Secretária de sindicato busca sensibilizar autoridades para BB reabrir agências

Publicado em: 11/07/2018

Cidades como São Felipe, Ipirá, Correntina, Jeremoabo e Amélia Rodrigues têm algo em comum. As agências do Banco do Brasil (BB) – explodidas por quadrilhas de roubo a banco – deixaram de trabalhar com dinheiro. O fato gera caos e empobrece o município, como afirmou ao Bahia Notícias a secretária-geral do Sindicato dos Bancários da Bahia, Jussara Barbosa. “Não tendo dinheiro circulando, a cidade entra em declínio. Se eu saio de minha cidade para sacar dinheiro em outra, eu aproveito e passo no mercado, na farmácia, na lojinha e compro mercadoria nessa outra cidade”, argumenta. Segundo ela, mesmo com os lucros sempre crescentes dos bancos, em particular do Banco do Brasil, não há uma preocupação em reabrir as agências. Para ela, só uma mobilização geral dos moradores, o que inclui a classe política, pode fazer com que os estabelecimentos voltem a funcionar normalmente. “A população tem que acionar todo mundo. Mexer com a prefeitura, com a Câmara de Vereadores, deputados estaduais e, principalmente, os deputados federais, que estão em Brasília”, disse.

Confira abaixo a íntegra da entrevista:

O que o Banco do Brasil diz em relação à volta dos serviços para as cidades onde agências foram atacadas explodidas?
Desde julho do ano passado, o Banco do Brasil diz o seguinte: quando há um sinistro, ou seja, uma explosão, o banco, através de um grupo de técnicos em Brasília, uma equipe que engloba a parte de segurança, dá um prazo de 60 a 90 dias para dizer como vai atuar naquela unidade. Se vai reformar a agência, se vai voltar a trabalhar normalmente, se vai atuar sem uso de dinheiro, ou se a agência vai ser fechada. A questão de São Felipe [no Recôncavo] mesmo, o banco exigia assim: “qual a segurança que vamos ter para reabrir a agência? O que a cidade tem feito em termos de segurança?”.

Mas não seria o Estado que deveria responder pela segurança? As polícias são do Estado.
Os municípios também devem responder. Só que os municípios são contingenciados, tem menos verba. Tem algumas cidades que o Batalhão da Polícia tem quatro, cinco policiais. E aí o banco fala: “eu vou abrir agência para ser explodida?”.

Os bancos não deveriam investir também na segurança das próprias agências?
Os bancos investem, mas, infelizmente, apenas em segurança tecnológica. Eles investem em tecnologia para que o hacker não entre em sua conta. Porque aí, o prejuízo é do próprio banco. Mas em termos de segurança física, não. Se espera que os municípios, e o Estado, façam essa parte.

E os grandes lucros dos bancos, não serviriam para a segurança das próprias agências?
Com certeza. Um exemplo é que existem maquinários, terminais de autoatendimento, que quando ocorre a explosão, automaticamente o dinheiro é incinerado. Isso seria um excelente investimento. Porque o ladrão iria se arriscar mais para fazer isso.

Isso é aplicado aqui na Bahia?
Muito pouco. Existe em poucas máquinas que mancham o dinheiro quando ocorre a explosão. A máquina joga uma tinta e o dinheiro fica todo manchado. Mas os meliantes já arranjaram uma forma de solvente que tira a tinta das cédulas. No entanto, já há maquinário que quando explode dispara um gás muito forte, como uma neblina muito densa, capaz de não se enxergar nada a um palmo do nariz. Isso ajuda, mas esse gás se dissipa com o tempo. Então, só poderia ser usado se a gente tivesse um contingente policial capaz de chegar a tempo de abordar esses criminosos.

Qual o lucro do Banco do Brasil nestes últimos meses?
O lucro sempre aumenta. O Banco do Brasil teve lucro de R$ 2,75 bilhões no primeiro trimestre deste ano, uma alta de 12,5%, resultado do aumento das receitas [o que entra no banco] com tarifas e redução das despesas de provisão. Uma alta lucratividade, mas que na verdade não foi tão alta assim. Porque o banco dispensou, aposentou, um número muito grande de funcionários. A folha salarial desonerou também o banco. Houve uma diminuição de cargos, de função, de pessoal, e cada vez mais tem menos gente nas agências do Banco do Brasil. É uma tristeza ver o Banco do Brasil dessa forma, em uma diminuição brutal de funcionários e o banco ainda diz que nos próximos anos a meta é reduzir pela metade os funcionários.

Como fica a questão das cidades que estão sem serviços bancários após as explosões?
A gente vai até a direção do banco, conversa, e eles dizem, muitas vezes, que a instrução é não reabrir a agência. Eles consideram fazer a agência funcionar, mas sem dinheiro, o que significa que a agência estará ali para fazer negócio, empréstimo, seguro. A questão é que não tendo dinheiro circulando, a cidade entra em declínio. Se eu saio de minha cidade para sacar dinheiro em outra cidade, eu aproveito e passo no mercado, na farmácia, na lojinha e compro mercadoria. Além disso, eu me arrisco nas estradas. Tem também o risco de ser assaltado, porque os assaltantes ficam de olho em quem se desloca para sacar dinheiro.

