Ações de estatais resistem a incertezas em 100 dias de governo Lula

Publicado em: 15/04/2023

Apesar do cenário de incertezas e da volatilidade do mercado financeiro nos primeiros 100 dias do ano, as empresas estatais federais listadas na Bolsa de Valores conseguiram afastar grandes perdas e, no caso das duas financeiras, Banco do Brasil e BB Seguridade, retornar ganhos expressivos aos investidores. Isso mesmo diante das declarações de membros do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que apontam possíveis intervenções do governo federal nas companhias controladas pela União.

A Petrobras (PETR4), maior alvo de preocupação do mercado em razão de possíveis ingerências políticas, ficou no zero a zero, com 0,04% de oscilação acumulada em 2023 até o fechamento desta segunda-feira (10). As ações ordinárias da estatal (PETR3), no entanto, apresentam leve recuo no acumulado de 2023, de 0,86%.

O Banco do Brasil (BBAS3), por sua vez, teve um crescimento de 15,18%, acima de seus pares de capital privado – Itaú Unibanco (ITUB4) recua 0,12% no acumulado de 2023 até o pregão de ontem e Bradesco (BBDC4) cai 9,6%. O BB seguridade (BBSE3) também manteve os bons resultados, com alta de 8,6% no período.

“Está havendo uma diferença entre o que se fala e o que acontece de fato”, considera o fundador da Gava Investimentos, Ricardo Brasil. “Apesar de todo o burburinho, as estatais não estão nada mal”, afirma. O analista lembra que no período de janeiro a 10 de abril o Ibovespa caiu 7,11%, muito distante da performance das estatais.

Guilherme Paulo, operador de renda variável da Manchester Investimentos, avalia que o Banco do Brasil mostra que o mercado fica alheio a possíveis interferências quando o operacional da empresa está indo bem. “O resultado tem se sobreposto às notícias ruins, mantendo a Petrobras e o BB entre as principais altas da bolsa”, destaca Paulo.

No balanço do quarto trimestre de 2022, o último divulgado pelas empresas da bolsa, o Banco do Brasil registrou lucro líquido ajustado de R$ 9,039 bilhões, um aumento de 52,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. Foi o sétimo recorde trimestral seguido da estatal, mesmo em um trimestre influenciado por provisões extraordinárias para a recuperação judicial da Americanas (AMER3).

A Petrobras fechou o quarto trimestre de 2022 com lucro de R$ 43,3 bilhões, 37,6% a mais do que um ano antes. Na soma anual, o lucro de R$ 188,2 bilhões representou mais um recorde para a companhia.
Preocupação

Os bons resultados até aqui, porém, não são sinônimo de garantia para os próximos meses. O estrategista-chefe da Empiricus Investimentos, Francisco Levy, lembra que o intervencionismo da atual gestão do Executivo impõe revisões de preços que atingem as ações.

As principais preocupações do mercado quanto ao Banco do Brasil está na possibilidade da empresa começar a ofertar crédito a juros mais baixos. Com a Petrobras, os temores incluem desde a revisão da política de preço dos combustíveis a até mudanças da política de investimentos da companhia e da distribuição de dividendos. “Cada empresa tem seu grau de intervencionismo, mas o raciocínio vale para todas”, diz Levy.

João Daronco, analista da Suno Research, destaca que até aqui as instabilidades para o futuro atingem principalmente a Petrobras. “Segue com muitas incertezas. Tem a discussão da política de investimentos, por exemplo, com rumores de investimento em energia eólica e offshore”, lembra, sobre o que pode resultar em freio para o caixa da empresa.

Ainda que os riscos sentidos pelo mercado até aqui se mantenham, a perspectiva é de que as ações podem apresentar boa performance. A condição? Iniciativas como a mudança da política de preços para a Petrobras precisam permanecer apenas no campo retórico. “Já ajustou muito. Então, não vejo espaço para grandes pioras. Seria necessário um intervencionismo muito pesado para isso se fazer realidade, o que eu não acredito que ocorra”, ressalta Levy.

Fonte: E-Investidor

 

Banco do Brasil está protegido do ‘risco Lula’, apesar de mudança na Lei das Estatais?

Publicado em: 16/12/2022

A mudança na Lei das Estatais, aprovada pela Câmara dos Deputados no apagar das luzes nesta semana, despertou receios de que a governança do Banco do Brasil (BBAS3) possa estar ameaçada.

Um projeto que promovia algumas alterações na lei de 2016 ganhou um jabuti tarde da noite de terça-feira (13). O destaque reduzia o período de quarentena de membros de campanhas políticas em estatais de 36 meses para 30 dias, o que daria passe livre para Aloizio Mercadante assumir a presidência do BNDES.

Mas a lei vale para todas as estatais e, por isso, as ações de todas elas reagiram mal na bolsa ontem (14) – a Petrobras, por exemplo, caiu 8%. Os papéis do Banco do Brasil caíram menos, 2,5%, mas o texto aprovado na Câmara espalhou temores de um possível aparelhamento do banco público.

Porém, para o Goldman Sachs, o Banco do Brasil é mais blindado contra grandes mudanças na sua estratégia. Os analistas lembram que o BB está listado no Novo Mercado, o nível mais exigente de governança corporativa da bolsa brasileira.

O segmento exige, por exemplo, que as empresas emitam apenas ações ordinárias, ou seja, todas com direito a voto, não importa quem seja o acionista.

Além disso, no conselho de administração do BB, metade dos membros são independentes e dois representam os acionistas minoritários.

O estatuto do BB prevê, ainda, que o CEO deve ter pelo menos 10 anos de experiência ocupando um cargo de alto escalão no setor público ou privado. Ou então que tenha exercido a função de membro do conselho por pelo menos quatro anos.

“Embora reconheçamos os riscos potenciais relacionados a trocas na administração indicadas pelo governo, acreditamos que o banco está mais bem protegido contra grandes mudanças em sua estratégia do que no passado devido à sua política de sucessão e outras melhorias na governança corporativa”, afirmou o Goldman Sachs.

O banco manteve recomendação de compra para as ações do BB, com preço-alvo de R$ 48, o que representa um potencial de valorização de 50,23% em relação ao fechamento desta quinta-feira (15), quando os papéis terminaram o dia cotados a R$ 31,95 — uma alta de 2,83%.

Muita calma nessa hora

No entanto, o Itaú BBA não está tão convencido de que o BB está tão protegido assim e tirou as ações da estatal da sua lista recomendada de compra.

“Estamos mais preocupados com o papel dos bancos públicos na economia daqui para frente e acreditamos que as mudanças recentes na Lei das Estatais representam risco de enfraquecimento da governança corporativa”, disse o Itaú BBA em relatório.

Os analistas esperam que esses riscos continuem pressionando as ações do Banco do Brasil, mesmo que ele esteja no melhor momento do balanço e tenha a avaliação mais atrativa entre seus concorrentes.

Fonte: Seu Dinheiro

É hora de fugir das estatais? As perspectivas após as eleições

Publicado em: 07/11/2022

As ações das estatais Petrobras (PETR3; PETR4) e Banco do Brasil (BBAS3) amargaram queda de 8,47%, 7,04% e 4,64% no primeiro pregão após o resultado da eleição presidencial. Investidores refletiram o aumento da incerteza em relação às estratégias que serão empregadas no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

No entanto, esse movimento foi passageiro e, depois do susto inicial, os papéis viraram para um movimento de recuperação, levando ao patamar pré-eleitoral. A exceção ficou para a petrolífera, cujas ações preferenciais ainda acumulam perdas de 8% na semana até ontem (3).

É hora de vender Petrobras? Ainda é cedo para dizer, pois há muita indefinição pela frente. Em um relatório, o banco de investimentos americano JP Morgan escreveu que as ações da petrolífera não irão refletir totalmente os fundamentos até que investidores tenham clareza sobre as mudanças na gestão. “Isso deve levar, em nossa opinião, pelo menos seis meses”, escreveram os analistas na segunda-feira (31).

Com isso, fica a dúvida: o que fazer com os papéis das estatais? Para Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, agora não é hora de fugir das ações, mas sim de revisitar a tese de investimento e verificar se as premissas que fizeram o investidor entrar no papel continuam ou se mudaram drasticamente com a nova abordagem política.

Segundo o especialista, as perspectivas para as estatais ainda são de muita precaução. Isso ocorre por conta da política econômica não estar definida, o que causa apreensão no mercado, em especial em relação ao teto dos gastos. “A dúvida sobre um risco fiscal pode assustar”, diz Alves.

Apesar da deterioração de margem no primeiro momento, Alves frisa que os ativos são atemporais, só que com o porém do risco político embutido. Assim como qualquer investimento, é preciso ficar atento para ajustar a posição se necessário.

Neste caso, o especialista lista dois pontos fundamentais para atenção. A primeira é como será feita a transição de governo: “É necessário avaliar se não ficará nenhum ‘esqueleto’ na sala para a próxima gestão resolver”.

Já a segunda, é o que tem deixado o mercado em dúvida: a política econômica do governo de Lula. “É necessário ver se vai ser mais do mesmo dos outros mandatos ou se terá um alinhamento.”

Para ele, também há duas questões importantes para acompanhas na economia brasileira: a inflação e ajuste de juros pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central. “Se o processo inflacionário voltar a ser um grande problema para o governo, é muito provável que em especial Petrobras e elétricas sejam chamadas à mesa para ‘ajudar’ na redução da inflação”. Segundo Alves, isso com certeza vai impactar o preço das ações. “Se rememoramos 2012 e 2016, elas chegaram a bater mínimas históricas por conta desse movimento.”

Marcelo Oliveira, CFA e co-fundador da Quantzed, diz que não apostaria em estatais neste momento. “É preciso entender que os planos do próximo governo para empresas como Petrobras e Banco do Brasil não são atraentes para os investidores em geral. Os barulhos afastam investidores que buscam dividendos nesse tipo de empresa madura”, diz.

Em relatório, a Rico Investimentos também recomenda evitar empresas com maiores riscos políticos, principalmente estatais. “Dito isso, seguimos recomendando posições defensivas, diante do cenário ainda incerto.”

Em nota, a XP Investimentos citou a volatilidade para as estatais como certa no curto prazo. “Não temos um caminho claro para a política futura do próximo governo. Com isso, devemos continuar vendo maior volatilidade para a Petrobras (PETR4) e Banco do Brasil (BBAS3).”

A XP, inclusive, removeu exposição da petrolífera da carteira citando os riscos políticos. “Mas temos a PetroRio (PRIO3) como a top pick dentre as empresas juniores do setor por enquanto”, escreveram os analistas em relatório.

A Ativa Investimentos concorda com a preferência pela PetroRio (PRIO3). Para os especialistas, a escolha é por ela ser privada e poder capturar o movimento de alta da commodity de forma integral, sem passar por ruídos políticos.

“Ainda gostamos da Petrobras (PETR3, PETR4), mas estamos atentos aos nomes que devem surgir para comandar a estatal e ditar os novos rumos”, escreveram os analistas.

Outro lado

Após a conclusão das eleições, o Goldman Sachs revisou suas posições em ações do Brasil. Em relatório divulgado na segunda-feira, o banco de investimentos norte-americano diz acreditar que as ações de consumo serão mais positivas.

“Ele [Lula] afirmou que manterá um programa de transferência social de renda para famílias de baixa renda (R$ 160 bilhões anualizados ou 1,5% do PIB de 2023 estimado). Embora as forças inerciais ainda estejam em jogo, a inflação está diminuindo para itens de linha importantes, como combustíveis e comida, onde os preços até sofreram deflação mês a mês”, escrevem os analistas do banco.

Para o Goldman Sachs, mesmo sem um viés geográfico direto, o estímulo às famílias de baixa renda tende a beneficiar indiretamente mais o Nordeste do que outras regiões, devido à demografia da região, onde mais indivíduos dependem desses benefícios.

“Nesse sentido, observamos que quaisquer políticas/programas de gastos que apoiem a região de forma mais direta podem ser positivos para as empresas com maior exposição ao Nordeste”, diz o banco de investimentos em relatório.

Os destaques são Carrefour (CRFB3), que possui 28% de lojas na região, assim como o Assaí (ASAI3), que tem os mesmos 28% de participação. Em seguida aparece o Magazine Luiza (MGLU3), com 22%.

Já para a Rico Investimentos, empresas boas pagadoras de dividendos e em setores como o bancário, elétrico, de saneamento, varejo, construção de baixo poder aquisitivo, educação e consumo essencial são opções mais atraentes neste momento de incerteza política.

Em relatório, a XP Investimento cita que as ações de educação, varejo e habitação popular devem se beneficiar dos resultados eleitorais.

A Ativa vê que, com um possível incentivo maior nas políticas sociais, como o Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida (MCMV) e Fies, construtoras de baixa renda como MRV (MRVE3), Direcional (DIRR3), Tenda (TEND3) e o setor de educação Yduqs (YDUQS3), Cogna (COGN3), Anima (ANIM3), Ser (SEER3) podem aproveitar melhor o momento.

As informações desta reportagem são de caráter exclusivamente informativo e não constituem recomendação de investimento.

Fonte: Forbes

 

Polo compra Banco do Brasil e Petrobras e vê proteção na lei das estatais

Publicado em: 28/10/2022

Mesmo com os riscos políticos sobre empresas estatais a dias das eleições presidenciais, a Polo Capital avalia que este não é o momento de ficar de fora de Banco do Brasil (BBAS3) e Petrobras (PETR3;PETR4), ainda que com posições reduzidas, diz o sócio e gestor Conrado Rocha, em entrevista.

A gestora, que administra um patrimônio de R$ 4,3 bilhões de acordo com a Anbima, estava fora de ambas as estatais, mas decidiu montar posições após o primeiro turno das eleições, aproveitando os preços descontados.

Rocha avalia que há proteções legais construídas nos últimos anos que não devem ser revertidas, independentemente de quem vencer a eleição presidencial em 30 de outubro.

Além da lei das estatais, ele destaca que o Banco do Brasil conta ainda com o crivo do Banco Central, regulador do setor e que teve sua autonomia aprovada.

As ações das estatais têm reagido ao cenário eleitoral, pois o mercado avalia que um eventual governo de Luiz Inácio Lula da Silva poderia significar menos independência e eficiência dessas empresas, na comparação com uma reeleição de Jair Bolsonaro.

“Banco do Brasil pode até cair logo após as eleições no caso de Lula vitorioso, mas está tão barato e tem tanta proteção com lei das estatais e pelo Banco Central que achamos difícil cair demais depois de passado 1, 2 ou 3 meses”, disse, acrescentando não acreditar que Lula gastaria capital político importante no primeiro ano para alterar a lei das estatais.

No caso de Petrobras, Rocha avalia que a empresa “é a petroleira mais barata do mundo” e que, em caso de uma vitória de Jair Bolsonaro, “teria espaço para ganhar muito”, o que justificaria a posição da gestora. “Mas todo mundo tem medo, então a posição é pequena.”

