Em 2 anos, governo aprovou 22 PDVs como o proposto por Brandão no BB

Publicado em: 21/01/2021

O governo Bolsonaro aprovou a realização de 22 planos de demissão voluntária (PDVs) nos últimos dois anos em estatais como Banco do Brasil, Caixa e Eletrobras. Apenas em 2019, 12,2 mil empregados aderiram. O governo não fechou os dados de 2020, mas se todos os funcionários tivessem aceitado as condições propostas pelas empresas, outros 35 mil teriam deixado as estatais no ano passado.

Os números mostram que planos de demissão voluntária em estatais são comuns no governo, o que não justificaria a crise envolvendo o presidente do Banco do Brasil (BB), André Brandão, sob ataque. Na segunda-feira, 11, a instituição financeira anunciou planos de fechamento de 112 agências e de desligamento de 5 mil empregados ao longo do primeiro semestre deste ano.

De acordo com dados da Secretaria de Coordenação e Governança de Estatais (Sest) do Ministério da Economia, em 2019, foram aprovados PDVs em estatais como BB e a subsidiária BB Tecnologia e Serviços, Caixa, Banco da Amazônia, Casa da Moeda, Correios, Dataprev, Companhia Docas do Rio de Janeiro, Companhia Docas do Estado de São Paulo, Eletrobras, Embrapa, Infraero, Serpro e Valec.

No ano passado, a Sest aprovou planos de demissão voluntária no BNDES, Banco do Nordeste, Caixa, Correios, Dataprev, Finep e Serpro. O balanço de adesões ainda não foi fechado.

A aprovação de Planos de Demissão Voluntária (PDV) por estatais é uma atribuição da Sest – exceto a Petrobras, que tem autonomia de decisão.

Além do BB, a Petrobrás também abriu plano de demissões voluntárias e aceitará adesões até o fim deste mês. Já a Eletrobras pretende abrir um PDV até o fim deste ano e tem meta de adesão de cerca de 800 funcionários. Na Caixa, 2,3 mil empregados haviam aceitado a proposta de adesão ao PDV até 20 de novembro. O plano foi reaberto em dezembro, e há informações de que ele será novamente aberto neste ano.

Em audiência pública na Câmara realizada no ano passado, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse que a companhia deve reduzir seu quadro de empregados para 34 mil até 2022 – hoje, são 44,3 mil, segundo o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros, Deyvid Bacelar.

Desde o início de 2019 até setembro de 2020, 4,5 mil empregados deixaram a empresa, disse Bacelar. Segundo ele, empregados mais velhos relatam pressão para aceitar mudar de cidade – 12 mil trabalhadores têm mais de 50 anos. “Essa é uma situação que nos preocupa muito, principalmente devido à segurança das unidades e risco de acidentes”, afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: O Liberal

 

Bancos utilizam PDVs para justificar demissão em massa

Publicado em: 15/08/2019

No primeiro semestre de 2019, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), os bancos fecharam 2.057 postos de trabalho no país. De 2013 até agora, houve redução de 62,7 mil postos para a categoria, sendo que 43,4 mil postos foram fechados a partir de 2016.

Dados da Pesquisa de Emprego Bancário, elaborada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostram que, neste período, raras vezes o saldo de postos de trabalho foi positivo.

“A categoria está encolhendo na mesma proporção do aumento dos investimentos em tecnologia feito pelos bancos, assim como da alta dos lucros”, observou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira.

Para a Contraf-CUT, os Planos de Demissões Voluntárias (PDVs) levam a uma drástica redução de postos de trabalho e são demissões em massa disfarçadas. Nos bancos públicos, são resultado de uma política dos governos Temer e Bolsonaro que, na verdade, quer enfraquecer essas instituições e prepará-las para a privatização.

No final de 2016, 9.409 funcionários aderiram ao plano de demissão voluntária do Banco do Brasil. No último trimestre daquele ano, o banco fechou 8.537 vagas e jogou o saldo do emprego bancário, em dezembro daquele ano, para quase 10 mil postos a menos, o pior resultado mensal já registrado para um mês desde o início da Pesquisa de Emprego Bancário, em 2010.

Na CAIXA, por conta dos Programas de Preparação para a Aposentadoria (PPA) e dos Programas de Desligamentos Voluntários (PDV), de 2015 a 2018, o banco fechou 14.369 postos de trabalho. Em março de 2017, o banco fechou 3.039 postos de trabalho. Em agosto do mesmo ano, foram fechadas 2.302 vagas.

Mas não são apenas os bancos públicos que se utilizam dos PDVs para fechar postos de trabalho. Em julho de 2017, o Bradesco lançou um PDV, que se encerrou em setembro daquele ano. O saldo foi o fechamento de 7.400 postos de trabalho no banco.

Novos PDVs

No final de julho de 2019, no mesmo dia em que anunciou um lucro líquido de R$ 13,9 bilhões no primeiro semestre de 2019, o Itaú lançou um PDV, com a meta de adesão de 6.900 bancários. Sem contar que, nos últimos 12 meses, o banco já fechou 983 postos de trabalho.

O banco, no seu relatório do segundo trimestre informou que, “no Brasil, a redução anual do quadro de colaboradores está relacionada ao encerramento de agências físicas”. Em doze meses, foram fechadas 199 agências físicas, sendo 195 no 2º trimestre de 2019 e abertas 36 agências digitais (apenas uma aberta no trimestre).

Já a CAIXA prepara mais um PDV. O banco chegou a lançar o plano, depois cancelou e, em seguida, apenas adiou seu lançamento. Quando o plano foi lançado, o objetivo era reduzir até 3,5 mil empregados que trabalham na matriz e em escritórios regionais do banco.

O Banco do Brasil também estuda um plano de demissões. Em reunião realizada com funcionários no dia 29 de julho, o banco anunciou que serão extintos 2,3 mil postos de trabalho (dotações), em comissão ou não. Para aderir, o bancário deve estar em uma unidade e praça considerada com excesso.

Os sindicatos e a Contraf-CUT não interferem na adesão aos planos de demissão, apenas instruindo os trabalhadores. Isso porque é preciso, antes de decidir, perceber o que é mais vantajoso e levar em conta a dificuldade de conseguir um novo emprego no momento de crise do país.

Sobrecarga

Outro ponto a se destacar é que, com a redução do pessoal, aumenta a sobrecarga de trabalho, a pressão pelo cumprimento de metas e, consequentemente, o adoecimento entre aqueles que continuam nos bancos.

Fonte: Sindicato dos Bancários de BH e Região com Contraf-CUT e Dieese