Há exemplos de cidades que estão se movimentando para retomar os serviços bancários?
Em São Felipe se fez todo o protocolo que o banco pediu. A cidade aumentou o número de policiais, aumentou as rondas, a cidade está com mais vigilância, câmeras foram instaladas pela cidade, mas o banco ainda não voltou a trabalhar com numerário [dinheiro]. A cidade está bem organizada. Conseguiram apoio de vereadores, comerciários, representantes do comércio, representante da zona rural, igreja. Estiveram aqui na superintendência do Banco do Brasil, em Salvador, e mostraram disposição de ir até Brasília. É uma cidade que está extremamente organizada para a reabertura da agência.

Os moradores de São Felipe estão sem agência deste quando?
Na verdade, ocorreram duas explosões lá, a última em 2016. De lá para cá, a agência só trabalha com negócios, sem serviços com dinheiro. Só o Bradesco da cidade funciona. Mas isso, volto a dizer, traz muito prejuízo. Porque precisa circular dinheiro para ir na banquinha comprar tomate. Precisa de dinheiro para comprar uma água mineral. Ah, mas tem gente que diz: “e não pode comprar com o cartão de débito?”. Mas o agricultor na feirinha vai vender como? Ele, muitas vezes, não tem máquina de cartão.

Os ataques a banco na Bahia são diferentes do que ocorre em outros estados?
Olha, esse tipo de assalto, com explosões, de destruição das agências, é um modo próprio da Bahia. Outro dia teve um caso em Mato Grosso do Sul com características muita parecidas com o que se vê aqui, e quando se descobriu, os assaltantes eram baianos. E na Bahia, o Banco do Brasil é o mais prejudicado. Tem agência desde o sul ao norte do estado. É o que é mais presente no interior.

Por ainda ter a União como principal acionista, o Banco do Brasil não tem uma função social de servir à população, mas até do que obter lucro?
Olha, a União tem um pouco mais de ação em relação aos outros acionistas. Mas está quase meio a meio. Pouco mais de 50,1% é da União e 49,9% é privado. Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco do Nordeste antes eram bancos públicos com missão social, agora são bancos de economia mista com visão social. Está cada dia mais saindo do social, se eximindo dessa responsabilidade de atender o mais carente, de puxar a taxa de juros mais para baixo. O governo que nós estamos vivendo tem uma visão de privatização. Para ele, tudo que é público deve ser privatizado. O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, mesmo, subiram vertiginosamente as taxas de juros, equiparando às taxas cobradas pelo Bradesco e pelo Itaú.

Na sua visão o que deve ser feito pelas cidades que estão afetadas pela falta dos bancos?
Primeiro, tem que haver uma mobilização da sociedade. O banco tem um programa de gestão de segurança que é disponibilizado para conhecimento da comunidade. Mas a população tem que acionar a rede política. Mexer com a prefeitura, com a Câmara de Vereadores, deputados estaduais e, principalmente, os deputados federais, que estão em Brasília. Tem que mobilizar também comerciantes, agricultores, ou seja, todo mundo, para que, falando no mesmo idioma, se cobre a abertura dessas agências. As pessoas precisam mostrar o quanto de prejuízo essas cidades estão tendo. Elas podem vir até a superintendência do Banco do Brasil aqui em Salvador e conversar. Não somos nós que vamos decidir pela reabertura, mas podemos fazer a ponte entre a sociedade civil e a direção do banco.

Fonte: Bahia Notícias

Prefeitos pernambucanos pedem reabertura de agências do BB

Publicado em: 09/11/2017

Treze prefeitos de municípios do Interior de Pernambuco cobraram, na segunda-feira (6), da superintendência regional do Banco do Brasil (BB) a reabertura de agências destruídas em ações criminosas nos últimos meses. Pelo menos 17 cidades estão sem atendimento bancário na Zona da Mata, no Agreste e no Sertão. Segundo os gestores, a instituição teria anunciado que, em alguns municípios, não recuperará as agências, que serão desativadas em definitivo. Os prefeitos avaliam a possibilidade de entrar na Justiça para garantir que o serviço não seja extinto em suas regiões.

A reunião com um representante da superintendência do banco, no prédio do BB situado na avenida Rio Branco, no Bairro do Recife, foi a primeira de três reuniões agendadas pela Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) para tratar sobre o assunto ao longo do dia. Depois de expor as dificuldades que a população e a economia estão enfrentando à diretoria do banco, o grupo ainda seguiu para a sede do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e foi recebido pelo procurador-geral de Justiça, Francisco Dirceu. Depois, os gestores também pediram apoio do defensor público-geral, Manoel Jerônimo, em reunião realizada no prédio da Defensoria Pública de Pernambuco.