A gestora, que adota uma estratégia long short com operações de compra e venda de ativos dentro de um mesmo setor, também possui posições dentro de outros segmentos que têm reagido às sinalizações políticas. Ao contrário das estatais, o setor educacional se favoreceu depois que Lula sinalizou a volta de um programa de financiamento estudantil nos moldes do Fies, caso eleito.

Nesse caso, Rocha coloca Ânima e Ser Educacional no topo da lista. Ânima é, inclusive, a segunda maior posição do fundo hoje. “Mesmo sem o Fies, entendemos que está tão barato que o discurso do Lula chamou a atenção para o setor.” O sócio da Polo optou ainda por Tenda no setor de construção civil.

Ele também vê espaço para empresas alavancadas se beneficiarem do fim do ciclo de alta de juros e da redução de risco político, passadas as eleições. No setor de saúde, as empresas favorecidas são Kora, Dasa e Rede D’Or.

Fonte: Money Times

Avessas a estatais, gestoras se rendem a BB e Petrobras diante de descontos nas ações

Publicado em: 01/04/2022

As ações de algumas empresas estatais estão entre as mais negociadas e populares da Bolsa brasileira. Por isso, figuram nas carteiras de uma parcela considerável dos investidores – sejam eles individuais, sejam institucionais.

Mas para certos gestores de fundos, dados os riscos de ingerência e governança presentes nas companhias que têm o governo como controlador, investir em estatais é um tabu. Ou era.

Gestoras que tradicionalmente queriam distância das estatais se renderam a ações de empresas como Petrobras e Banco do Brasil nos últimos dois anos. A avaliação é de que as cotações estavam descontadas demais para serem ignoradas.

Com a valorização dos papéis nesse período, parte das posições já começou a ser desfeita – ainda que as ações, na visão dos gestores, não tenham atingido o preço considerado justo.

Um levantamento com dados da Economatica, plataforma de informações financeiras, ajudou a identificar gestoras que não tinham Petrobras ou Banco do Brasil na carteira desde 2017, mas decidiram conceder o benefício da dúvida e montaram posições nestas ações de 2020 para cá.

É o caso da Guepardo, que comprou ações da petroleira pela primeira vez em mais de 20 anos de história. “Para a gente, ter qualquer estatal é uma exceção”, diz Octavio Magalhães, diretor de investimentos da Guepardo. “Para entrar no fundo, tem de estar muito descontada. Em condições normais, não entra, sempre vamos preferir empresas privadas em função do risco”.

Foi exatamente o cenário que a gestora identificou nas ações da petroleira há cerca de dois anos. Com o início da pandemia de coronavírus, a perspectiva de contração da atividade econômica ao redor do mundo levou os preços do petróleo para patamares historicamente baixos. O barril do tipo Brent chegou a ser negociado na faixa dos US$ 20, um nível que rapidamente ficou para trás.

“Ao mesmo tempo, o câmbio explodiu. Sabíamos que o câmbio seria estrutural, e o preço do petróleo, pontual. Foi uma grande oportunidade”, afirma Magalhães.

O baque sobre as cotações da Petrobras foi imenso na época. A Guepardo montou a posição quando as ações eram negociadas por cerca de R$ 20. De lá para cá, elas recuperaram terreno. Chegaram à faixa dos R$ 35 nas últimas semanas, no embalo do movimento oposto do petróleo em 2022 – com a guerra entre Ucrânia e Rússia, segundo maior produtor da commodity do mundo, as cotações chegaram a atingir US$ 130 por barril recentemente.

Não apenas o potencial de valorização atraiu a Guepardo, como também os dividendos da estatal. “Pagamos R$ 20 e recebemos mais de R$ 5 por ação em dividendos em 2021”, diz o executivo.

No auge, entre outubro de 2020 a março de 2021, a posição em Petrobras chegou a representar 17% do patrimônio líquido do fundo. Cerca de 45% dela foi desfeita desde então – mas não porque a empresa tenha atingido seu valor justo, e sim porque outros ativos mais baratos apareceram no caminho, segundo Magalhães.
Dupla de estatais, com margem de segurança “absurda”

Carlos Pessoa, CEO da gestora Vêneto, é outro que sempre evitou investir em estatais. “Nunca me senti confortável, por uma série de motivos. Pelo passado do Brasil, em quase todos os governos a regra do jogo nas estatais muda rápido”, diz. Para ele, só vale a pena entrar quando as ações estão muito baratas e a margem de segurança “é absurda”.

Por isso, nos últimos seis meses os fundos da Vêneto passaram a se posicionar em ações da Petrobras e também do Banco do Brasil. “Chegamos a ver o market cap [capitalização de mercado] do BB abaixo de R$ 80 bilhões, com o banco lucrando R$ 21 bilhões em 2021. Por isso. colocamos o pé”, conta Pessoa.

O gestor conta que, primeiro, ainda em 2020, montou uma posição tática nas duas estatais – cujas ações eram vistas como papéis descontados de empresas que passariam com tranquilidade pelo pior impacto da pandemia. Durou três meses. “Desmontamos e seguimos nosso caminho”, diz.

No primeiro semestre de 2021, no entanto, a Vêneto voltou a comprar os papéis, na sequência justamente de fatos encarados pelo mercado, na época, como interferências do governo na gestão das estatais.

Primeiro, em fevereiro do ano passado, o governo anunciou que substituiria o então presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, pelo general Joaquim Silva e Luna. No mês seguinte, foi a vez de um novo comando ser indicado para o Banco do Brasil. Fausto Ribeiro, que assumiu o cargo, foi o terceiro presidente do BB no governo do presidente Jair Bolsonaro.

As trocas de comando jogaram as ações para baixo, abrindo uma nova oportunidade. “Foi uma dança das cadeiras, com mudança de comando e alteração nos conselhos”, diz Pessoa. “Teve ainda o furo do teto de gastos, que agravou a situação das estatais”.

Uma nova mudança na Petrobras foi anunciada nesta semana – mas desta vez, não gerou o mesmo furor das anteriores. O governo indicou Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), para substituir Silva e Luna. Nessas situações, o receio do mercado é de que haja mudança na política de preços da Petrobras para os combustíveis, que prevê paridade com o praticado no mercado internacional. “Temíamos uma indicação na direção de controle de preços, mas com Adriano Pires não acreditamos nisso”, diz Pessoa. Seu perfil é considerado pró-mercado.

A Vêneto chegou a ter 4% da carteira alocada em Banco do Brasil e 6% em Petrobras. Mas um plano de desinvestimento em estatais já está em curso. A essa altura, a posição somada nas duas empresas já caiu para 6%. “Até o fim de maio, devemos não ter mais nada”, diz o gestor. Dado o retrospecto de volatilidade em eleições passadas, sua visão é de que “não vale o risco” de mantê-las.

Debutando em Banco do Brasil

Para algumas gestoras, ficar longe das estatais não é uma regra gravada em pedra (ou na política de investimentos do fundo) – mas se der para não comprá-las, melhor. “Não temos uma restrição a estatais, mas como todo mundo que faz análise fundamentalista, adotamos um cuidado adicional com elas”, diz Tomás Awad, sócio da gestora 3R Investimentos. “Investimos pouco. Procuramos evitar, pois, no fim, é um político quem manda nessas empresas”.

Na gestora, o foco está em buscar assimetrias entre os preços praticados no mercado e os que os especialistas acreditam que sejam os justos, sejam as empresas privadas ou não. E assimetria é o que não faltou nas ações das estatais mais badaladas nos últimos tempos.

Foi nessa toada que a gestora comprou ações do Banco do Brasil pela primeira vez. “O banco vinha negociando a quatro vezes seu lucro. Valia o risco”, diz Awad.

Já a Petrobras tinha feito parte da carteira da 3R também em outros momentos, e agora a posição se consolidou. “É um ativo com muita liquidez, dá para desmontar facilmente e vender, se for o caso”, explica o gestor. A governança da empresa foi aperfeiçoada como consequência da Operação Lava-Jato, o que dá alguma segurança. Fora isso, com o petróleo cotado nos níveis atuais, a petroleira se torna uma máquina de dividendos. “Os dividendos desse ano são muito polpudos, o que dá um colchão a mais. É uma ação que aguenta bastante desaforo”, afirma.

Por ora, a gestora permanece “quieta” com as ações das estatais. “Não fizemos nada nas últimas semanas, e não temos intenção de fazer por enquanto”, diz Awad. A aposta é de médio prazo, o que permite superar os ruídos do curto prazo. Não há perspectiva de mudança na política de preços até aqui. “Nosso próximo ponto de avaliação é a eleição. Vamos acompanhar e reavaliar”.

Petrobras e BB ainda valem o risco?

Desde que os gestores montaram suas posições em Petrobras e Banco do Brasil, as ações já andaram bastante. Os papéis da petroleira, por exemplo, subiram mais de 15% só neste ano – em 12 meses, a alta se aproxima de 70%. Já os do banco sobem cerca de 25% neste ano. Em 12 meses, a alta é de 24%.

É claro, portanto, que uma boa parte da oportunidade que os fundos encontraram já não existe para quem entrar nos papéis neste momento. Mesmo assim, alguns deles ainda enxergam um caminho à frente.

“A Petrobras ainda está longe do seu preço justo”, diz Magalhães, da Guepardo. Segundo ele, o petróleo está cotado acima do que deveria – mas mesmo que recue, as ações da petroleira ainda poderiam ser consideradas “baratas”.

Em suas projeções, a gestora considera que o preço adequado para o barril de petróleo varia de US$ 55 a US$ 60. “Cada ano a mais que o petróleo fica a US$ 90 é para explodir o preço da Petrobras. Então, se demorar para convergir o preço do barril, a ação ainda poderia subir”, explica Magalhães.

Isso não aconteceu até agora, segundo o gestor, exatamente por conta do “risco estatal” embutido na Petrobras. “Ela precifica a possibilidade de ingerência do próximo presidente, que pode não seguir a paridade internacional, pode quere investir em refinarias, pode fazer um monte de coisa que destrói valor da empresa”, diz.

A decisão sobre manter ou se desfazer da posição que ainda resta das ações também vai ficar para depois de outubro, segundo Magalhães. “Se tiverem outras empresas mais baratas e com menos risco, trocamos. Mas para a gente, com preço atual, a Petrobras não tem risco”.

Fonte: Infomoney

 

Estatais abandonam função social e lucram alto com a crise econômica

Publicado em: 18/03/2022

O ano de 2021 foi de lucros recordes para grandes empresas estatais brasileiras. Das cinco grandes companhias controladas pelo governo – Petrobras, Eletrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica e BNDES –, pelo menos três delas – Petrobras, Banco do Brasil e BNDES – tiveram o melhor resultado contábil de sua história no ano passado.

Só a Petrobras lucrou mais de R$ 106 bilhões, 1.400% a mais do que em 2020. O ganho foi motivado principalmente pela alta do petróleo no mercado internacional e pelo repasse disso no preço dos combustíveis vendidos no Brasil.

O comportamento da empresa, contudo, teve efeitos colaterais para a economia brasileira: elevou o preço da gasolina em 46% durante 2021 e contribuiu para que a inflação fechasse o ano passado em mais de 10%, algo que não ocorria desde 2015.

Na quinta-feira (10), a Petrobras anunciou um novo reajuste nos preços dos combustíveis – o maior em mais de um ano. A notícia criou filas em postos, gerou reclamações de caminhoneiros e levantou uma questão: vale a pena ter uma estatal tão lucrativa e, ao mesmo tempo, pagar uma gasolina tão cara?

Para economistas ouvidos pelo Brasil de Fato, a resposta é não.

“O lucro está aumentando em cima da população”, afirmou Eric Gil Dantas, do Observatório Social da Petrobras (OSP). “Quando falamos de combustível, não estamos falando só de um cara que tem uma Land Rover. Estamos falando de trabalhadores que estarão impossibilitados de exercer suas funções, como motoristas de aplicativos, e de uma série de outros efeitos indiretos”, detalha.

Função social das estatais

Para Dantas e outros economistas, por ser uma empresa estatal, a Petrobras também deve cumprir uma função social. No caso específico dela, a companhia precisa trabalhar para que brasileiros tenham garantido o abastecimento de derivados de petróleo em momentos de crise, como o criado pela guerra entre Rússia e Ucrânia.

Isso, porém, não tem sido feito. Desde 2016, quando adotou uma nova política de preços em prol da lucratividade, a empresa reduziu investimentos em refinarias e vendeu plantas de produção de combustível. Isso aumentou a dependência do país em relação à importação de gasolina e diesel, o deixando mais vulnerável. O custo dessa vulnerabilidade ficou evidente com a guerra e a disparada do petróleo.

“Uma empresa estatal tem uma dupla natureza. Como empresa, ela deve gerar lucro, mas também tem que participar do processo de soberania nacional”, destaca William Nozaki, professor da Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp). “No caso da Petrobras, há um desequilíbrio entre esses dois pratos da balança”, complementa.

Segundo Nozaki, aliás, não foi só a Petrobras que reduziu esforços para cumprimento de sua função social. Outras estatais também o fizeram, mesmo enquanto obtinham lucros recordes durante o ano passado.

Banco do Brasil

O Banco do Brasil (BB) obteve um lucro recorde de R$ 21 bilhões durante 2021. O resultado tão expressivo é quase tão bom quanto o do Itaú e do Bradesco, que lucraram R$ 26 bilhões cada um e também tiveram o melhor ano de suas histórias.

Segundo Simone Deos, professora do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), esse alto lucro do setor bancário está ligado, entre outras coisas, ao aumento da taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic.

Buscando conter a inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa de 2% ao ano para 9,75% ao ano em 2021. Isso fez com que os juros dos empréstimos concedidos pelas instituições financeiras aumentassem e, consequentemente, crescesse o lucro delas.

Deos disse que esse movimento de repasse do custo do crédito é corriqueiro no setor bancário brasileiro. O Banco do Brasil, no entanto, é um banco estatal, tendo mais de 50% de suas ações sob controle da União. Para a professora, ele deveria agir diferentemente, já que não é benéfico à economia brasileira que o BB se comporte como o Itaú.

“O BB é uma instituição com maioria do seu capital na mão do Estado”, explicou. “Não faz sentido que ela opere contra a própria economia nacional para obter lucros extraordinários”, defendeu.

De acordo com a pesquisa de juros realizada mensalmente pelo Procon-SP, o BB cobrava, em janeiro de 2021, juros de 5,73% ao mês – mais de 95% ao ano – em seus empréstimos pessoais. Em dezembro, já cobrava 5,97% ao mês – mais de 100% ao ano.

Também em dezembro de 2021, o banco Safra, de capital privado, cobrava juros de 5,9% em seus empréstimos pessoais. Ou seja, menor do que os cobrados pelo BB.

BNDES e Caixa

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também teve lucro recorde no ano passado. Foram R$ 34,1 bilhões – 65% a mais que do no ano anterior.

