar de uma forma que o mercado não te acompanha, está destruindo valor para os acionistas”, diz. A União é a maior acionista do banco. Nas gestões dos presidentes Lula e Dilma, os bancos públicos assumiram duas tarefas: ampliaram a oferta de crédito para estimular a economia e lideraram uma competição mais aguerrida com as instituições privadas, para forçá-las a reduzir os juros.

O que levou o BB a revisar a expectativa de projeção de crédito para retração em vez de crescimento?

Existia uma expectativa de que o primeiro semestre de 2017 seria melhor do que foi. Não só nossa. O guidance (metas) do Bradesco mudou. O do Itaú também. Nós não dimensionamos essa crise da maneira como deveríamos. É uma crise que demorou 20 trimestres para começar a retomada, diferente de qualquer uma do passado. Na crise de 2009, tivemos 380 empresas que foram para a recuperação judicial e nessa crise já passou de 4 mil. A retomada se dá de uma forma mais vagarosa. Agora, a robustez das políticas está sendo bem feita. Não se faz isso do dia para a noite. A reforma econômica está sendo feita sem puxadinhos.

Na crise de 2009, os bancos públicos tiveram um papel importante na retomada do crédito. Dessa vez, há um alinhamento maior com os privados em reter empréstimos e financiamentos.

O BB continua sendo um banco de economia mista com papel significativamente público, mas que compete em nível de igualdade com os privados. O erro que não vamos cometer dessa vez é o erro que foi cometido no passado: você tem como ser um posicionador de juros, mas, agora, se você baixar de uma forma que o mercado não te acompanha, está destruindo valor para os acionistas.

O sr. disse que um dos objetivos de sua gestão é que o retorno do BB fosse semelhante ao dos bancos privados…

E nós estamos no caminho certo. A cada trimestre o resultado vem se mostrando melhor. Fizemos um trabalho de redução de 9.408 pessoas no plano de estímulo à aposentadoria antecipada. Isso proporcionou uma redução de despesas de R$ 2,3 bilhões já para 2017. Fechamos 400 agências em todo o País e transformamos 380 agências em postos avançados de atendimento, que é uma estrutura que fisicamente é muito parecida, mas com staff e custos reduzidos. Nós reduzimos em um ano 0,9% de despesas. Isso dando 8% de aumento para 100 mil funcionários. E crescemos em renda de tarifas 10% no semestre.

E na gestão de capital?

Estamos totalmente preparados para que em 2019 a gente tenha os 9,5% do índice da capital principal (Basileia). (A regra determina que, a cada R$ 100 emprestados, os bancos precisarão ter R$ 9,50 de capital próprio). O banco vem se mantendo num nível adequado para isso. Não contamos com venda de ativo para se atingir esse nível. É uma questão orgânica.

E se vender Neoenergia e fizer o IPO do banco da Patagônia?

Todas as vendas poderão reforçar ainda mais o capital. Mas nós não contamos com a venda para atingimento.

Como o banco está se preparando para enfrentar a concorrência com assessorias de investimentos independentes?

Estamos lançando oficialmente a nossa Unidade de Captações e Investimentos (UCI), que vem com o objetivo de o banco readequar o nosso assessoramento dos clientes a investimentos. É só o primeiro passo na busca de um posicionamento mais agressivo do banco dos clientes private e estilo (alta renda).

Está todo mundo incomodado com o crescimento da XP?

Não. A XP tem toda uma estratégia dela. Não existe uma única. Cada um tem uma. A nossa certamente será diferente da XP. Mas estamos vindo com uma estratégia bastante agressiva.

Qual o próximo movimento?

Eu determinei e dei prazo para termos aposentados vendendo produtos para nós no banco. Quer gente melhor, que conhece melhor um produto do banco do que um aposentado? Vou criar tipo um correspondente bancário individual.

Qual o seu cenário de juros?

Estamos trabalhando com a Selic fechando em 7,5% no ano e se mantendo assim em 2018, podendo ter ligeira redução.

Vocês vão continuar alinhando as taxas ao comportamento da Selic?

A cada movimento da Selic temos feito o nosso repasse. Isso é um processo de competição. Se tiver linhas que já somos os mais baratos, eu não vou mudar. Quem foi o banco que mais baixou taxa de rotativo? Fomos nós.

Fonte: Money Times

Acordo entre a União e Estado prevê redução de vencimentos e jornada de trabalho de servidores

Publicado em: 12/01/2017

O acordo que a equipe econômica do governo federal negocia com o Rio para socorrer as finanças estaduais inclui redução tanto da jornada de trabalho, quanto dos salários dos servidores públicos. A medida foi proposta pelo governador Luiz Fernando Pezão, como forma de aliviar as contas fluminenses, e tem a simpatia do Tesouro Nacional. Também estão sobre a mesa a venda da Cedae num prazo de até dois anos, a extinção de outras empresas estatais e cortes de gastos (com a suspensão de reajustes e de concursos públicos).