Foram definidos dois encaminhamentos. O primeiro diz respeito a uma tentativa de diálogo com a diretoria do BB em Brasília, em data ainda não definida. O encontro deve ter a participação da Amupe e de um representante do MPPE. Se não houver acordo, as prefeituras pretendem entrar com uma ação judicial conjunta e com ações individuais para pedir que o banco seja obrigado a reabrir as agências. A intenção ganhou força depois de uma liminar favorável ao município de Inajá, no Sertão, ter determinado que a agência local do BB voltasse a funcionar, sob pena de multa diária de R$ 50 mil, em caso de descumprimento. A decisão, impetrada por um defensor público, foi concedida na semana passada.

“O banco é de fomento, um braço do desenvolvimento, e esse braço não pode ser quebrado. Não podemos cuidar da produção, da caprinovinocultura, sem financiamento, e se o banco está longe, fica difícil. Se há agências superavitárias nas capitais e grandes centros econômicos, essas devem cobrir possíveis prejuízos financeiros [da manutenção de agências no Interior]. É preciso equacionar isso”, afirmou o presidente da Amupe e prefeito de Afogados da Ingazeira, José Patriota.

A demora para reabrir agências destruídas por criminosos tem levado populações vulneráveis a viajar dezenas de quilômetros em busca de atendimento. Em alguns casos, clientes chegam às 2h e formam filas para esperar o início do expediente bancário, às 10h, segundo os prefeitos. “Pessoas se dirigem a outras cidades para tirar a aposentadoria, para sacar salário, e se expõem a assaltos e acidentes. Já houve alguns, inclusive”, relatou o prefeito de Flores, Marconi Santana. “Nosso município é pobre, pequeno. A folha de servidores, o comércio, tudo dependia do banco. Agora, nossa economia está parada”, completou o prefeito de Poção, Emerson Vasconcelos.

O BB foi procurado pela reportagem, mas, até a publicação deste texto, não se pronunciou sobre o assunto.

Fonte: Folha de Pernambuco

BB vai reabrir 18 agências no Rio Grande do Norte até 2018

Publicado em: 06/09/2017

O Banco do Brasil apresentou ao Procon do Rio Grande do Norte um calendário com as datas previstas para reabertura de 15 agências bancárias no interior do estado. Segundo o órgão, elas tinham sido fechadas ao longo dos últimos anos, principalmente por terem sofrido explosões e outros tipos de ataques de quadrilhas criminosas.

Em maio, o Procon abriu procedimento para apurar perdas para a economia dos municípios e dificuldades enfrentadas pelos consumidores para terem acesso aos serviços bancários. De acordo com o diretor-geral do órgão, Cyrus Benavides, as agências tinham sido vítima de ataques, porém meses depois continuavam fechadas. Na ocasião, o banco havia informado que realizaria um estudo para saber quais unidades seriam reabertas.
“Temos casos como a agência de São Paulo do Potengi, que atendia outras 9 cidades ao redor. Depois que foi fechada, as pessoas tinham que ir para Macaíba. É uma situação que causa gastos e perigo para o consumidor, além de uma interrupção na movimentação econômica daquela região”, considerou Benavides.

De acordo com o banco, das 15 agências, pelo menos duas já foram reabertas. É o caso do Banco do Brasil de Touros e de Baraúna. Esta segunda, porém, só estará em pleno funcionamento a partir da próxima segunda-feira, 4 de setembro. Na lista, há unidades que só serão reabertas em novembro de 2018.

Com a apresentação do calendário, o procedimento aberto do Procon ficará suspenso. De acordo com a coordenação do órgão, as datas serão acompanhadas e, caso sejam descumpridas, a fiscalização poderá realizar autos de constatação, com possível penalidade de multa.

Para Benavides, o Procon entende que o banco também foi vítima da violência e a simples aplicação de multa contra a empresa não resolveria o problema. Porém a população não pode ser prejudicada e por isso, foi buscada uma solução conjunta. De acordo com ele, as agências participarão de conselho com órgãos municipais para melhorar a segurança.

Veja abaixo, o nome das cidades e o prazo para abertura das agências. Veja ainda as matérias sobre as explosões e ataques às agências nos municípios.

Aberturas em 2017
01 – Touros – Aberta
02 – Baraúna – Aberta, com pleno funcionamento em 04/09
03 – São Paulo do Potengi – 20/09
04 – Umarizal – 30/09
05 – São Miguel – 31/10
06 – Acari – 01/11
07 – Florânia – 13/11
08 – Santana do Matos – 06/12
09 – Lajes – 30/12

Aberturas em 2018
10 – Gov. Dix-Sept Rosado – 10/01/2018
11 – Caraúbas – 16/01/2018
12 – João Câmara – 30/03/2018
13 – Monte Alegre – 30/03/2018
14 – São José de Campestre – 30/11/2018
15 – Tibau do Sul – 30/11/2018

Fonte: G1