Já a Caixa Econômica Federal lucrou R$ 17,3 bilhões, o que não chega a ser o melhor resultado financeiro do banco. Levando em conta os anos de 2019 a 2021, porém, a Caixa teve o maior lucro acumulado em três anos de sua história: R$ 51 bilhões.

Esse período coincide com o início do governo de Jair Bolsonaro (PL). Sob nova gestão, o banco deixou de operar o programa Minha Casa Minha Vida, encerrado em janeiro de 2021 e que concedia financiamentos subsidiados para compra de casas populares.

Também no governo Bolsonaro, o BNDES deixou de conceder empréstimos subsidiados a empresas com o objetivo de fomentar o crescimento do país. Esse comportamento aumentou sua lucratividade.

Segundo o professor Nozaki, o movimento dos dois bancos indica que eles reduziram seu papel como agente de política pública, dando espaço para visões estritamente empresariais.

Projeto de governo

Nozaki, aliás, afirmou que essa redução da função social de empresas estatais e públicas durante a gestão Bolsonaro é uma política de governo. Alinhado a visões liberais sobre economia, o governo Bolsonaro tem comemorado o lucro de estatais como se fossem a principal medida de avaliação da administração delas. E não são.

O economista Luiz Gonzaga Beluzzo diz que essa é uma visão monetária e limitada para tratar de estatais.

Ele admite que, por serem empresas, faz sentido que companhias do Estado tenham lucro. Lembrou, inclusive, que esse lucro é essencial para que elas tenham recursos para investimentos.

Acontece que, para Beluzzo, o principal objetivo de uma estatal é fomentar o crescimento da economia nacional. Isso aconteceu no Brasil de forma exitosa principalmente de 1930 a 1980, afirma ele. Hoje, esse papel está praticamente esquecido.

Beluzzo ressaltou, entretanto, que a visão limitada sobre o papel das estatais é conveniente para um dos objetivos deste governo: vendê-las.

“O que temos é uma tentativa de preparar essas empresas para serem privatizadas”, disse. “Na Petrobras, essa fúria na busca de apresentar lucros e pagar dividendos tem a ver com a atração de investidores privados, assim como [ocorre na] Eletrobras.”

Eletrobras

No caso da Eletrobras, o processo de privatização está em curso. Uma lei autorizando a venda do controle acionário da empresa já foi sancionada por Bolsonaro. O Tribunal de Contas da União (TCU) e a assembleia de acionistas da estatal já aprovaram a venda.

A Eletrobras ainda não anunciou o resultado consolidado do ano passado. Até setembro, contudo, todos os resultados trimestrais da empresa apontavam um crescimento expressivo do seu lucro líquido ante ao resultado de 2020.

No segundo trimestre de 2021, por exemplo, a Eletrobras teve lucro 601% maior do que no mesmo período do ano anterior. No terceiro trimestre de 2021 contra o de 2020, a alta foi de 69%.

Em um ano de escassez hídrica, a conta de luz aumentou mais de 21% durante 2021, segundo o Instituto Brasileira de Geografia e Estatística (IBGE). Considerada um insumo universal, assim como combustível, a eletricidade também teve grande peso na inflação do ano.

Estatais respondem

A Petrobras informou que, em 2021, a companhia repassou à sociedade brasileira cerca de R$ 230 bilhões em dividendos para a União e tributos aos governos federal, estaduais e municipais. “Quanto mais recursos a companhia gera, mais devolve a sociedade”, declarou.

A empresa, contudo, não se pronunciou sobre sua política de preços nem sobre questionamentos sobre o cumprimento de sua função social.

Após o reajuste da gasolina e do diesel anunciados na semana passada, o próprio presidente Bolsonaro, que escolhe o presidente da estatal, criticou a Petrobras. “A Petrobras demonstra que não tem qualquer sensibilidade com a população. É Petrobras Futebol Clube, o resto que se exploda”, disse.

O Banco do Brasil informou que, apesar de ter o governo como seu acionista majoritário, é um “banco de mercado” e “opera em um segmento altamente competitivo em pé de igualdade com instituições privadas”.

Segundo o banco, seus lucros são revertidos à União em forma de dividendos ou outras remunerações. Em 2021, tudo isso somou R$ 3,9 bilhões. Além desse valor, o banco recolheu R$ 12,7 bilhões em impostos federais, estaduais e municipais.

Sobre o aumento da taxa de juros cobrada pelo banco em 2021, o BB disse ser “competitivo” e ressaltou que contribui para o “crescimento da economia do Brasil e melhora da qualidade de vida dos brasileiros”.

O BNDES informou que, do seu lucro de R$ 34 bilhões, já repassou R$ 8,7 bilhões à União. Além disso, transferiu outros R$ 4,9 bilhões em dividendos relativos ao exercício de 2020, R$ 63 bilhões em liquidações antecipadas de obrigações, R$ 12,8 bilhões em pagamentos ordinários e mais R$ 10,5 bilhões em tributos.

O banco ressaltou que eliminou a política de concessão de créditos subsidiados a grandes empresas, pois isso resultava “em efeitos colaterais que vão muito além da piora das contas públicas ou de questões reputacionais”. Ainda assim, o BNDES destacou que é um dos maiores bancos de desenvolvimento do mundo e, hoje, o principal instrumento do governo federal para o financiamento de longo prazo e investimento em todos os segmentos da economia brasileira.

“No apoio ao combate à pandemia [de covid-19] e seus efeitos sobre a economia, o banco foi responsável por irrigar mais de R$ 200 bilhões em recursos para a sociedade, sendo R$ 92 bilhões a milhares de pequenas e médias empresas brasileiras”, informou o banco sobre sua atuação.

A Caixa Econômica Federal não se pronunciou.

A Eletrobras também não porque está em período de silêncio já que deve divulgar seu balanço anual nesta sexta-feira (18).

O Ministério da Economia informou que a União já recebeu aproximadamente R$ 33 bilhões em dividendos de estatais referentes a lucros obtidos em 2021: R$ 2,7 bilhões do BB, R$ 3,5 bilhões da Caixa, R$ 8,6 bilhões do BNDES e R$ 18,2 bilhões da Petrobras. “Quanto às demais empresas, os valores só serão obtidos após aprovação em assembleia e divulgação dos resultados pela empresa”, acrescentou.

O ministério não quis se pronunciar sobre a função social das estatais.

Edição: Rodrigo Durão Coelho

Fonte: Brasil de Fato

Interferência do governo no comando de estatais abala avaliação de governança das empresas

Publicado em: 12/03/2021

A troca no comando da Petrobrás, anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro em fevereiro, e o impasse em relação à permanência do presidente do Banco do Brasil, que colocou o cargo à disposição, provocaram estragos nas duas empresas. Pela forma como essas coisas se deram, investidores se afastaram, as ações perderam valor e os acionistas tiveram perdas significativas.

Mais do que isso, o temor de interferências ainda mais profundas nas estatais de capital aberto provocou uma grande incerteza quanto ao cumprimento das boas práticas de governança corporativa – um dos itens de uma sigla que tem capturado a atenção dos investidores: ESG.

O termo ESG refere-se a ativos que, além de aspectos financeiros, consideram os impactos ambientais, sociais e de governança de uma empresa. O conceito foi criado como uma métrica para avaliar o desempenho das companhias.

As estatais listadas na Bolsa são sociedades de economia mista – a União, que é acionista majoritária, é a controladora. Por isso, o governo tem alguns direitos, como indicar nomes para o comando das empresas. No entanto, as regras de governança dizem que a indicação deve ser considerada e votada pelo conselho de administração, que é o agente responsável por escolher a diretoria executiva.

A interferência do governo no comando das empresas não viola uma regra específica de governança. O problema é a desconfiança gerada no mercado em relação ao motivo da interferência. “O problema que se discute muito é o motivo da mudança. A preocupação no caso das empresas estatais de economia mista é: seria realmente uma mudança de comando relacionada a um problema de desempenho ou é uma intervenção por questões políticas?”, questiona Maurício Colombari, sócio da PwC Brasil.

No caso da Petrobrás, Bolsonaro decidiu trocar o presidente Roberto Castello Branco pelo general da reserva Joaquim Silva e Luna, por conta de discordâncias quanto à política de reajuste dos combustíveis. Como o conselho apoiava Castello Branco, nada menos que 5 dos 11 conselheiros pediram para deixar o cargo.

No Banco do Brasil, Bolsonaro se irritou com um anúncio de fechamento de agências e corte de pessoal, via programa de demissão voluntária, feito em janeiro. Ameaçou demitir o presidente do banco, André Brandão, mas acabou dissuadido. Mesmo assim, a pressão sobre o banco continuou, e Brandão colocou o cargo à disposição. Quatro conselheiros se manifestaram publicamente contra a troca de comando.

O funcionamento das companhias de capital aberto é regido pela Lei das S/A e por normas da B3, dependendo do nível de governança corporativa em que elas estão listadas. Esses dispositivos estabelecem requisitos que devem ser levados em consideração no processo de nomeação do presidente da companhia. No caso das empresas de economia mista, é preciso também obedecer à Lei das Estatais, que estabelece outros requisitos a serem cumpridos.

Segundo Alexandre Pierantoni, diretor da Duff & Phelps no Brasil, em termos de governança corporativa, é muito importante que o apontamento de nomes para cargos pelo governo cumpram os requisitos da lei. “É preciso avaliar se a indicação está seguindo os critérios ou não. Quando há uma comunicação clara, efetiva, qualificada, você traz menos ruído para o ambiente”, diz.

“Infelizmente, não foi o que a gente teve na questão da Petrobrás, e aí você assusta o mercado. Nesse caso específico, o que incomodou muito foi a forma de fazer, e a comunicação disso” acrescenta Pierantoni. “É importante que haja um alinhamento entre o governo e o próprio conselho de administração da empresa, mesmo que formado na maior parte por indicados do governo, pois isso tende a beneficiar a empresa, a sociedade e os investidores.”

Esse alinhamento entre as partes interessadas (stakeholders, no jargão do mercado) das empresas de capital aberto é um ponto importante quando o assunto é governança corporativa. “A estrutura de governança tem o objetivo de alinhar os interesses dos acionistas e de outros stakeholders, a fim de maximizar o valor econômico da empresa”, explica Kieran McManus, também sócio da PwC Brasil. “Decisões que não agregam valor para a empresa ou que não buscam alinhar interesses dos investidores podem ser vistos como não sendo boas práticas de governança corporativa”, diz.

McManus destaca que uma das áreas mais importantes da governança é a definição do propósito da empresa e que, com mudanças bruscas de comando, os investidores ficam em dúvida se a empresa continuará seguindo o mesmo rumo. “Se a empresa já definiu seu plano, já está indo nesse caminho e há uma troca de comando, o receio do mercado é se haverá alguma alteração desse caminho que a empresa está seguindo”, comenta.

Estatais e governança

Segundo a professora Claudia Yoshinaga, coordenadora do Centro de Estudos em Finanças da FGV-EAESP, a desconfiança do investidor em relação a empresas de economia mista sempre existiu, justamente pelo fato de o governo ser o acionista majoritário. “Ter o governo como acionista principal de uma empresa sempre vai trazer o risco de existir alguma interferência política mais forte”, diz.

Claudia afirma que as interferências no comando da Petrobrás e do Banco do Brasil são vistas como péssimas pelo mercado, porque, “se já havia alguma desconfiança de que o governo como acionista poderia ser problema, aparentemente isso está se confirmando”.

A professora cita ainda a “golden share”, mecanismo que dá ao governo poder de veto mesmo quando ele deixa de ser um acionista controlador, se tornando um acionista minoritário. “É um mecanismo bastante comum nas empresas públicas e que, do ponto de vista de mercado, é tido como um negócio ruim. Porque viola um princípio básico de governança, que é a equidade, ou seja, garantir que todos os acionistas tenham os mesmos poderes. A ‘golden share’ é vista de maneira negativa pelo mercado, porque cria diferenças entre tipos de acionistas”, diz.

De modo geral, se não há equidade e alinhamento entre os acionistas, isso afeta a imagem da empresa, gerando desconfiança no mercado quanto ao cumprimento das práticas de governança corporativa. “Obviamente uma interferência como a que existiu na Petrobrás e em empresas de economia mista que têm ações negociadas no mercado, gera um ruído. O investidor se sente menos seguro quanto à previsibilidade da operação, a questões referentes à governança corporativa, e isso acaba por, no momento imediato, afastar o investidor, principalmente o estrangeiro”, diz Alexandre Pierantoni, da Duff & Phelps.

No curto prazo, há volatilidade dos preços e receio de maiores interferências, como o congelamento de preços, por exemplo, no caso da Petrobrás. Isso pode comprometer a rentabilidade da empresa. “Ela acaba tendo uma deterioração do seu preço no mercado internacional e uma deterioração das condições em que ela pode captar mais recursos”, afirma Pierantoni.

Apesar da possibilidade de haver a recuperação das empresas no médio prazo, uma possível consequência de longo prazo é que os investidores decidam não investir mais em empresas estatais. “Se isso começar a ficar um problema sério de governança, isso pode virar uma regra para o investidor: não investir em empresas públicas brasileiras”, afirma Claudia. Ela destaca que o mercado de capitais brasileiro ainda depende muito de investidores estrangeiros. “E começar a ser mal visto lá fora pode ser um problema.”

Fonte: Estadão

Maioria dos brasileiros defende análise prévia antes de vender estatais

Publicado em: 11/02/2021

A privatização das empresas estatais deve ser avaliada caso a caso. É o que mostra resultado de pesquisa do Instituto Ideia Big Data encomendada pelo movimento liberal Livres. Para 45% dos entrevistados, a privatização deveria depender do setor e considerar também se a empresa em análise fecha suas contas no azul ou no vermelho. Apenas 19% dos entrevistados são favoráveis à privatização de qualquer empresa, independentemente das suas condições.

Já o total de entrevistados contrários à venda das empresas chegou a 21% – portanto, um porcentual maior do que os que são favoráveis à privatização geral. Um grupo de 15% não soube responder. O Livres é uma associação civil sem fins lucrativos que atua como um movimento político suprapartidário em defesa de bandeiras do liberalismo.

A pesquisa entrevistou 1.688 pessoas por telefone celular entre os dias 6 e 11 de janeiro, com recortes de classe social, faixa etária, gênero, escolaridade e região. O público entrevistado foi 52% de mulheres e 48% de homens. A maior parte dos entrevistados (44%) tem idade acima de 45 anos, e 44% escolaridade do ensino fundamental. A margem de erro é de 2,25 pontos porcentuais para mais ou para menos.

A sondagem também ouviu a opinião sobre a venda de estatais específicas. O maior apoio está na privatização dos Correios, que tem o monopólio postal no País, e está na lista apresentada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, para este ano.

Já a privatização dos bancos públicos (Banco do Brasil e Caixa Econômica) e da Petrobras teriam resistência da população. A venda da Eletrobrás, que também está na lista de prioridades do governo Jair Bolsonaro para ser privatizada, divide opiniões com empate técnico.

