Juros de BB e CEF estão entre os mais altos do país

Publicado em: 05/04/2018

Com a concentração bancária iniciada no governo FHC e acentuada nos governos do PT, o controle do mercado de crédito no país é de cinco grandes bancos. Pouca diferença faz para o consumidor ou empresário entrar numa porta giratória de um banco público federal ou privado. A sensação de agiotagem oficial é a mesma. Com a inflação estimada pelo Banco Central para este ano em 3,5% e os juros básicos da taxa Selic (piso da captação dos bancos) em 6,5% e que deve cair a 6,25% em maio, o sistema bancário (público e privado) segue ignorando a angústia das famílias endividadas e as atribulações dos pequenos, médios e grandes empresários para equilibrar as contas em meio a juros abusivos.

O BC ficou sempre atrás da queda da inflação ao baixar os juros básicos e ainda foi passivo, esperando que os bancos reduzissem os juros (e os lucros). Vamos ver se, com a redução de 37,5% nos compulsórios dos bancos, consegue um choque de liquidez no mercado, reanima a economia e evita nova onda de desemprego.

No passado, governos tentaram induzir os bancos públicos a forçar, via competição, a queda dos juros nos empréstimos. Sem sucesso. No mercado de crédito imobiliário, onde conta com o dinheiro fácil do FGTS – sem prestar conta com a transparência devida aos trabalhadores, o que fez alguns ex-dirigentes serem afastados sob suspeita de má aplicação e fraudes no uso dos FI-FGTS – a CEF ainda faz diferença. O mesmo acontece com o Banco do Brasil no crédito rural, onde tem a maior fatia.

No dia a dia, é quase tudo igual. No competitivo mercado de financiamento a veículos, a CEF está em último lugar entre os grandes bancos, com juros mensais de 2,03% ou 27,38% ao ano. O BB é o antepenúltimo entre os cinco do oligopólio (1,76% ao mês e 23,25% ao ano, praticamente as mesmas taxas do Itaú Unibanco BM (1,76% ao mês e 23,26% ao ano). Perde para o espanhol Santander (1,69% ao mês e 22,31% ao ano), ou ainda para a Itaúcard (1, 55% ao mês e 20,26% ao ano) e também para o Safra (1,57% ao mês e 20,06% ao ano), para a Bradesco Financeira (1,54% ao mês e 20,06% ao ano) e para o Banco Bradesco (1,45% ao mês e 18,82% ao ano), a taxa mais acessível, segundo levantamento do BC entre 9 e 15 de março. O cliente deve prestar atenção, porém, no percentual financiado. Como o carro fica 100% em garantia, um financiamento de 70% ou 80% do valor faz muita diferença.

A competição está sendo bem explorada pelos bancos oficiais e,o cliente tem vantagem, se tiver uma bom relacionamento (conta salário no BB ou na CEF, ou aplicações fna caderneta de poupança) é no crédito pessoal não consignado. A menor taxa, segundo o BC, entre os grandes bancos, é da Bradescard, que opera os cartões Bradesco, com 2,32% ao mês e 31,70% ao mês. O BB, tem a segunda melhor taxa entre os grandes (63,83% ao ano). A CEF vem a seguir (ver tabela), com 74,74% ao ano Santandar e Itaú Unibanco BM, disputam os cliente na casa decimal, respectivamente, 76,20% e 77% ao ano. A maior taxa dos grandes é do Bradesco: 91% ao ano. Mas ainda muito distante dos escandalosos 707,77% ao ano cobrados pela Crefisa. Aquela que “dá crédito mesmo a negativados”. Ou seja, dá corda com laço a quem está enforcado.

