Entenda a investigação sobre o papel do BB na escravidão no século 19

Publicado em: 06/10/2023

Após um trabalho que envolveu 14 historiadores de 11 universidades, o Banco do Brasil foi notificado de uma ação inédita do Ministério Público Federal sobre a abertura de um inquérito para investigar o envolvimento da instituição no mercado escravagista no século 19.

“A gente espera que essa ação, que essas pesquisas, que a utilização dessas pesquisas para embasar a ação, elas sirvam, de fato, para fomentar esse debate e que não silencie essa história mais”, disse Clemente Penna, da Universidade Federal de Santa Catarina e da Fapesc, Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina.

Clemente, um dos historiadores envolvidos no trabalho, falou em entrevista ao podcast O Assunto desta segunda-feira (2). “A gente não pensa em sistema financeiro e escravidão, isso é uma discussão que é até relativamente recente […] e é um processo de silenciamento que quase produz uma inércia.”

Banco responderá sobre traficantes de escravizados

A existência da ação foi revelada com exclusividade por reportagem da BBC News Brasil na semana passada. Agora, o banco precisa responder se reconhece a ligação com traficantes de escravizados, se financiou esses traficantes e o que pretende fazer daqui em diante sobre o tema.

“O que a gente tenta na ideia da responsabilização é um pouco também que as instituições reconheçam que existe um peso muito forte da escravidão no estabelecimento de todas essas instituições”, complementa Clemente.

Clemente também explica que o sistema financeiro brasileiro se sustentou no século 19, em grande parte, por meio de ativos vindos do mercado de escravizados, e que o chamado “segundo Banco do Brasil”, criado na década de 1850, “surgiu para alocar dinheiro antes investido no tráfico [de escravos] de volta para o mercado”.

“A gente sabe que o sistema financeiro inteiro daquele período era ligado aos negócios da escravidão e o banco ele entra praticamente lavando esse dinheiro, com uma operação de quase lavagem de dinheiro do tráfico ilegal na instituição do próprio banco.”

O que pode acontecer agora?

O podcast também ouviu Leandro Machado, repórter que primeiro revelou a ação do MPF, que explicou que uma reunião entre o órgão e a presidência do banco deve acontecer ainda em outubro com participação do governo para discutir medidas de reparação e também o reconhecimento dessa história.

“A partir daí, o que o Ministério Público Federal diz é que como é um inquérito civil público, isso pode terminar em uma ação judicial, caso o banco se recuse a dar uma resposta, ou pode terminar em uma espécie de acordo, que seria o banco reconhecer sua participação no período e tomar medidas de reparação como o financiamento de pesquisas ou outros tipos de política para a comunidade negra.”

Fonte: G1

Caixa e BB barram saques de recursos públicos em espécie

Publicado em: 09/12/2016


Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil assinaram ontem (6) um termo de ajustamento de conduta junto ao Ministério Público Federal para impedir os saques em espécie de recursos públicos federais.

O anúncio foi feito nesta manhã (7) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. “Os bancos tiveram a sensibilidade de entender que o saque em espécie torna inviável o rastreamento desse dinheiro depois”, disse após revelar a celebração do acordo.

A medida impede que qualquer pessoa, como representantes de prefeituras, por exemplo, saque recursos que tiveram origem em contas públicas federais na boca do caixa, em espécie.

“Todas as operações a partir de agora terão que ser rastreáveis, independentemente do valor”, explicou a subprocuradora-geral da República, Mônica Nicida Garcia.

O objetivo do acordo é contribuir nas investigações de desvios de recursos públicos, ao garantir que o dinheiro tenha a todo momento instrumentos que permitam seu rastreamento.

Fonte: http://exame.abril.com.br/economia/caixa-e-bb-barram-saques-em-especie-de-recursos-publicos/