Para Paulo Gontijo, diretor executivo do movimento Livres, quanto mais as pessoas se deparam com a ineficiência do serviço público, mais são favoráveis à privatização. “Quanto mais as pessoas se deparam com a ineficiência do serviço, mais elas querem privatizar, e quanto mais elas têm a empresa como parte do dia a dia, menos elas querem privatizar. A população não têm noção de quanto custa o grau de eficiência”, disse ele.

O levantamento também questionou os entrevistadores se eles seriam favoráveis à privatização se as agências públicas cuidassem para que os novos donos dessas empresas não cobrassem preços considerados abusivos da população e oferecessem serviços de qualidade. Nesse caso, o porcentual de pessoas a favor da venda das estatais subiu para 39%. Mesmo assim, outros 15% ficaram contrários e 30% responderam que depende de cada empresa.

Quatro entre dez entrevistados defenderam uma oferta de ações para a população em geral das empresas a serem vendidas. O levantamento também mostrou que 38% defenderam o uso do dinheiro da venda das estatais para o pagamento de programas sociais. Dependendo da empresa vendida, o dinheiro arrecadado também poderia ser usado para pagar a dívida pública e gastos do governo, na opinião de 41% dos entrevistados.

Fonte: Correio do Povo

Em 2 anos, governo aprovou 22 PDVs como o proposto por Brandão no BB

Publicado em: 21/01/2021

O governo Bolsonaro aprovou a realização de 22 planos de demissão voluntária (PDVs) nos últimos dois anos em estatais como Banco do Brasil, Caixa e Eletrobras. Apenas em 2019, 12,2 mil empregados aderiram. O governo não fechou os dados de 2020, mas se todos os funcionários tivessem aceitado as condições propostas pelas empresas, outros 35 mil teriam deixado as estatais no ano passado.

Os números mostram que planos de demissão voluntária em estatais são comuns no governo, o que não justificaria a crise envolvendo o presidente do Banco do Brasil (BB), André Brandão, sob ataque. Na segunda-feira, 11, a instituição financeira anunciou planos de fechamento de 112 agências e de desligamento de 5 mil empregados ao longo do primeiro semestre deste ano.

De acordo com dados da Secretaria de Coordenação e Governança de Estatais (Sest) do Ministério da Economia, em 2019, foram aprovados PDVs em estatais como BB e a subsidiária BB Tecnologia e Serviços, Caixa, Banco da Amazônia, Casa da Moeda, Correios, Dataprev, Companhia Docas do Rio de Janeiro, Companhia Docas do Estado de São Paulo, Eletrobras, Embrapa, Infraero, Serpro e Valec.

No ano passado, a Sest aprovou planos de demissão voluntária no BNDES, Banco do Nordeste, Caixa, Correios, Dataprev, Finep e Serpro. O balanço de adesões ainda não foi fechado.

A aprovação de Planos de Demissão Voluntária (PDV) por estatais é uma atribuição da Sest – exceto a Petrobras, que tem autonomia de decisão.

Além do BB, a Petrobrás também abriu plano de demissões voluntárias e aceitará adesões até o fim deste mês. Já a Eletrobras pretende abrir um PDV até o fim deste ano e tem meta de adesão de cerca de 800 funcionários. Na Caixa, 2,3 mil empregados haviam aceitado a proposta de adesão ao PDV até 20 de novembro. O plano foi reaberto em dezembro, e há informações de que ele será novamente aberto neste ano.

Em audiência pública na Câmara realizada no ano passado, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse que a companhia deve reduzir seu quadro de empregados para 34 mil até 2022 – hoje, são 44,3 mil, segundo o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros, Deyvid Bacelar.

Desde o início de 2019 até setembro de 2020, 4,5 mil empregados deixaram a empresa, disse Bacelar. Segundo ele, empregados mais velhos relatam pressão para aceitar mudar de cidade – 12 mil trabalhadores têm mais de 50 anos. “Essa é uma situação que nos preocupa muito, principalmente devido à segurança das unidades e risco de acidentes”, afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: O Liberal

 

Empregados de empresas estatais têm salário médio de até R$ 31,3 mil

Publicado em: 26/11/2020

As estatais brasileiras pagam salário médio mensal de até R$ 31,3 mil – isso sem contar as remunerações das diretorias executivas, que chegam a ganhar até R$ 2,9 milhões por ano. O dado faz parte de um levantamento inédito do governo federal. Para efeito de comparação, no ano passado a renda média de todos os brasileiros (considerando serviço público e setor privado) ficou abaixo de R$ 2,5 mil.

Produzido pelo Ministério da Economia, o Relatório Agregado das Empresas Estatais Federais reúne dados das 46 companhias de controle direto da União e consolida informações contábeis, de gastos com pessoal a reajustes salariais, entre outros números. O levantamento também mostra que a União precisou aportar no ano passado R$ 17 bilhões em 18 dessas estatais, que são dependentes do Tesouro.

A distância entre a remuneração nas estatais e no setor privado já havia aparecido, ano passado, em auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU). Por esse estudo, 86% dos cargos em empresas estatais pagavam salário superior ao de postos semelhantes no setor privado. Ainda segundo o levantamento, os salários em 43% dos cargos nas estatais chegavam a superar o dobro do valor pago em funções semelhantes na iniciativa privada. A pesquisa analisou as remunerações pagas a 376 ocupações em 104 estatais não dependentes do Tesouro, entre as quais Banco do Brasil, Correios, Furnas e Petrobrás.

Um dos indicadores que mais chamam a atenção no relatório divulgado ontem pelo Ministério da Economia são os salários. A remuneração média mais alta, de R$ 31,3 mil, é paga a funcionários da PPSA, estatal responsável por gerir os contratos de partilha oriundos de leilões do pré-sal – e já prometida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, para a fila das privatizações, apesar da resistência do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. A PPSA tem 57 funcionários.

Já a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) conta com 1,5 mil empregados e tem o terceiro salário médio mais alto entre as estatais, de R$ 20,7 mil, ficando atrás apenas do BNDES (que oferece R$ 29,2 mil, em média, de remuneração).

Mas, diferentemente da PPSA e do BNDES, a Codevasf é uma estatal dependente do Tesouro – ou seja, precisa de aportes da União para bancar custeio e despesas com pessoal. O relatório do governo revela que a companhia precisou de R$ 2,7 bilhões nos últimos cinco anos. A Codevasf é também uma das empresas mais cobiçadas pelos políticos, pois responde por obras e projetos de agricultura irrigada, oferta de água e revitalização de bacias hidrográficas em todos os Estados do Nordeste.

“Isso é um legado. Esse tipo de material, somado a esforço de avaliação profunda das 46 estatais, é uma transformação na maneira como se gere essas empresas”, afirmou ao Estadão/Broadcast o secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia, Diogo Mac Cord de Faria, que assumiu o posto em agosto, após a saída de Salim Mattar.

Diretores, presidentes e membros de conselhos fiscais e de administração podem ganhar remunerações muito elevadas à frente das estatais. Na Petrobrás, os membros da diretoria executiva receberam, em média, R$ 2,9 milhões em 2019. Os integrantes dos conselhos de administração e os membros do conselho fiscal ganharam, em média, R$ 194,3 mil e R$ 132,4 mil, respectivamente. No Banco do Brasil, membros da diretoria executiva, inclusive o presidente, receberam, em média, R$ 1,6 milhão no último ano.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: Correio

Lucro das três maiores estatais do Brasil é o maior desde 1993

Publicado em: 20/11/2019

O lucro acumulado pelas três maiores estatais brasileiras – Petrobras, Eletrobras e Banco do Brasil – nos nove primeiros meses de 2019, de R$ 52,065 bilhões, é o maior da série histórica iniciada em 1993. Os números estão em estudo da Economatica que compilou os valores nominais (ou seja, sem ajuste inflacionário) do lucro ou prejuízo das empresas no período.

O resultado de 2019 é 53% superior ao acumulado no mesmo período de 2018, de R$ 33,966 bilhões. No entanto, o maior resultado para o mesmo intervalo até então era o de 2011, com lucro acumulado de R$ 40,648 bilhões. O pior resultado nominal é de 1996, quando as três companhias tiveram, juntas, prejuízo acumulado de R$ 5,026 bilhões até setembro, puxadas pelo resultado negativo de R$ 7,657 bilhões do Banco do Brasil.

Em 2019, a maior contribuição para o lucro recorde foi da Petrobras, com ganhos de R$ 31,984 bilhões nos três primeiros trimestres do ano. De acordo com a Economatica, a petrolífera pode superar seu lucro anual de 2010, de R$ 35,1 bilhões, o maior da série, a depender dos resultados do quarto trimestre.

O segundo maior lucro neste ano até setembro foi o do Banco do Brasil, de R$ 12,468 bilhões. A Eletrobras teve lucro de R$ 7 613 bilhões no mesmo período.

Fonte: R7

Privatização de estatais: o que pode acontecer com os funcionários?

Publicado em: 03/10/2019

Com o anúncio de privatização de nove estatais, cerca de 120 mil funcionários aguardam mais detalhes para saber se as mudanças afetarão suas vidas. De acordo com advogados trabalhistas, apesar de esses empregados terem entrado por meio de concursos públicos, eles são contratados pelo regime CLT, modelo utilizado pela iniciativa privada e, portanto, não têm a mesma estabilidade dos servidores públicos federais que trabalham em órgãos da administração direta como os ministérios, que fazem parte do chamado regime estatutário.

A advogada Lariane Pinto Del-Vechio, do Aith, Badari e Luchin Advogados, lembra que, em outubro do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que as empresas públicas devem justificar a demissão dos funcionários. No entanto, isso não quer dizer que eles tenham estabilidade.

“Os trabalhadores cujo contrato é regido pela CLT não têm estabilidade. O que acontece é que dificilmente esses funcionários são demitidos sem justo motivo, e as demissões não são habituais como na empresa privada e devem ser motivadas formalmente”, explica.

Lariane lembra que as demissões podem ocorrer antes da venda para que as estatais se tornem mais atrativas, com uma equipe mais enxuta, para possíveis compradores. E, no caso dos compradores, a demissão pode ocorrer para diminuir custos e reestruturar o negócio, seja para encerrar serviços ou para colocar uma nova equipe. Não são descartadas demissões pontuais, mudanças para outras áreas ou transferências de cargos e localidades.

Veja o número atual de funcionários das estatais anunciadas para serem privatizadas:

  • Correios – 105 mil funcionários
  • Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) – cerca de 9,2 mil funcionários
  • Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev) – cerca de 3,6 mil funcionários
  • Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) – cerca de 1,3 mil
  • Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) – 600 funcionários
  • Telecomunicações Brasileiras (Telebras) – 503 funcionários
  • Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec) – 192 funcionários
  • Empresa Gestora de Ativos (Emgea) – 91 funcionários
  • Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias (ABGF) – 36 funcionários
  • Total: 120,5 mil funcionários

PDV ou demissões graduais

Segundo a advogada, geralmente a demissão nas estatais é feita num primeiro momento por meio de planos de demissão voluntaria (PDV), depois por demissão de modo gradual e terceirização de funcionários. “Dificilmente ocorre demissão em massa, já que na maioria dos casos as empresas públicas prestam serviços essenciais que não poderiam ser paralisados”, diz.

Em caso de privatização, os novos donos podem demitir sem justificativa, como qualquer outra empresa.

Em relação à questão dos benefícios dos funcionários, eles devem ser mantidos, podendo ser renegociados com anuência dos sindicatos, segundo a advogada.

Lariane ressalta que os funcionários que continuarem trabalhando não poderão perder direitos ou benefícios, “podendo inclusive ter aumento, já que as empresas adquirentes buscam lucratividade e para isso muitas vezes acrescentam pagamentos de comissão, participação no lucro e resultados, gratificações e o que mais acharem necessário para estimular o cumprimento de metas”.

De acordo com João Badari, advogado previdenciário do Aith, Badari e Luchin Advogados, as estatais podem estimular os aposentados a sair. “A Eletrobras realizou um programa para aposentados que pagava indenização e plano de saúde por 60 meses em razão do desligamento. É possível que estatais privatizadas façam o mesmo para estimularem a saída de aposentados. Podem estimular, mas não obrigar”, ressalta.

E quem for demitido pode entrar com ação na Justiça para pedir seus direitos. “Podemos ver que as estatais têm muitos processos em andamento e os investidores sabem disso, e trabalham com isso no momento de negociar o valor da compra, diante dos riscos judiciais”, diz Lariane. Segundo ela, os pedidos que podem ser julgados procedentes são os relacionados às verbas rescisórias e indenizatórias.

Redução de funcionários nas estatais passa de 10%

Segundo o 9º Boletim das Empresas Estatais Federais, no ano passado houve redução de 13.434 pessoas no quadro das estatais em comparação com 2017. As principais reduções foram na Caixa Econômica Federal (-2.728 empregados), Correios (-2.648) e Banco do Brasil (-2.195 empregados).

Já o último levantamento trazido pelo 10º Boletim, no 1º trimestre de 2019 houve redução de 2.444 funcionários em comparação ao mesmo período de 2018. As principais reduções foram nos Correios (-1.721 empregados) e Banco do Brasil (-402).

Em relação a dezembro de 2015, a redução do total do quadro de pessoal das empresas estatais federais foi superior a 59 mil empregados, ou seja, redução de 10,82% do quadro total. Grande parte da redução, cerca de 47 mil (79,32%) vagas, resultou da implementação de PDVs, principal ferramenta de gestão utilizada para a adequação do quadro das estatais, com a estimativa de economia na folha de pagamentos de R$ 7,49 bilhões.

O total de funcionários nas estatais brasileiras era de 492.460 no 1º trimestre de 2019. Os Correios eram a empresa com maior número de empregados: 103.612, seguido do Banco do Brasil (100.706), da Caixa Econômica Federal (84.879) e da Petrobras (47.217). Atualmente, o governo federal tem 130 estatais – veja lista.

Estatal

A privatização das nove estatais anunciadas depende de análise do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que indicará se há condições de mercado para concretizar a venda. As análises também poderão recomendar a manutenção da estatal ou a extinção da empresa.

Por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), é proibida a privatização de estatais sem aprovação do Congresso. Pela mesma decisão, o governo só pode vender as subsidiárias.

Desligamentos podem chegar a 25 mil este ano

Além do anúncio da desestatização dessas nove estatais, levantamento do G1 feito em maio apontou que o número de desligamentos de funcionários de estatais pode chegar a quase 25 mil neste ano.