Segundo integrantes da equipe econômica, o acordo deve ser fechado até esta quinta-feira, quando será levado ao presidente Michel Temer e, depois, ao Supremo Tribunal Federal (STF) para homologação. O plano será apreciado pela presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia. Caso ela aceite seus termos, será levado adiante, mas, no caso específico da redução da jornada e dos salários, o tema ainda precisará ser analisado pelo plenário do STF.
O acordo prevê ainda a suspensão do pagamento das dívidas do Rio com a União por um prazo de três anos, bem como a possibilidade de o Tesouro Nacional dar garantias a empréstimos para o governo estadual destinados a objetivos específicos, como a realização de um programa de demissão voluntária. Como contrapartida, além do corte de despesas e da venda ou do fechamento de estatais, teriam que ser adotadas medidas que haviam sido propostas pelo governo federal no projeto de renegociação das dívidas dos estados com a União enviado ao Congresso Nacional, mas que acabaram retiradas do texto aprovado pelos parlamentares, em 20 de dezembro passado. Entre as exigências derrubadas, estava, por exemplo, o aumento da contribuição previdenciária dos servidores de 11% para 14%.

ALERJ TEM QUE APROVAR PLANO EM ATÉ 120 DIAS

As contrapartidas terão que ser aprovadas pela Alerj num prazo de até 120 dias. No entanto, segundo integrantes do governo, quando o acordo for homologado pelo STF, a suspensão dos pagamentos das dívidas pelo estado já poderá entrar em vigor.

— Existe uma postura de cooperação. Estão sendo negociadas medidas como cortes de despesas e redução do número de estatais. O acordo tem que dar uma solução para o estado, a fim de resolver o problema por tempo suficiente para a economia se recuperar — disse um integrante da equipe econômica.

Nesta terça-feira, o procurador-geral do estado, Leonardo Espíndola, se reuniu com a equipe do Tesouro Nacional para acertar os termos do acordo. Pezão embarcou para Brasília em seguida, para acertar os últimos detalhes com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

Pezão está preocupado porque a redução da jornada de trabalho e dos salários ainda não foi julgada pelo STF. Uma liminar, concedida em ação direta de inconstitucionalidade, suspendeu o artigo da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) que autoriza essas duas medidas, no caso de o governo gastar com pessoal acima do limite permitido. A ministra Cármen Lúcia já teria se comprometido a incluir o tema na pauta do plenário assim que terminar o recesso forense, em fevereiro. Se o Supremo aprovar as medidas, seria uma forma de garantir a legalidade desse ponto do acordo.

A decisão de buscar a homologação pelo STF é inédita. Qualquer medida prevendo mudanças na forma de pagamento das dívidas de estados com a União requer uma alteração da Lei de Responsabilidade Fiscal — portanto, precisa necessariamente passar pelo Congresso. No entanto, técnicos do governo avaliam que o quadro é urgente e que não se pode esperar tanto tempo. Eles afirmam que cabe ao Supremo decidir se há base jurídica para o acordo.
Pezão já manifestou a assessores próximos preocupação com o fato de várias propostas que devem constar do plano esbarrarem na LRF. Mas uma chancela da presidente do STF evitaria que o acordo fosse alvo de questionamentos jurídicos e evitaria novos conflitos. Esse tipo de aval não é comum, nem está previsto no ordenamento jurídico. Segundo interlocutores do governador, a inovação será necessária por causa do momento de crise financeira aguda. Cármen Lúcia concorda.

Para os demais estados em crise, como Rio Grande do Sul e Minas Gerais, o caminho aberto por um acordo com o Rio também seria favorável, avaliam técnicos do governo.

Nos primeiros dias do ano, a ministra concedeu duas liminares para evitar o bloqueio de R$ 374 milhões das contas do Rio. Os recursos seriam confiscados pela União para garantir o cumprimento de contrapartidas previstas em acordos com o estado. Na segunda-feira, a ministra concedeu liminar para paralisar o andamento do processo sobre o bloqueio dos recursos, mas manteve a validade das liminares. Com a paralisação do processo, o STF fica impedido de tomar novas decisões no caso. A decisão serve como um recado de que o Supremo vai aguardar um acordo entre estado e União, para não aumentar ainda mais o conflito.

CONTRAPARTIDAS RETIRADAS DE PROJETO

No fim do ano passado, o Congresso aprovou um projeto que previa a renegociação das dívidas de estados com a União e que trazia um programa de recuperação fiscal para aqueles em pior situação. A ideia era que eles ficassem três anos sem pagar suas dívidas com o governo federal, em troca de duras contrapartidas, como cortes de gastos com pessoal e a criação de um programa de desestatização. Os parlamentares, no entanto, retiraram as contrapartidas exigidas, o que levou o presidente Michel Temer a vetar essa parte do texto. Um novo projeto será enviado ao Legislativo.