Fonte: Jornal do Brasil

Bancos ganham mais com juros altos? Balanços de 2017 mostram que não

Publicado em: 22/03/2018

Juros altos só servem para os “bancões” aumentarem o próprio lucro, prega o senso comum. Economicamente falando, até faz sentido. Se os juros estão lá em cima, muitos investimentos financeiros trarão um bom retorno, até mais garantido do que pensar em criar um negócio. Ganhando dinheiro fácil, os bancos acabam emprestando mais – e a taxas mais altas. Mas, por incrível que pareça, os bancos também ganham com juros baixos. A Selic, a taxa básica de juros do Brasil, vem caindo gradativamente desde 2016, chegando ao nível mais baixo da história no início deste ano. E o lucro dos bancos em 2017, vejam só, aumentou – e bastante.

Os quatro maiores bancos de capital aberto do país – Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander Brasil – lucraram R$ 64,9 bilhões no ano passado, após sofrerem com os resultados de 2016. O resultado positivo veio justamente num ano em que a taxa Selic despencou e o país começou a recuperação econômica – o PIB de 2107 registrou crescimento de 1%, após dois anos negativos.

Juros em queda e lucro crescente se justificam por um motivo simples: nesse cenário, os bancos conseguem captar dinheiro mais barato. Mas a taxa de juro para concessão de crédito não reduz no mesmo ritmo que a Selic. E isso acaba deixando uma margem mais confortável para o “spread”, que é o quanto o banco ganha na operação.

Entre janeiro de 2016 e janeiro de 2018, a Selic saiu de 14,25% para a atual taxa de 6,75% – uma redução de 52,63%. No mesmo período, a taxa média de juros para pessoa física saiu de 39,58% ao ano para 32,34% ao ano, uma variação de 18,29%. Já o spread caiu ainda menos: 7,84% – saiu de 28,19% para 25,98% ao ano. Os números ajudam a entender porque o lucro cresceu, mesmo com os juros caindo.

O economista Maurício Godoi, da Saint Paul Escola de Negócios, pondera que é normal as taxas dos bancos caírem num ritmo mais lento que a Selic. Com os juros em alta, os bancos naturalmente captam mais dinheiro e acabam emprestando a taxas mais altas. “Eles ganham dinheiro porque as pessoas depositam mais facilmente. Eles não precisam correr atrás como fazem hoje”, explica.

Agora, com os juros em baixa, os bancos conseguem dinheiro mais barato. “O banco capta dinheiro no curto prazo, mas empresta no longo prazo, para 24, 36 e até 60 meses. Ainda tem muitas incertezas no período da concessão, principalmente a respeito de ambiente político”, pontua. E é esse cenário que acaba levando os bancos a manterem a precificação.

Godoi aponta cinco fatores que explicam porque não há redução das taxas de juros na concessão de crédito. O próprio crédito ainda não está fácil, o mercado de trabalho está em recuperação, a taxa de desemprego é alta, as pessoas demoram mais tempo para se recolocar no mercado e a atividade industrial ainda não retomou totalmente a sua capacidade de produção.

Para ele, questões como a reforma da Previdência, a inflação e até mesmo as medidas protecionistas que vêm sendo tomadas pelo presidente Donald Trump nos Estados Unidos colaboram para que os bancos mantenham os juros mais elevados. “Mesmo com a inadimplência dando sinais de redução, os bancos ainda não baixam a precificação”, completa.

Juros em queda
A Selic, taxa básica de juros, vem caindo num ritmo mais rápido do que os bancos repassam aos clientes. É mais barato captar dinheiro, mas o risco da concessão de crédito a longo prazo faz com que as taxas de juros cobradas dos clientes não caiam tanto. Captar dinheiro na baixa e manter uma taxa de juros conservadoras garantem aos bancos um ganho na operação, o spread, bem interessante. E isso ajuda a explicar porque muitos “bancões” viram seu lucro crescer em 2017, mesmo com a queda na Selic. Entenda:

Lucro dos bancos
Resultado dos quatro maiores bancos de capital aberto

Em R$ bilhões – valores do lucro recorrente

Sem título

Fonte: Gazeta do Povo