Entre as estatais que anunciaram PDVs ou programas de aposentadoria incentivada estão Correios, Caixa, Petrobras, Infraero, Serpro e Embrapa. Os planos são voltados principalmente a trabalhadores mais velhos, próximos da idade de se aposentar ou que já estejam aposentados pelo INSS. Veja abaixo:

  • Correios: 7.300 – funcionários com maior idade, maior tempo de serviço e maior tempo de aposentadoria
  • Petrobras: pelo menos 4.300 – funcionários que estejam aposentados até junho de 2020, que trabalham no segmento corporativo e nas unidades em processo de desinvestimento
  • Caixa: 3.500 – funcionários da matriz e de escritórios regionais
  • Embrapa: 2.800 – funcionários acima de 58 anos e com ao menos 20 anos de empresa
  • Infraero: cerca de 600 – funcionários próximos da idade de se aposentar e alocados em aeroportos concedidos à iniciativa privada
  • Serpro: não informado – funcionários que já cumpriram os requisitos para aposentadoria

Fonte: G1

Empresas estatais ajudam alta do mercado no primeiro semestre

Publicado em: 17/07/2019

A emissão de ações do IRB Brasil para que a União e o Banco do Brasil deixem a empresa resseguradora, da qual são acionistas, confirmou uma tendência: a venda de ativos de empresas estatais, que impulsionaram o mercado de capitais no primeiro semestre, deve tanto continuar aquecendo a Bolsa, quanto aumentar o volume de fusões e aquisições, a partir de agora.

Antecipada pelo Estadão/Broadcast, a operação do IRB tem potencial para atingir R$ 8,5 bilhões. Nessa conta, a fatia do BB vale R$ 4,8 bilhões, e a da União, R$ 3,7 bilhões. É tanto dinheiro que analistas afirmaram que, entre os motivos para a queda do dólar ontem, estava a entrada de recursos de investidores estrangeiros, interessados no IRB. A operação está prevista para acontecer dia 18.

Em um início de ano mais lento do que o esperado, por causa de decisões judiciais que atrasaram vendas de ativos da Petrobrás e da demora na aprovação da reforma da Previdência, o volume de fusões e aquisições caiu 19% no semestre, para US$ 20,8 bilhões, segundo a empresa de dados financeiros Refinitiv.

Depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) liberou o maior negócio do ano, a venda da empresa de gasodutos TAG pela Petrobrás para a francesa Engie por US$ 8,6 bilhões, porém, os bancos esperam que os negócios ligados à privatização aumentem. O próximo será a venda, no mercado de ações, da distribuidora de combustível BR Distribuidora, previsto para o fim do mês. “Estamos nos preparando para mais uma rodada de privatizações de infraestrutura, que poderá incluir aeroportos, estradas de ferro e rodovias”, afirmou Hans Lin, chefe da área de banco de investimento do Bank of America no Brasil.

Enquanto as privatizações demoraram para andar, a maior facilidade na venda de participações estatais em empresas listadas na Bolsa elevou o volume de ofertas de ações no primeiro semestre em 45%, para R$ 8,6 bilhões. Foi o melhor primeiro semestre desde 2013.

Grande parte desse crescimento foi provocado por vendas feitas pelos bancos estatais Caixa e Banco do Brasil. Eles tiraram de suas carteiras participações na Petrobrás e na empresa de energia Neoenergia, respectivamente. A Caixa também capitaneou uma oferta com ações do IRB para dar saída a um fundo que administrava recursos do programa de financiamento estudantil Fies.

Desde então, as ações do IRB se valorizaram em 11,48%. No acumulado de 2019, os papéis do IRB acumulam alta de 24,4%. Em um ano, as ações mais que dobraram de valor em meio ao reconhecimento do mercado ao desempenho operacional do ressegurador, que tem se expandido internacionalmente.

Várias operações de venda de ações previstas para os próximos meses, que podem superar R$ 30 bilhões, também envolvem vendas de ativos pelo governo ou empresas estatais. A lista inclui ofertas de ações de empresas já listadas que pertencem a Banco do Brasil, Alupar Investimento, BR Distribuidora e IRB, além da oferta inicial de ações da Caixa Seguridade.

No setor privado

Além das privatizações, a aprovação da reforma da Previdência deve destravar também planos de expansão de empresas privadas, que aguardavam a definição do cenário econômico.

“Esperamos um volume maior de fusões e aquisições privadas no ano que vem, já que o prazo entre o início das discussões e os anúncios costuma ser de cerca de nove meses”, diz Eduardo Miras, chefe da área de banco de investimento do Citi no Brasil. O Citi liderou o ranking de assessoria a fusões e aquisições este ano, com cinco negócios que totalizaram US$ 10,2 bilhões, segundo dados da Refinitiv.

Miras espera maior atividade especialmente no setor elétrico. Alessandro Zema, chefe da área de banco de investimento e presidente do Morgan Stanley no Brasil, disse que houve aumento na concessão de mandatos por empresas privadas para fusões e aquisições, e acredita em mais negócios no varejo, depois das recentes aquisições da Netshoes e da varejista de eletroeletrônicos Via Varejo. “Segmentos da economia diretamente afetados pela recessão como o setor de consumo e varejo tiveram fusões e aquisições reduzidas”, disse Zema. “Isso deve mudar daqui para a frente com as melhores perspectivas para a economia.”

Fonte: Estadão

Alexandre Moraes suspende ações sobre demissão imotivada em estatais

Publicado em: 18/06/2019

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta semana suspender todas as ações em tramitação no país que tratem da demissão de funcionários concursados de empresas públicas cuja dispensa não tenha sido motivada. A decisão é provisória até que o plenário decida sobre o assunto.

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O tema é acompanhado de perto pelas empresas públicas que atuam em livre concorrência com as companhias privadas, como os bancos públicos, por exemplo. Essas estatais defendem estar submetidas ao regime jurídico das empresas privadas, conforme estaria orientado na Constituição.

A decisão do ministro foi tomada em um recurso extraordinário feito por cinco funcionários do Banco do Brasil, demitidos em 1997 sem que o banco desse motivo para a dispensa. Para eles, a sociedade de economia mista feriu os princípios de moralidade e impessoalidade que regem a administração pública.

Desde então, o caso se desenrola no Judiciário. Os autores perderam a causa no Tribunal Superior do Trabalho (TST), antes de recorrerem ao Supremo. O primeiro relator do recurso, o falecido ministro Teori Zavascki, chegou a dar ganho de causa aos empregados, mas a decisão acabou revertida por Alexandre de Moraes, que herdou o processo.

Após um novo recurso dos autores, o STF decidiu pela repercussão geral. Isso significa que os ministros do Supremo consideraram haver uma questão constitucional relevante a ser discutida, e que ao julgá-la, o que não há prazo para ocorrer, deverá ser definida uma tese como parâmetro para todos os casos semelhantes em tramitação na Justiça do país.

Em outubro do ano passado, o STF já tomou decisão no sentido de que qualquer empresa pública está submetida a princípios da administração pública e por isso devem motivar a demissão de funcionários admitidos via concurso. Na ocasião, porém, o plenário decidiu restringir os efeitos da decisão somente à Empresa de Correios e Telégrafos.

O Banco do Brasil alega que a essência de sua atividade não é suprir a necessidade de um serviço público, como os Correios, e que atua em concorrência com as empresas privadas, motivo pelo qual o entendimento do Supremo naquele caso não se aplicaria ao banco.

Fonte: Época Negócios

Governo desiste de vender tudo e preserva mais 12 estatais

Publicado em:

Antes com o discurso de vender tudo, a equipe econômica do governo Jair Bolsonaro reviu sua política para estatais e agora vai deixar de privatizar ao menos 12 empresas. O governo constatou as dificuldades ou a inviabilidade financeira de algumas delas. Em outros casos, o problema é a resistência nos ministérios, especialmente no caso das estatais ligadas à Defesa.

Além de Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES, o Ministério da Economia inseriu na lista de empresas que não serão vendidas 8 das 18 estatais que dependem de recursos do Tesouro para sobreviver. Entre elas, estão companhias do ramo militar como a Amazul (Amazônia Azul Tecnologias de Defesa). Ligada à Marinha, desenvolve o submarino de propulsão nuclear. O projeto começou em 2012 e deveria ser concluído em 2025 –com o atraso, o término foi adiado para 2029.

Outra a ser mantida é a Emgepron (Empresa Gerencial de Projetos Navais), criada em 2013. Também ligada à Marinha, gerencia pedidos de embarcações, reparos navais e comercializa bens no setor.

Permanecerá pública também a Indústria de Material Bélico do Brasil, que fabrica e vende produtos de defesa e segurança para clientes como Forças Armadas, polícias e clientes privados.

Contribuíram para a decisão nessa área as diferenças de visão entre militares e equipe econômica sobre as privatizações. As divergências começaram a aparecer já na época da transição de governo, no fim do ano passado.

Representantes do time do ministro da Economia, Paulo Guedes, já falavam que, por eles, seriam colocadas à venda todas as estatais —mas que representantes das Forças Armadas eram contrários.

A diferença já foi exposta por Guedes. “Os nossos militares olham para algumas delas [estatais] com carinho, como filhos, porque foram eles que as criaram. Mas eu digo ‘olha que seus filhos fugiram e hoje estão drogados'”, afirmou em evento sobre privatizações em fevereiro.

A resistência é observada também em outras pastas. Desde o começo do ano, representantes da equipe econômica têm feito reuniões com diferentes ministérios com o objetivo de checar a viabilidade das privatizações.

Encontram resistências dos titulares. Bolsonaro também já se posicionou de forma contrária à venda daquelas consideradas estratégicas para o país. Também será mantida a Embrapa (de pesquisa agropecuária), ligada à Agricultura. A interpretação é que companhias como essa geram um valor que não é apenas medido pelo lucro ou prejuízo.

Há um conjunto de outras empresas consideradas no governo importantes para executar ações ligadas a políticas públicas e que, por isso, serão mantidas neste momento. Estão nesse universo empresas ligadas a hospitais, como a Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), o Hospital de Clínicas de Porto Alegre e o Grupo Hospitalar Conceição. A CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, também segue estatal.

Procurada, a Secretaria de Desestatização e Desinvestimento informou em nota que a Constituição determina que a exploração direta de atividade econômica pelo Estado “só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo”. “Neste sentido, a manutenção de empresas estatais pela União só se dará se esses critérios forem observados”, afirma o texto.

Hoje, são 134 empresas estatais, sendo que as 18 dependentes do Tesouro demandam cerca de R$ 20 bilhões ao ano. O secretário especial de Desestatização e Desinvestimento do Ministério da Economia, Salim Mattar, defendeu ao tomar posse que estava desenvolvendo um programa com o objetivo de se desfazer de tudo. “Estamos apenas no pré-projeto de um programa para desestatizar tudo. O Estado não deve competir com a iniciativa privada”, disse.

Há três meses, Guedes deu declarações semelhantes ao dizer que, “no final, vai a [privatização da] Petrobras também, vai o Banco do Brasil”. “Tem que ir tudo”, defendeu.

A intenção do ministro é vender as empresas para reduzir o endividamento público. Hoje, o valor das estatais corresponde a 27% da dívida líquida do setor público. Em 2010, a relação chegava a 60%.

O governo ainda estuda o destino de outras empresas. É o caso dos Correios, que já teve a análise sobre a venda liberada por Bolsonaro.

Segundo representantes da equipe econômica, há diferentes compradores potencialmente interessados, principalmente pela capilaridade da companhia no território brasileiro.

Outras estatais podem ter um fim diferente da venda, como a EBC (Empresa Brasil de Comunicação). Recentemente, o presidente da República afirmou em entrevista que ela será extinta.

Fonte: Folha de S.Paulo

Ministro Paulo Guedes quer ‘passar faca’ nas empresas estatais

Publicado em: 29/05/2019

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou na quarta-feira (22) que o governo começará “daqui a pouco” a privatizar “peixes grandes”, ao ressaltar que os recursos obtidos com as privatizações serão transferidos aos bancos por meio do pagamento dos juros da dívida pública.

Disse Guedes, durante um seminário sobre a reforma da Previdência em Brasília, que “por enquanto não tem peixe grande, só coisinha pequena aqui, concessões ali. Daqui a pouco vão entrar os grandes, nós vamos começar os grandes também. Está tudo sendo preparado”, destacou o ministro.

Em seguida, Guedes disse que o dinheiro arrecadado seria utilizado para o pagamento dos juros da dívida pública, que segundo ele, é uma vergonha para Brasil – já que este ano a expectativa do governo é de gastar R$ 360 bilhões com essa despesa.

“Com as privatizações, vamos travar essa despesa (com juros da dívida), que para o Brasil é uma vergonha”, afirmou Guedes.

Guedes não disse que peixes grandes são esses, mas no mês de março deste corrente ano, o ministro declarou durante um evento intitulado “A Nova Economia Liberal”, realizado na Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio, que se livraria de todas as estatais, inclusive a Petrobrás.

Disse Paulo Guedes: “Eu trouxe o Salim Mattar, com apetite enorme, doido para privatizar o máximo possível, doido para passar a faca…”, declarou, referindo-se ao secretário especial de Desestatização e Desinvestimento, secretaria do Ministério da Economia com foco em privatizações.

Na quinta-feira (16), em Dallas (EUA), Guedes anunciou que pretende entregar o Banco do Brasil para o Bank of America.

As críticas declaradas por Paulo Guedes aos gastos do governo com juros são falaciosas, pois se Guedes estivesse realmente incomodado com os gastos do governo com a dívida pública, ele diminuiria os juros a patamares civilizados, por meio da redução da taxa básica de juros da economia (Selic), já que governo que tem o poder de definir essas taxas.

Mas, Bolsonaro pretende entregar definitivamente as decisões econômicas do País, inclusive as taxas de juros, para os monopólios financeiros que controlam o Banco Central, ao propor a lei que permite a autonomia ao Banco Central (BC).

Fonte: Hora do Povo

Programas de cortes em estatais preveem desligamento de mais de 25 mil funcionários

Publicado em: 22/05/2019

Em meio à orientação do governo federal de reduzir custos e gerar resultados, as estatais deverão enxugar ainda mais o quadro de funcionários em 2019. Levantamento feito pelo G1, a partir de informações do Ministério da Economia e das próprias empresas, aponta que o número de desligamentos no ano poderá passar de 25 mil.

Segundo Fernando Soares, secretário de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest) do Ministério da Economia, já foram aprovados pelo governo este ano 7 programas de demissão voluntária (PDVs) ou de aposentadoria incentivada de empresas distintas.

A estimativa do governo é de um total de 21,5 mil desligamentos ao longo do ano somente com esses sete programas, o que poderá gerar uma economia com folha de pagamento da ordem de R$ 2,3 bilhões por ano.

O número não inclui o PDV anunciado em abril pela Petrobras, que pela lei não precisa de aval do governo para lançar programas de desligamento. Considerando também a expectativa de 4,3 mil demissões na petroleira, o total de desligamentos previstos no ano em estatais chega a 25,8 mil.

“Além desses, já temos outros 4 em discussão”, disse o secretário Soares em entrevista ao G1.

