Bancos públicos na mira do governo e do mercado, o que significa menos crédito e investimento

Publicado em: 13/04/2017

São Paulo – Setor de fomento de políticas públicas, investimento e crédito, os bancos públicos entram no foco do governo Temer como alvo preferencial e parte de uma política de “desmonte” do Estado, avaliam participantes de seminário realizado hoje (10) pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Ao lado das multinacionais, os banqueiros e os chamados rentistas foram os principais financiadores do golpe, diz o economista João Sicsú, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apontando um projeto de transformação do Estado brasileiro “em balcão de negócios”, em ofensiva ao que ele chama de “rede de contenção de defesa” social, formado por legislação trabalhista, Previdência Social – e as instituições financeiras do setor público, responsáveis por 56% do crédito oferecido no país.

“Bancos públicos não servem só a seus donos, a seus acionistas. Também visam ao bem-estar social, vão além da busca de lucros. São facilitadores das políticas econômicas e sociais do governo”, diz Sicsú, um dos autores de uma cartilha sobre o tema, lançada durante o seminário, pelo Sindicato dos Bancários. A cartilha foi elaborada para defender o papel social do setor, diz a presidenta da entidade, Juvandia Moreira, reunindo argumentos “sobre verdades e mentiras que a mídia difunde por aí, visando justificar a privatização desses bancos”.

Segundo o presidente da CUT, Vagner Freitas, um banco público deve ajudar a financiar um projeto nacional de desenvolvimento. Nesse sentido, afirma, o país ainda não tem bancos públicos, mas instituições privadas e estatais, embora tenha havido algum avanço particularmente durante o governo Lula. “Tanto o Banco do Brasil como Caixa não conseguiram cumprir aquilo que a gente esperava deles. O BNDES não é mais banco de fomento”, acrescentou, também incluindo os bancos privados entre os principais apoiadores do impeachment de Dilma Rousseff . “Vocês acham que Bradesco, Itaú, Santander querem disputar só metade do mercado? Querem o mercado todo.”

De acordo com a cartilha, BB e Caixa já passam por uma “privatização disfarçada” e tendem, cada vez mais, a se assemelhar às instituições privadas. O documento enumera possíveis consequências negativas em relação ao financiamento estudantil, para a agricultura familiar e para a moradia. Coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos enfatizou esse aspecto, ao destacar a importância do banco público na busca de “uma economia soberana para que o Estado tenha ferramentas para segurar a ‘mão invisível’ do mercado”.

Estado e moradia popular
No caso da habitação, diz Boulos, os bancos públicos são a condições para a existência de uma política voltada para a moradia popular. Com base em dados do IBGE, ele diz que o déficit habitacional do país atinge 6,5 milhões de famílias ou 20 milhões de pessoas, sendo 84% com renda inferior a três salários mínimos. “Esse setor não passa nem na porta (do banco privado). A enorme maioria das pessoas que não têm casa não têm condições de obter esse crédito”, diz o líder do MTST. “Ou o Estado entra pesado ou não tem moradia popular neste país.”

Ele cita o exemplo do Minha Casa, Minha Vida, “programa com muitos limites, contradições e problemas”, mas com a qualidade do subsídio, que na faixa 1 chega a 95% do valor do imóvel. “É inconcebível um plano privado oferecendo um financiamento dessa natureza”, observa Boulos. Segundo o ativista, desde o impeachment o governo não ofereceu contratações justamente na faixa 1, o que só foi retomado depois de uma longa ocupação dos sem-teto diante do edifício da Presidência da República em São Paulo, na Avenida Paulista.

A presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, ressalta a importância do setor público para o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), que atingiu 2,2 milhões de estudantes em 2015, e manifestou preocupação com os rumos do serviço após o impeachment. “A influência dos rentistas e do capital financeiro sobre o governo é impressionante. Nem o governo FHC conseguiu tamanho desmonte.”

Professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Antonio Alves Júnior diz que o Brasil é um dos “campeões mundiais” de empréstimo bancário, destacando o setor público. Mas o país enfrenta, segundo ele, uma “ideologia predominante que desqualifica tudo aquilo que é estatal”.

O setor financeiro também se mostra cada vez mais concentrado: desde 1994, o número dos bancos privados passou de 219 para 144 e o de públicos, de 31 para 14. “De 70% a 80% dos depósitos e empréstimos estão hoje concentrados em cinco bancos (Itaú, Bradesco, Santander, Caixa e BB)”, afirma Alves Junior, que também participou da elaboração da cartilha.

Ele lembra, por exemplo, que o BNDES passa agora por um processo de adoção de taxas “de mercado” para seus empréstimos, o que vai no sentido de enfraquecimento da estrutura dos bancos públicos. Essa nova política vem sendo chamada, eufemisticamente, de “modernização da remuneração”.

 

Fonte: Rede Brasil Atual

Empresários consideram positiva queda da Selic e defendem mais reduções

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Empresários consideraram positiva a quinta redução consecutiva da taxa básica de juros (Selic) pelo Banco Central. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu nesta quarta-feira (12) a taxa em 1 ponto percentual, de 12,25% ao ano para 11,25% ao ano. As organizações, no entanto, defendem que os juros ainda são altos e há margem para maiores recuos.

Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a taxa de 11,25% ao ano ainda é alta diante da queda da inflação e da recessão persistente. A entidade avalia que o corte deveria ser mais ousado, tendo em vista que a estimativa é que a inflação fique abaixo do centro da meta (4,5%). A CNI avalia que o processo de queda dos juros depende dos avanços no ajuste fiscal e de uma “robusta” reforma da Previdência.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, avaliou positivamente o corte pelo Banco Central, mas avalia que há espaço para mais recuos da Selic. Ele apontou ainda que embora a taxa esteja caindo, os juros para o tomador final está aumentando. “O Brasil não pode mais esperar, precisamos retomar o crescimento econômico e gerar empregos. Para isso, a redução dos spreads bancários e o destravamento do crédito são fundamentais”, disse em nota.