Nesta terça-feira, a presidente do Supremo Tribunal Federal negou uma liminar ao governo de Minas Gerais para impedir o bloqueio de R$ 1,5 bilhão das contas do estado. Com a decisão, o Banco do Brasil poderá obter o dinheiro para recompor o fundo de reserva dos depósitos judiciais, que o governo teria gasto além do permitido. Embora a administração de Fernando Pimentel (PT) tenha decretado a calamidade financeira, Cármen Lúcia não se sensibilizou com a situação.

Em outubro de 2015, o STF suspendeu uma lei estadual que permitia a transferência de depósitos judiciais para o governo. Para o Supremo, há incompatibilidade com a norma federal que prevê o uso de depósitos apenas das ações nas quais o estado seja parte. Esse uso estaria limitado a 70% do valor total, com a necessidade de deixar 30% como saldo de reserva.

Em dezembro, o Banco do Brasil notificou o governo mineiro sobre a insuficiência de saldo no fundo de reserva, solicitando sua recomposição. O dinheiro seria necessário para garantir o pagamento dos valores dos resgates de depósitos judiciais relativos às decisões da Justiça de Minas Gerais referentes aos recursos já repassados. O governo mineiro alegou que o banco fez um “artifício contábil” para calcular a dívida do estado com o fundo.
Na decisão, a presidente do STF explicou que as informações prestadas pelo Banco do Brasil e pelo governo de Minas Gerais eram divergentes. Enquanto a instituição afirmou que não tem saldo suficiente no fundo de reserva dos depósitos judiciais, o estado insiste que o dinheiro está disponível. Seria necessário apurar melhor o caso.

ESTADO RESISTE A VENDER CEDAE

O governador Pezão sempre disse ser contra a venda ou a concessão da Cedae. No ano passado, no entanto, o estado acenou com um projeto para entregar à iniciativa privada o serviço de esgoto de 11 dos 64 municípios atendidos pela empresa. Hoje a Cedae executa um programa de ampliação e melhora no abastecimento de água da Região Metropolitana, com crédito contratado de R$ 3,4 bilhões junto à Caixa Econômica Federal, o que permitiria dobrar a receita em cinco anos. Esse é um dos motivos pelos quais o governo não abre mão de manter a distribuição de água sob controle da estatal. Mais de 80% do faturamento da Cedae vem da cidade do Rio.

Correios têm novo prejuízo de R$ 2 bi e recebem aval para PDV

Publicado em: 06/01/2017

Vivendo a mais grave crise financeira de sua história, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) fechou o ano passado com prejuízo em torno de R$ 2 bilhões. O rombo é praticamente igual ao de 2015, mas a cúpula da estatal aposta em algumas medidas para reverter esse cenário. O balanço oficial ainda não foi divulgado.
“A meta é déficit zero neste ano. Quem sabe ficamos levemente no azul”, diz o presidente Guilherme Campos.

Na quinta-feira passada, os Correios obtiveram a última autorização necessária – do Ministério do Planejamento – para a abertura de um programa de demissões voluntárias. O quadro de pessoal chega a 117 mil funcionários e cálculos da empresa apontam que até 14 mil se enquadram nos critérios exigidos pelo plano. A meta é ter de 6 mil a 8 mil adesões, com economia anual entre R$ 850 milhões e R$ 1 bilhão.

Anunciado em novembro, o PDV deve ser aberto oficialmente no dia 9 ou no dia 16. O público-alvo são empregados com mais de 55 anos, com tempo de serviço para requerer aposentadoria. Quem aderir ao programa receberá por dez anos um valor calculado com base na média salarial dos últimos cinco anos e no tempo de serviço.
Além disso, outro reforço no caixa virá de um provável recomposição das tarifas postais em fevereiro ou março. Campos afirma que há uma necessidade de reajuste de 5,83% por causa do represamento das tarifas em anos anteriores, quando sequer houve repasse integral da inflação.

No fim de novembro, os Correios tentaram licitar a rede do Banco Postal, mas não receberam nenhuma proposta. Para não interromper a prestação do serviço, foi firmado um contrato temporário com o Banco do Brasil. O BB, cujo contrato com a ECT para o Banco Postal tinha acabado, poderá ficar até mais três anos à frente da rede. Para isso, pagará R$ 5 milhões por mês, além de um adicional por faturamento. A estimativa da instituição é que o desembolso mensal seja de R$ 24 milhões. Trata-se de um valor bastante inferior ao desejado pelos Correios na licitação. A ECT esperava receber R$ 1,2 bilhão por um contrato de dez anos, mais uma tarifa por transação e bônus de performance por agência.

Campos esteve hoje com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, a quem disse ter feito um relato das últimas ações para recuperar financeiramente a empresa. O executivo também afirmou ter parabenizado Meirelles pelas medidas que tentam baixar as taxas de juros pelo crédito rotativo dos cartões – uma bandeira que Campos, ex-deputado federal pelo PSD de São Paulo, defendia vigorosamente na Câmara.

Fonte: G1