A lista das estatais envolvidas, entretanto, ainda não foi tornada pública. Segundo o secretário, a abertura de PDVs ou programas de aposentadoria incentivada é uma “decisão estratégica de cada empresa” e não cabe ao governo “queimar a largada”.

“A secretaria aprova os parâmetros. Cabe à diretoria das empresas, em conjunto com a área de recursos humanos, conversar com os funcionários e fazer um trabalho de divulgação”, disse.

Entre as estatais que já anunciaram PDVs ou programas de aposentadoria incentivada estão Correios, Petrobras, Infraero, Serpro e Embrapa. Os planos são voltados principalmente a trabalhadores mais velhos, próximos da idade de se aposentar ou que já estejam aposentados pelo INSS. Veja quadro abaixo:

Redução do quadro começou em 2015

O enxugamento do quadro de pessoal das estatais vem ocorrendo continuamente desde 2015, em movimento iniciado ainda no governo Dilma Rousseff.

Segundo dados da Sest, o número total de funcionários empregados em estatais federais caiu de 554.834 no final de 2014, para 494.912 final de 2018 (último dado disponível), o que representa uma queda de 11% (59.922 a menos).
De acordo com a secretaria, desde 2015, já chegam a cerca de 44 mil o número de cortes resultantes da implementação de programas de desligamento voluntário.

Somente no ano passado, houve uma redução de 13.434 pessoas no quadro das estatais através deste mecanismo. As principais reduções foram na Caixa Econômica Federal (2.728), Correios (2.648) e Banco do Brasil (2.195), segundo os dados oficiais.

Atualmente, a estatal com o maior número de funcionários é os Correios, com 105 mil trabalhadores. Na sequência, estão Banco do Brasil (101 mil), Caixa (84,9 mil) e Petrobras (62 mil).
Confirmada a expectativa de mais de 25 mil cortes em 2019, o quadro de funcionários nas estatais irá recuar para o menor patamar em ao menos 10 anos.

“Queremos que as empresas se reinventem, realoquem e apliquem mais tecnologia de forma que possamos ter de fato uma redução de custos e um aumento da produtividade da mão de obra… Essas estatais e participações da União precisam gerar resultado e fazer sentido para a sociedade”, afirma o secretário.

Redução de custos e reação de funcionários

Embora as medidas de enxugamento das estatais sejam bem recebidas pelo mercado, elas têm sido criticadas pelos sindicatos e federações de trabalhadores.

A Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), por exemplo, classifica o programa de desligamentos nos Correios como “parte do projeto de sucateamento das estatais visando a terceirização e a privatização”.

“A imposição de um plano de saúde abusivo, extinção de cargos e a falta de concurso para carteiros desde 2011 provocaram um déficit no quadro da empresa que tem gerado sobrecarga e queda na qualidade dos serviços prestados à população”, disse a Fentect, em nota.

Questionado sobre os riscos da redução dos quadro comprometer a qualidade do serviço prestado pelas estatais, Soares disse que o melhor indicador de eficiência das empresas é o de rentabilidade, e destacou que o resultado das estatais melhoraram nos últimos anos.

“Os resultados mostram que estamos melhorando. Saímos de um resultado negativo de R$ 32 bilhões em 2015 para um lucro de R$ 25 bilhões em 2017. Ainda estamos fechando os dados consolidados das estatais em 2018, mas posso adiantar que será substancialmente maior”, afirmou.

Considerando somente os conglomerados das maiores estatais (BB, BNDES, Caixa, Eletrobras e Petrobras), o lucro passou de R$ 28,3 bilhões para R$ 70 bilhões.

Atualmente, 18 estatais, que reúnem cerca de 77 mil trabalhadores, ainda seguem dependentes do Tesouro Nacional. Ou seja, precisam receber dinheiro para pagar suas despesas, pois não geram receita suficiente.

País tem atualmente 134 estatais federais

Atualmente, são 134 estatais federais, sendo 88 delas subsidiárias de Petrobras, Eletrobras, Banco do Brasil, Caixa, Correios e BNDES. Em 2016, eram 154. Veja aqui a lista.

Nos últimos dois anos, 20 estatais já foram privatizadas ou liquidadas, sendo a maioria delas subsidiárias da Eletrobras e da Petrobras.

O governo do presidente Bolsonaro tem prometido reduzir significativa o número de estatais e defende a venda de uma série delas e de suas subsidiárias.

Entre as empresas à frente da fila da privatização, cuja venda já está sendo formatada pelo Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do governo federal, estão Eletrobras, Casa da Moeda, Ceasaminas, CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos) e Trensurb (Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre).

“É complexo dar uma previsão para o ano, mas acredito que vamos reduzir esse número. Somente a Eletrobras tem 28 subsidiárias embaixo dela”, avaliou o secretário.

Na avaliação do secretário de Desestatização e Desinvestimentos do Ministério da Economia, Salim Mattar, as mais de 100 estatais sob o controle do governo federal podem render cerca de R$ 490 bilhões para a União. Segundo ele, apenas Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDES e Petrobras deverão ser preservados como empresas estatais.

“Além das privatizações do PPI, temos a política de desinvestimentos que vai ser acelerada na Petrobras, venda de subsidiárias, extinções e outras modalidades que também ajudarão a gerar um enxugamento das estatais e do número de funcionários”, acrescentou Soares.

Fonte: G1

Governo vai reduzir quantidade de estatais financeiras em quatro anos, diz secretário

Publicado em: 25/04/2019

O secretário especial da Secretaria Especial de Desestatização e Desinvestimento do Ministério da Economia, Salim Mattar, criticou nesta terça-feira a quantidade de estatais financeiras e disse que em quatro anos o governo “vai dar um jeito nisso”.

“Vai haver muita discussão no governo na hora certa. Mas este governo não deseja competir com bancos. O governo não tem que emprestar dinheiro”, disse Salim, acrescentando que tem respaldo do presidente Jair Bolsonaro na agenda de desestatizações.

Salim lembrou que um total de US$ 12,1 bilhões foi arrecadado neste ano entre vendas de ativos, concessões na área de infraestrutura e desinvestimentos. A meta citada pelo secretário para este ano é de US$ 20 bilhões. “Espero que (eu) possa superar minha meta”, afirmou.

O secretário disse que os presidentes da Caixa, Pedro Guimarães, e da Petrobras, Roberto Castello Branco, são seus “dois maiores aliados” na agenda de desestatizações. “Vamos reduzir substancialmente o número de empresas subsidiárias da Petrobras”, afirmou, citando o exemplo de Pasadena, refinaria localizada nos Estados Unidos e que está sendo vendida à Chevron.

Segundo ele, o governo está convicto de que a reforma da Previdência será aprovada pelo Congresso e gerará economia de “no mínimo” 1 trilhão de reais em dez anos.

“Acreditamos que a sensatez estará com o Congresso na hora da votação e que a reforma não será desidratada”, afirmou o secretário em evento promovido pelo Itaú Unibanco em São Paulo.

Fonte: UOL

BB, Caixa e Petrobras devem permanecer como estatais ‘bem magrinhas’, diz secretário

Publicado em: 31/01/2019

O secretário-geral de privatizações do governo federal, Salim Mattar (foto), afirmou nesta terça-feira (29) que a Petrobras, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal devem ser as únicas companhias a permanecerem estatais na gestão do presidente Jair Bolsonaro. Entretanto, elas devem ficar “bem magrinhas” – o que indica que subsidiárias vão ser vendidas.

José-Salim-Mattar-Júnior

Na abertura de evento do Credit Suisse Group, banco suíço de investimentos, Mattar ainda destacou que tem como meta superar de “25% a 50%” o montante que o ministro da Economia, Paulo Guedes, pretende arrecadar com as vendas de estatais. No Fórum Econômico Mundial, Guedes estimou valores em US$ 20 bilhões – mais de R$ 74,5 bilhões.

“Vamos surpreender”, afirmou Mattar, destacando que a intenção é vender todas as outras estatais. No caso da Eletrobras, ele pretende capitalizar a companhia e tirar o governo do controle dela, em um primeiro momento. “Na área de óleo e gás, só vai permanecer a Petrobras”, disse o executivo, que também é fundador da empresa Localiza.

“A Petrobras é uma mega companhia, mas não tem eficiência e produtividade que falam no mercado.” Para ele, a companhia deve começar “lentamente” a vender participações de muitas subsidiárias. “A tendência é que, até o final deste governo, a Petrobras tenha vendido todas as participações.” Essa é uma das metas da gestão.

O secretário disse que o governo federal “não pode continuar sendo empresário, mas sim cuidar de coisas que fazem sentido para a população”, como saúde e educação. “Não faz sentido o governo atuar na área de seguros.” De acordo com Mattar, o Brasil tem hoje 134 estatais que podem ser privatizadas – Michel Temer privatizou 20, o PT criou 48.

“Queremos o povo rico e o Estado mais enxuto. Se vendêssemos todas estatais poderíamos reduzir nossa dívida para R$ 3 trilhões.” Ele disse fazer trabalho de “formiguinha” para convencer outras pastas a vender estatais, mas reforçou que executivos que assumiram Petrobras e BB têm visão de mercado e não têm resistência a privatizar subsidiárias.

Segundo Salim Mattar, o País tem “18 estatais dependentes”, que custam R$ 15 bilhões por ano ao governo, como EBC, Valec, CBTU, Embrapa e Codevasf. Para ele, governos sociais democratas são “fingidos”, não gostam de capitalismo e empresários. “Este governo gosta de empresários”, disse ele, destacando que haverá segurança jurídica para se fazer negócios.

Fonte: Jovem Pan com Estadão Conteúdo

Fundos de pensão estatais deverão ser apenas de contribuição definida

Publicado em: 17/01/2019

O patrocínio de novos planos de benefícios de previdência complementar dos fundos de pensão ligados a estatais federais deverão ser exclusivamente na modalidade de contribuição definida (CD), de acordo com uma resolução divulgada pela Comissão Interministerial de Governança e de Administração de Participações Societárias da União (CGPar), no final do ano passado.
A medida também determinou que os planos de benefício definido (BD) deverão ser fechados a novas contribuições.

Na prática, o governo oficializou o que muitos dos principais fundos de pensão como Previ (Banco do Brasil) e Petros (Petrobras) fizeram no final dos anos 1990 e início dos anos 2000. Atualmente, entre os maiores, Fapes (BNDES) e Funcesp (empresas elétricas do Estado de São Paulo) determinaram o fechamento dos planos a novas adesões e abriram novos planos de contribuição definida.

Nos planos BD, a aposentadoria é vitalícia e o valor é definido previamente. Além disso, em caso de déficits, os participantes e as patrocinadoras devem fazer contribuições adicionais para sanear os rombos, o que acontece recentemente com a Petros e também a Funcef, dos funcionários da Caixa Econômica Federal.

Já os CDs adotam o conceito de contas individuais e as aposentadorias dependem do valor acumulado. No caso da Petros, a patrocinadora Petrobras, vai lançar um plano de contribuição definida chamado PP-3 destinado exclusivamente aos participantes do plano BD.

O objetivo é evitar novos planos de equacionamento, mas a migração será voluntária. Ainda de acordo com a resolução, estatais federais patrocinadoras de planos de benefícios deverão, no máximo a cada dois anos, avaliar a economicidade, ou seja, a relação entre custo e benefício a ser observada na atividade pública, de manutenção do patrocínio dos planos de benefícios nas entidades que os administram.

“A diretoria executiva da empresa estatal deverá propor ao conselho de administração a transferência de gerenciamento quando verificar a não economicidade de manutenção da administração do plano na entidade fechada nas condições vigentes”, diz o documento.

A resolução da CGPar, de 6 dezembro, também determina que o percentual máximo de contribuição normal do patrocinador para novos planos de benefícios fica fixado em 8,5% da folha de salário de participação. Para o cálculo do valor do benefício, deverão ser considerados os últimos 36 salários – hoje são os últimos 12.

Fonte: Valor Econômico

BB, Petro, Eletrobras e Cemig: qual estatal mais deve subir na Bolsa com Bolsonaro?

Publicado em: 08/11/2018

A vitória de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais deve continuar afetando positivamente as ações das estatais na opinião dos principais gestores de ações do país. O InfoMoney perguntou para sete gestores de grandes fundos quais estatais mais devem se valorizar nos próximos meses.

A maioria acredita que os papéis do Banco do Brasil terão o melhor desempenho entre as estatais. Em segundo lugar na preferência aparece a Petrobras, seguida pelas ações da Cemig e Eletrobras – que empataram em terceiro lugar no “ranking de confiança” dos gestores para os próximos 12 meses.
Todas estas empresas já vêm registrando forte alta na Bolsa nas últimas semanas por conta da expectativa de que o candidato do PSL ganhasse as eleições.

Apenas no mês de outubro as ações do Banco do Brasil (BBAS3) valorizaram 44,3%, as da Petrobras (PETR3, PETR4) tiveram alta de 24,9% e 31,25%, os da Cemig (CMIG4) ganharam 55,17% e os da Eletrobras (ELET3) avançaram 51,06%.
Ainda assim, gestores e analistas continuam enxergando boas chances de alta para estes papéis no médio prazo.

Veja mais detalhes sobre os possíveis “gatilhos de alta” destas ações nos próximos 12 meses:

1 – Banco do Brasil

Mesmo com a forte alta em outubro, assim que o resultado das eleições foi anunciado a equipe de análise da XP Investimentos decidiu aumentar o preço-alvo das ações de R$ 41,00 para R$ 51,00. “Com a definição da eleição, estamos mais confiantes de que o banco será capaz de seguir com as iniciativas de crescimento da rentabilidade. A recuperação econômica do Brasil e a execução das tão necessárias reformas também impulsionarão o BB e outros bancos”, disseram.

Para os analistas, o risco x retorno da ação ainda é bastante atrativo, o que justifica a recomendação mesmo após a valorização de mais de 40%. “Negociando a 7,0x P/L (XPe), um desconto de 30% com relação aos pares privados, o múltiplo ainda está 22% abaixo da sua máxima de 9,0x em março de 2018”, afirmam.

Embora Bolsonaro não tenha declarado nenhuma política ou visão específica em relação ao setor financeiro, a XP acredita que sua abordagem liberal à economia deverá implicar em uma menor interferência, especialmente em bancos públicos. “Atribuímos, portanto, um menor risco político às ações, refletido em uma redução de 0,5% no seu custo de capital”, disseram.

Os analistas projetam que as receitas com tarifas manterão sólida tendência de crescimento, dado o foco do banco em serviços e a possível joint-venture com uma operação estrangeira para potencializar as atividades de atacado. Outro destaque são os cortes de custos. “[Os cortes] devem continuar, uma vez que o banco ainda tem espaço para melhorias nessa frente”, afirmaram.

O Itaú BBA também divulgou recentemente um relatório sobre o setor financeiro e reiterou que o BB é um dos seus bancos preferidos, com expectativa de crescimento de 15,6% do lucro no próximo ano.