A análise da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) é que a medida foi acertada e permite retomar o caminho para o crescimento econômico. A entidade acredita, no entanto, o movimento de corte de juros “poderia ter começado um pouco antes”, seguindo a lógica de inflação em queda e nível de atividade baixo, com alta de desemprego. “Essa estratégia, além de baratear mais rapidamente o custo da dívida do governo, auxilia o país a enfrentar os efeitos de uma situação recessiva sem precedentes”, apontou.

O superintendente institucional da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Marcel Solimeo, também avaliou a decisão como acertada. “Com a queda de preços já dentro da meta para o ano, é preciso reduzir rapidamente a diferença entre a Selic e a inflação. Mais do que isso, a decisão do BC é uma ação concreta para alavancar a retomada da economia e, principalmente, conter o desemprego”.

A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro considerou acertada a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. De acordo com a Firjan, é correta a aceleração da queda da taxa de juros, “na medida em que a inflação está em trajetória cadente e a atividade econômica ainda não mostrou sinais claros de recuperação”.

Para a entidade, a redução dos juros, apesar de crucial à retomada do crescimento, precisa ser acompanhada pelo reequilíbrio das contas públicas, até para que seja sustentável. Nesse sentido, a Firjan reforçou a importância da resolução da crise financeira dos estados e da aprovação da reforma da Previdência, que necessariamente deve incluir as previdências estaduais. “A reforma em discussão no Congresso deve abranger as previdências estaduais, cujo déficit superou R$ 100 bilhões no ano passado”, alertou a federação.

Sindicato

A Força Sindical disse em nota que espera novas reduções. “É preciso ousar e acelerar o corte da Selic porque o Brasil ainda mantém uma das taxas de juros mais altas do mundo, o que freia o emprego, a produção e o desenvolvimento, e somente incentiva a entrada de capital especulativo”, disse em nota.

A entidade aponta ainda a necessidade de implementar políticas que priorizem “retomada do investimento, o crescimento da economia, a geração de emprego, a redução da desigualdade social, o combate à pobreza e a distribuição de renda”.

Mercado

O gestor de renda fixa da GGR Investimentos, Rafael Sabadell, aponta que a redução veio “em linha com que o mercado esperava”. Ele destaca que o item mais esperado nesta divulgação era o comentário do Copom que indica as condições para uma intensificação da redução da taxa básica de juros. “Basicamente vai depender do cenário econômico dando mais espaço para uma margem maior de um corte adicional. Talvez com uma queda mais acelerada na inflação ou atividade demorando um pouco mais para uma retomada maior”, destacou.

Entre os fatores que pesam para uma continuidade da redução da taxa, Sabadell indicou as questões externas, como a retomada do crescimento econômico dos Estados Unidos. “A teoria de uma aceleração maior do ciclo americano perdeu força no último mês e tem favorecido [a redução da taxa]. E caso essa tese volte a ganhar ou perder força, afetará o ritmo. Se demorarem mais para aumentar os juros [nos EUA], aqui tende a dar mais espaço para cair ainda mais os juros”, avaliou.

O gestor considerou interessante o fato de o comentário do Copom citar as projeções de mercado de 8,5% para o final do ano. “Então acho que é bem possível que siga essa trajetória que o mercado vem precificando”, estimou.

 

Fonte: Jornal do Brasil

BB vai reduzir taxas de juros para pessoas físicas e jurídicas

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Após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir a taxa Selic para 11,25% ao ano, o Banco do Brasil anunciou hoje (12) que vai reduzir as taxas de juros para pessoas físicas e jurídicas. Essa é a terceira redução consecutiva no ano feita pelo BB. As novas taxas entram em vigor na próxima segunda-feira (17).

A queda mais expressiva foi para as linhas de crédito imobiliário pessoa física nas contratações do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) e da carteira hipotecária. A nova taxa para as operações no âmbito do SFH passa a ser de 9,99% ao ano na faixa mínima, redução de 0,81 ponto percentual na comparação com os 10,80% praticados hoje. Para a faixa superior, a nova taxa passar a ser de 10,94% ao ano, ante os 11% ao ano que o Banco cobrava até agora. Nos financiamentos da carteira hipotecária, a taxa cai de 11,80% ao ano para 10,90% ao mês no piso; e de 12,02% para 11,99% ao ano no patamar superior.

Os juros no crédito para aquisição de veículos por pessoas físicas vão reduzir de 1,28% ao mês para 1,23% ao mês, na faixa mínima, e de 3,86% ao mês para 3,81% ao mês no patamar máximo. Os juros para o cheque especial da pessoa física agora flutuam entre 4,31% ao mês no piso, e 12,84% ao mês no teto, ante 4,36% e 12,89% ao mês, cobrados até agora.

Para as pessoas jurídicas, as linhas do cheque ouro empresarial e giro rápido rotativo baixaram para 8,38% ao mês, ante os 8,43% cobrados até então. Na faixa superior, as taxas recuam de 13,60% ao mês para 13,55% ao mês.

Para a aquisição de veículos por pessoas jurídicas, houve redução de 1,47% para 1,42% ao mês no piso e de 3,24% para 3,19% ao mês na máxima. A antecipação de crédito lojista (ACL) teve redução de 1,58% ao mês para 1,53% ao mês no piso; e de 3,94% para 3,89 ao mês no maior patamar.

 

Fonte: Agência Brasil