2 – Petrobras

João Braga, gestor de ações da XP Gestão, destaca que a Petrobras é a principal posição do fundo atualmente. Ele afirma que a empresa tem muitos triggers (gatilhos de alta), que justificam o tamanho da fatia que ela ocupa na carteira.

Entre estes gatilhos está a cessão onerosa, além da melhora operacional, com plano de venda de ativos e consequente continuação do processo de redução de endividamento da empresa. “A apesar da alta da ação, ela ainda está negociando em múltiplos muito baratos, 4x ev / ebitda, perto das mínimas históricos”, justifica Braga.

A equipe de research da XP Investimentos identifica menores riscos de intervenção na política de preços de combustíveis da companhia em 2019 em diante, com base em afirmações do presidente eleito de que manteria repasses de preços de petróleo e câmbio, mesmo que com uma frequência menor.
“Com maior visibilidade na capacidade de geração de caixa da Petrobras, vemos espaço para uma maior valorização das ações e redução do nível de desconto em relação às petroleiras globais em termos de múltiplos, atualmente em 15%”, dizem.

3 – Cemig

A Cemig é uma concessionária de energia elétrica que pertence ao governo de Minas Gerais, e ficou em terceiro lugar entre as estatais que mais devem subir na avaliação dos gestores de ações. Romeu Zema (Novo), governador eleito no último domingo, já sinalizou em entrevista ao InfoMoney que tem planos de privatizar a companhia.

As ações da Cemig também podem se beneficiar do ambiente macro brasileiro. Isso porque em um cenário de retomada econômica e de juros baixos, o setor de distribuição de energia – do qual a Cemig faz parte – sai ganhando por conta do maior consumo de energia elétrica, segundo a XP Investimentos. Nesta semana, a equipe de análise do Bradesco BBI optou por elevar o preço-alvo das ações da Cemig de R$ 13 para R$ 16 em 12 meses.

Segundo os analistas do BBI, os principais pontos que embasam a maior confiança na alta do papel são: corte de custos da empresa no governo Zema; queda mais rápida na alavancagem associada à redução de despesas com juros; e a venda presumida da usina hidrelétrica Santo Antonio a valor contábil.

4 – Eletrobras

A possibilidade de privatização da Eletrobras no governo Bolsonaro vem impulsionando os papeis da estatal e continua deixando muitos investidores otimistas. Em julho, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei que permitiria a privatização de seis hidrelétricas, o que animou o mercado pela possibilidade de resolver o problema do déficit de geração das hidrelétricas da ordem de R$ 8,8 bilhões.

No dia 16 de outubro, no entanto, o Senado rejeitou o mesmo projeto de lei por 34 votos a 18. Assim, o leilão de privatização da unidade Amazonas, que estava marcado para 25 de outubro e era considerado estratégico para o setor, foi adiado para o final de novembro.

A equipe de análise do Bradesco BBI divulgou relatório recentemente afirmando que a aumentou a possibilidade da Eletrobras vender a unidade Amazonas no leilão planejado para o dia 27 de novembro. “A planta não é um ativo estratégico e, ao vendê-lo, o balanço da Eletrobras ficaria “mais limpo”, abrindo caminho para a privatização em 2019/2020”, afirmaram.

Fonte: Infomoney

Seis das principais estatais têm possível débito trabalhista de R$ 43,8 bilhões

Publicado em: 19/07/2018

O julgamento de uma ação bilionária com ganho de causa para funcionários da Petrobras nas últimas semanas evidenciou a dimensão dos passivos trabalhistas que ameaçam as finanças das estatais. Levantamento feito pelo GLOBO com as seis principais empresas públicas do país — Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Eletrobras, Correios e BNDES — mostra débito possível de R$ 43,8 bilhões (dados do 1º trimestre de 2018). Desse montante, R$ 14,2 bilhões são considerados como “risco de perda provável”. Ou seja, são dados como praticamente perdidos e têm que ser provisionados dentro do balanço financeiro das empresas.

O débito possível representa 7,6% do total do patrimônio líquido (que exclui as dívidas e mostra a saúde financeira) dessas empresas. Por outro lado, só o passivo provável corresponde a quase todo o lucro que as estatais tiveram no primeiro trimestre deste ano, de R$ 14,9 bilhões. Isso significa que, apesar de deixarem provisionados em seus balanços os valores que consideram perdidos, qualquer surpresa nas decisões judiciais que não estão provisionadas pode representar um aperto no manejo financeiro dessas estatais. Em última instância, a situação pode prejudicar decisões de investimento e afetar a imagem de empresas perante investidores.

— Uma empresa com um passivo desses no balanço perde valor em Bolsa. O risco nesses casos é grande, porque a Justiça do Trabalho é protetiva (ao trabalhador) no sentido de que essas verbas discutidas são consideradas como de natureza elementar — diz a advogada Maria Lúcia Benhame, sócia do escritório Benhame Sociedade de Advogados.

Em empresas menores, a fragilidade é ainda maior e ameaça efetivamente o patrimônio das estatais. No Serpro, responsável pelo processamento de dados federais, dois acordos fechados com funcionários e uma decisão judicial a favor de um grupo de empregados, no fim do mês passado, geraram uma conta milionária para a empresa, de R$ 351 milhões. O número não só é bem maior que o lucro obtido pela estatal no trimestre, de R$ 73 milhões, como representa metade de todo o patrimônio líquido da empresa. Os acordos foram feitos para evitar prejuízo muito maior: a empresa calculava que, se perdesse esses processos integralmente na Justiça, a conta seria superior a R$ 1 bilhão.

Para os especialistas, os passivos altos refletem uma combinação de fatores, que vão desde falhas de gestão estratégica até a morosidade da Justiça no país, que leva processos a tramitarem por décadas e a atingirem cifras vultosas após correção monetária. No caso do Banco do Brasil, por exemplo, só a atualização monetária engordou o passivo provável em R$ 56 milhões no período de um ano. Nos Correios, o aumento foi de R$ 1,8 milhão apenas entre dezembro de 2017 e março de 2018.

O Globo

Os passivos trabalhistas são corrigidos pela Taxa Referencial e por juros (simples) de 1% ao mês. No caso do Serpro, um dos acordos, feito em processo que se alongava há quase 30 anos no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) do Rio, deu a dez empregados da empresa o direito de receber R$ 80 milhões, após todas as correções e juros referentes às três décadas. Eles foram demitidos em 1989 e pediam reintegração. Há casos em que um único empregado receberia R$ 25 milhões, conforme revelou o colunista do GLOBO Ascânio Seleme.

PETROBRAS E ELETROBRAS TÊM OS MAIORES PASSIVOS

O maior passivo é o da Petrobras, que tinha provisionados, até março, R$ 4,7 bilhões para perdas prováveis. O número é mais da metade do lucro da estatal no primeiro trimestre, de R$ 6,96 bilhões. Outros R$ 24 bilhões são questionados em ações judiciais, mas são considerados como “saída de recursos não provável ou para os quais não seja possível fazer uma estimativa suficientemente confiável do valor da obrigação”.

A principal dessas ações foi julgada há 15 dias pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), que deu ganho de causa para os funcionários da Petrobras. O processo, que envolve um conjunto de ações coletivas movidas por trabalhadores de 15 estados, discute o cálculo de remunerações adicionais dos empregados da estatal e contempla 51 mil funcionários ativos e inativos da petroleira. Os sindicatos querem que adicionais, como periculosidade, fiquem de fora do cálculo da remuneração mínima e sejam pagos separadamente. Se não conseguir sucesso em seu recurso no Supremo Tribunal Federal (STF), a Petrobras poderá ter um impacto nas contas de R$ 17 bilhões: gastos de R$ 15,2 bilhões com salários retroativos e um aumento de R$ 2 bilhões na folha de pagamento a cada ano.

Um outro processo, movido pelo Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense contra a estatal, quer que a companhia pague como hora extra tudo que ultrapassar as 12 horas diárias de jornada aos trabalhadores embarcados nas plataformas e navios. A ação, que está no TST, quer também que a companhia seja obrigada a respeitar “intervalo interjornada” (período entre a saída do trabalho e sua volta ao serviço) de 11 horas. Ou seja, no dia em que o funcionário tiver que extrapolar sua jornada, terá de entrar mais tarde no dia seguinte. A Petrobras estima que esse processo lhe custará R$ 1,3 bilhão.

A Eletrobras tem o segundo maior passivo da lista, estimado em R$ 6,6 bilhões. Destes, R$ 2,2 bilhões são considerados como prováveis. Entre as ações sofridas pela empresa de energia está um processo movido pela Federação Nacional dos Urbanitários (FNU) contra o presidente da empresa, Wilson Ferreira Júnior, após ele ter chamado de “vagabundos” e “safados” parte da chefia da empresa. A federação pede indenização equivalente a dez salários mínimos (R$ 9.540,00) para 23 mil trabalhadores, além de indenização por dano moral coletivo. A ação tramita em fase inicial.

A Caixa tem estimados R$ 4,5 bilhões provisionados para 63,9 mil processos trabalhistas. O Banco do Brasil e os Correios têm passivos de R$ 2,7 bilhões e R$ 992,8 milhões, respectivamente. E o BNDES, R$ 57,8 milhões, em 187 processos que envolvem o banco. A maior parte deles, 126, já está no TST. Mesmo que as empresas percam as ações, o pagamento dos passivos não deve se dar em única parcela. Ele costuma ser dividido em vários anos.

HORAS EXTRAS, O PRINCIPAL QUESTIONAMENTO

Entre as estatais analisadas pelo GLOBO, o principal motivo que leva os funcionários a entrarem na Justiça é o questionamento de horas extras. O advogado trabalhista Fernando Peluso, do escritório Peluso, Stüp e Guaritá Advogados, explica que as horas extras estão no topo das reclamações trabalhistas do país. E ressalta que, no caso dos bancos, é uma discussão sujeita a interpretações variadas, uma vez que há uma série de questionamentos sobre a jornada desse tipo de profissional:

— O empregado está executando as tarefas e, quando vê, passou. Além disso, casos de horas extras ficam mais comuns à medida que as empresas estão com quadros de empregados mais reduzidos. Nas instituições financeiras, existe ainda uma discussão jurídica ampla sobre o tamanho da jornada.

Também estão na lista de processos contra as estatais questionamentos sobre indenizações, complementação de aposentadoria, descaracterização de jornada de trabalho, adicional de gratificação de função, benefícios, participação nos lucros e responsabilidade subsidiária.

Para Maria Lúcia Benhame, há descuido por parte das empresas, tanto do setor privado quanto do público, na gestão estratégica de questões trabalhistas. Para ela, há pouca preocupação com uma atuação preventiva, para evitar que tantos casos parem na Justiça. A advogada explica que muitos dos problemas são resultado de acordos mal gerenciados.

— Faltam coisas básicas, como o cuidado de documentar ata de assembleia, votação e apuração — diz, completando: — O problema é uma má gestão diária e um total desprezo da área executiva das empresas em relação à área trabalhista. Ela é vista como uma área menor, que só traz despesa. Não se investe em informação, em construir uma expertise em negociação sindical, para que isso seja bem feito.

O advogado Domingos Fortunatto, sócio do escritório Mattos Filho, ressalta, no entanto, que há um esforço perceptível das estatais na busca de acordos e conciliações:

— Antes, ninguém dava atenção para isso. Agora, os números são grandes, e as empresas têm tomado cada vez mais cuidado. As empresas públicas têm liderado iniciativas para celebrar acordos. Existe uma conscientização para diminuir a litigiosidade.

A Caixa, por exemplo, está dando andamento a uma política de conciliação judicial e extrajudicial com o objetivo de diminuir os litígios e os valores:

“Visando reduzir o litígio judicial e diminuir os valores despendidos nos processos, a Caixa continua executando sua política de conciliação judicial e extrajudicial, realiza o cumprimento espontâneo de certas decisões judiciais e faz a análise das perdas incorridas a fim de mitigar novos litígios de causas semelhantes. Em virtude disto, as ações relevantes não são individualmente divulgadas para não inviabilizar a realização de acordos”, diz a empresa em seu demonstrativo financeiro.

Procuradas, as empresas se limitaram a reiterar as informações de seus balanços. O Tribunal de Contas da União (TCU) disse que não tem nenhum processo ou investigação relacionados aos passivos trabalhistas das estatais.

Fonte: Jornal O Globo

Presidentes do BB e BNDES alertam contra uso político de estatais

Publicado em: 30/05/2018

Os presidentes Banco do Brasil e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social alertaram nesta terça-feira contra o uso político de estatais por governos, em meio a discussões sobre a política de preços da Petrobras desencadeadas pela greve dos caminhoneiros.

“O Brasil tem experiências malsucedidas de mau uso de estatais, incluindo bancos, pelo governo”, disse o presidente do BNDES, Dyogo Oliveira, durante o Fórum de Investimentos Brasil 2018. “Ninguém mais vai aceitar propostas de candidatos (nas eleições) que prejudiquem as estatais.”

O presidente-executivo do BB, Paulo Caffarelli, disse que a experiência de usar bancos públicos para tentar baixar os juros bancários fracassou. “Essa política deu errado”, disse Caffarelli.

Fonte: Jornal Extra

Pouca eficácia de estatais alimenta discurso eleitoral a favor das privatizações

Publicado em: 17/05/2018

O Brasil tem 146 empresas estatais em funcionamento, que movimentam R$ 1,4 trilhão ao ano. Na lista, há gigantes como a Petrobras, Eletrobras e Banco do Brasil, e empresas desconhecidas e com pouca transparência, como Ebserh, EPL e Amazul. Os resultados da Operação Lava Jato e a crise econômica criaram ambiente favorável à privatização e o tema está ganhando corpo no debate eleitoral – Jair Bolsonaro (PSL), Geraldo Alckmin (PSDB), Alvaro Dias (Podemos), Rodrigo Maia (DEM), Henrique Meirelles (MDB), Flávio Rocha (PRB) e João Amoêdo (Novo) defendem abertamente algum nível de privatizações . Uma análise desse universo mostra que a maioria dos serviços estatais poderiam ser prestados pela iniciativa privada.

Apenas quatro entre as 18 estatais dependentes de recursos do Orçamento atuam em áreas que podem ser consideradas estratégicas ou de segurança nacional, como defesa e pesquisa nuclear. Outras 14 estão em áreas onde já existe a atuação de empresas privadas no Brasil, como serviços de saúde, pesquisa e gestão de projetos (de energia, agricultura ou recursos hídricos), e transportes. São áreas de interesse dos investidores e empresas que atuam nesses ramos.

Em 2017, R$ 20,2 bilhões de recursos que deixam de ir para programas em áreas básicas e não geram receitas (como saúde e educação) para alimentar as estatais dependentes.

“O grau de dependência dos recursos do governo federal é de modo geral bastante elevado. Esse é um aspecto que chama atenção, pois a organização de certas atividades de interesse público na forma empresarial sugere certa capacidade de geração própria de recursos”, avalia a Instituição Fiscal Independente (IFI), ligada ao Senado, em relatório especial sobre a atividade estatal dependente no Brasil.

A necessidade de recursos do governo não é exclusividade de estatais dependentes. Em 2017, outras 11 empresas tiveram aportes de dinheiro público aprovados, que chegaram a R$ 3,3 bilhões. A maior parte desses aportes foi para a Infraero, que administra aeroportos, uma área de grande interesse do capital privado e que pode ser rentável. A empresa recebeu R$ 3 bilhões.

E o buraco é ainda maior. Mais de 20 empresas (dependentes e não-dependentes) são ralos de dinheiro público e têm patrimônio líquido negativo. Juntas, essas empresas registraram quase R$ 33 bilhões em perdas, que no futuro terão de ser cobertas pelo governo, por capitalização ou por empréstimos.

E o atendimento aos mais pobres?

Se não atuam em áreas de defesa ou segurança nacional, por que manter as estatais, principalmente aquelas que não geram lucros? A falta de atratividade à iniciativa privada em alguns setores é apontada por defensores da presença estatal como a razão para se manter sob responsabilidade do estado parte dos serviços.

Um desses casos seria a Embrapa, empresa de pesquisa e desenvolvimento na área agrícola. O trabalho da empresa auxilia o agricultor familiar e produtores de menor porte. Dependente do governo, ela recebeu R$ 3,2 bilhões em 2017 do Tesouro. Sua atuação em pesquisa mostra resultados e é importante para o setor, como a produção e comercialização de 1.200 toneladas de sementes básicas em 2016. A empresa afirma que para cada R$ 1 investido, foram R$ 11 que retornaram à sociedade brasileira.

Mas sua área de atuação tem interesse financeiro privado e a estatal conta com grande participação de parceiros ou co-financiadores. De um orçamento de ações que somaram R$ 937 milhões, R$ 564 milhões vieram de “outras fontes”, segundo informativo da entidade de março de 2017. Além disso, os gastos com pessoal dispararam na Embrapa e mais que dobraram desde 2008, chegando a R$ 2,8 bilhão em 2017, descolando de outros custos da empresa, que se mantiveram estáveis.

O governo tem meios de exigir, cobrar e custear uma gama de serviços que não sejam rentáveis para as empresas e precisam ser prestados. A regulação do setor de energia e telecomunicações já trouxe algumas respostas. Ao conceder à iniciativa privada uma outorga de distribuição de energia elétrica, o governo faz exigências e impõe metas que devem ser cumpridas pelas empresas privadas.

É o caso da Universalização Elétrica, custeada parcialmente pelo governo federal pelo programa Luz para Todos. O governo repassa os valores pelas empresas e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) define o prazo para que as empresas levem energia às regiões mais remotas de sua área de atuação.

Este ano, cinco empresas terão de cumprir as metas de levar instalação elétrica a toda a zona rural sob sua concessão, nos estados do Amazonas, Acre, Alagoas, Piauí e Rondônia. O não cumprimento das metas pode acarretar em multas e punições, que em última instância podem levar à perda da concessão.

As empresas distribuidoras de eletricidade também têm compromissos em atender a novos clientes em sua área de atuação. A resolução 414, da Aneel, estabelece regras para pedidos de novos clientes em locais que não tenham ligação.

Outra iniciativa do setor elétrico que pode servir de exemplo para garantia a prestação de serviços com caráter social, que não tenham interesse da iniciativa privada, é a Tarifa Social, no qual o conjunto de consumidores paga em sua conta de luz para que a população de baixa renda tenha descontos nas suas tarifas. Em fevereiro de 2018, foram gastos R$ 197 milhões com essa compensação, para todo o Brasil.

Em algumas distribuidoras, a fatia de consumidores beneficiados pela Tarifa Social chega a ser mais de um terço da população total atendida pela empresa. Esse é o caso da CEMAR (Maranhão), empresa que foi privatizada em 2006 e adquirida pelo grupo Equatorial Energia.

Sem formas de mensurar prestação de serviço ao cidadão

Mensurar a contrapartida que a atuação da maioria das estatais gera ao cidadão brasileiro é algo quase impossível. Faltam informações sobre a gestão da empresa, contas e metas, bem como gestão de risco adequada e canais de denúncia em 16% das estatais avaliadas pela Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST), do Ministério do Planejamento.

Segundo o Indicador de Governança (IG-SEST), apenas oito entre 48 estatais federais de controle direto da União avaliadas (todas as dependentes estão incluídas) têm o melhor nível de governança previsto (Nível 1), incluindo Eletrobras, Petrobras e Banco do Brasil. Quatro empresas se enquadram no Nível 2. Mas a grande maioria das empresas não atendem aos requisitos mínimos de governança.

Fonte: Gazeta do Povo

Estatais melhoraram governança em 70%, defende Ministério do Planejamento

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As empresas estatais melhoraram em 70% o desempenho de suas notas no Indicador de Governança (IG-Sest) do Ministério do Planejamento. A pontuação saiu de 4,08 em novembro, quando ocorreu a primeira divulgação do índice, para 6,93 pontos em maio. Os resultados foram divulgados na manhã desta sexta-feira (11/5) pela pasta.

O relatório analisa o desempenho de três temáticas das empresas. Na categoria gestão, controle e auditoria, a nota saiu de 5,8 pontos para 7,2 pontos. A nota de transparência das informações saiu de 3,2 para 5,9 pontos. Na última análise, a pontuação de conselhos, comitês e diretorias saiu de 1,9 para 7,9 pontos.

De acordo com o ministro do Planejamento, Esteves Colnago, a divulgação de cada ciclo ocorrerá a cada seis meses. “Das 47 empresas avaliadas, 41 divulgam regularmente uma relação dos membros de sua alta direção. São práticas de transparência que estão bem além do que é feito por empresas privadas”, defendeu. “Parabenizo as estatais pelo engajamento em atender o índice de governança e também por terem evoluído 70% em seis meses”, completou.

Níveis

Entre as empresas que estão no nível mais alta de governança (nível 1), estão o Banco do Brasil, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Caixa Econômica Federal, a DataPrev, a Eletrobras, a Infraero, o Serpro e a Petrobras. Do outro lado da lista, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) está no menor nível (nível 4).

Fernando Antônio Ribeiro Soares, secretário de coordenação e governança das empresas estatais, alegou que, no caso das empresas com avaliação baixa, “intervenção é demasiado forte”, mas o Planejamento está contactando e perguntando sobre os resultados de forma mais intensiva. Colnago disse ainda que o próximo passo é convocar membros independentes da sociedade para “auxiliar na construção do índice de melhoria das nossas estatais”.

De acordo com Ribeiro Soares, há espaço para melhorar ainda mais e é isso que a pasta vai buscar. “Nós sabemos, porém, que o resultado já mostrou uma grande atuação da secretaria (de governança) e das estatais”, analisou.

O secretário apontou ainda que, para o próximo ciclo, será necessária a comprovação de treinamentos realizados com os funcionários, nomeação de membros independentes no CA, exigência de atas de reuniões do comitê de auditoria e divulgação de forma detalhada e individual da remuneração dos administradores e conselheiros fiscais.

Melhora

Depois do primeiro ciclo, em novembro, a nota de 10 empresas estatais subiram quatro pontos. São eles a Infraero, a ECT, a Codeba, a Casemg, a CBTU, a Ceitec, a Conab, a CPRM, a EPE e a HCPA.

Para melhora da nota de gestão, controle e auditoria, todas as empresas passaram a elaborar o Plano Anual de Auditoria Interna (Paint) e o Relatório de Atividades de Auditoria Interna (Raint). “Houve efetivamente uma melhoria das empresas com o amadurecimento da Lei das Estatais”, disse Colnago.

Ribeiro Soares revelou que a avaliação trata da transparência das empresas e apontou que é uma mudança cultural que demanda tempo. “Mas o importante é que nós estamos fazendo isso e está dando resultados. Nós esperando que essa maior governança se traduza em melhores resultados para a sociedade. E, nesse sentido, nós já estamos vendo melhor nos resultados financeiros das companhias”, disse.

Fonte: Correio Braziliense

IBGC vai sugerir currículos para conselhos do BB, Caixa e seis estatais

Publicado em: 04/05/2018

O Ministério da Fazenda fechou acordo com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) para receber currículos de profissionais para os Conselhos de Administração das empresas estatais vinculadas à pasta, como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, mas as indicações podem ou não ser acatadas.

Em nota, a Fazenda disse nesta sexta-feira que o IBGC não terá exclusividade, mostrando-se disposta a fechar o mesmo tipo de acordo com outras instituições do mesmo gênero. De acordo com o documento, o acordo não exige gastos públicos. O IBGC explicou, por meio de um comunicado, que todos profissionais que foram certificados conselheiros pelo instituto cujos currículos se encontram em seu banco de dados “foram previamente selecionados por meio de um rigoroso exame escrito e entrevista pessoal”.

“São detentores de experiências relevantes, possuem profundos conhecimentos de governança corporativa, assimilaram os valores e princípios de boa governança disseminados pelo instituto e são profissionais atualizados por meio de processo de educação continuada”, afirma o IBGC em nota.

A Fazenda não soube informar se os currículos de indicados pelo instituto serão tornados públicos, antes das eventuais nomeações. Hoje, os integrantes dos conselhos de administração de estatais da União são escolhidos pelo governo com base em indicações políticas, a maioria delas de partidos da base de sustentação do Executivo no Congresso.

O acordo com o IBGC prevê indicações para oito estatais vinculadas à Fazenda. Além de BB e Caixa , a parceria engloba sugestões também para os bancos da Amazônia e do Nordeste, Casa da Moeda, Dataprev, Serpro e Emgea. Já as autarquias subordinadas à pasta, cujos dirigentes passam por sabatina no Senado Federal, ficam de fora do acordo, como o Banco Central, e os reguladores do mercado de capitais (CVM), de Seguros (Susep) e dos fundos de pensão (Previc).

Em janeiro, 12 vice-presidentes da Caixa Econômica Federal foram afastados pelo Presidente Michel Temer, por 15 dias, por estarem envolvidos em denúncias feitas pelo Ministério Público Federal (MPF). Em seguida, o então Ministro da Fazenda Henrique Meirelles afirmou que todos os novos dirigentes e os que permaneceram na estatal iriam passar por avaliações técnicas.

Fonte: Último Instante

Com nova lei das estatais, lucros de empresas públicas disparam

Publicado em: 05/04/2018

Pelo segundo ano consecutivo, empresas públicas federais apresentaram lucro. Esse movimento de recuperação e de resultados positivos só foi possível com a nova lei de estatais, que criou novas regras para a gestão dessas companhias. Segundo o Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, essa mudança fez as estatais evoluírem de um prejuízo de R$ 32 bilhões em 2015 para um lucro de R$ 28,4 bilhões em 2017.

Esse desempenho expressivo é o acumulado apenas das maiores empresas: Banco do Brasil, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Caixa Econômica Federal, Eletrobras e Petrobras. Frente a 2016, o lucro dessas companhias aumentou mais de 200%.

Segundo o presidente da Petrobras, Pedro Parente, a companhia está no caminho de uma retomada consistente. “Estamos numa trajetória consistente de recuperação, seguindo à risca o que nos propusemos no nosso plano de negócios”, explicou durante a divulgação dos resultados da petroleira, que no ano passado lucrou R$ 377 milhões.

Ele lembrou ainda que a empresa avançou em governança e transparência, como determina a lei das estatais, e isso levou a reconhecimentos importantes: a certificação no programa destaque de governança estatal; e a candidatura da empresa ao nível 2 de governança na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa).

A Petrobras também conseguiu ampliar o prazo médio da sua dívida e reduzir o valor médio das taxas de juros que pagava para se financiar. “Com sólidos resultados operacionais e gestão ativa da nossa carteira de projetos, tivemos avanços importantes nas finanças das nossas empresas”, afirmou Parente.
Lucro do BB

O presidente do Banco do Brasil, Paulo Rogério Cafarelli, também celebrou o desempenho da instituição que comanda e disse que o banco se tornou muito mais competitivo. “O Banco do Brasil precisou, nesse momento, se adequar para ter competitividade, e posso dizer aqui com muito orgulho que o Banco do Brasil não se apequenou”, afirmou durante a divulgação dos resultados do banco. No ano passado, a instituição registrou mais de R$ 11 bilhões de lucro e o melhor resultado ajustado desde 2012.

“A premissa básica do Banco do Brasil sempre foi, nesta nossa gestão, de nos juntarmos aos nossos competidores com relação à rentabilidade, e esse resultado é o primeiro passo dentro desse objetivo e mostra que nós estamos no caminho certo”, argumentou. O BNDES também apresentou resultado expressivo no ano passado, quando fechou as contas com lucro de R$ 6,1 bilhões. Entre outros motivos para esse resultado, a instituição conseguiu reduzir em R$ 2,45 bilhões as provisões para risco de crédito.
Valor de mercado das estatais

De acordo com o secretário da Coordenação e Governança das Empresas Estatais do Ministério do Planejamento, Fernando Ribeiro Soares, os resultados são interessantes e mostram o impacto do trabalho que tem sido desenvolvido pelo Governo do Brasil. Esse desempenho, segundo ele, também se reflete no valor das estatais no mercado financeiro. “Vemos uma melhoria forte do BB, a Petrobras também tem uma valorização e a Eletrobras segue estável”, relatou. “O que a gente percebe é que há uma continua recuperação do valor de mercado das nossas empresas”, afirmou.

Fonte: Governo do Brasil

Lucro das estatais cresce 214% em 2017, diz Planejamento

Publicado em: 28/03/2018

O lucro líquido das cinco maiores empresas estatais do país (Petrobras, Eletrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES) foi de R$ 28,3 bilhões em 2017, um crescimento de 214,1% em relação ao ano anterior. O balanço está no boletim das estatais, divulgado nesta quarta-feira (28) pelo Ministério do Planejamento, durante coletiva de imprensa.

O resultado se deve principalmente à recuperação de caixa da Petrobras, que depois de registrar três anos consecutivos de prejuízo (em 2016 foram R$ 13 bilhões a menos), obteve lucro de R$ 377 milhões no ano passado, puxando o rendimento global das empresas públicas para cima.

Para Fernando Ribeiro Soares, titular da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest) do Ministério do Planejamento, os números refletem a política de redução de custos adotada pelo governo desde 2016, que incluiu privatizações (desinvestimentos) e planos de demissão voluntária. “Na hora em que as empresas deixaram um leque grande de atividades e passaram a foca naquilo que elas fazem de melhor, o resultado apareceu. Reduziu-se o custo e aumentou-se a produtividade, acabou que isso se demonstrou no resultado. Claramente é o que se está fazendo no caso da Petrobras”, destacou.

Desde 2016, o governo diminuiu de 154 para 146 o número de estatais federais no país, por meio da extinção, venda ou incorporação de empresas por outras. Do total existente, 98 são estatais não-dependentes do Tesouro Nacional e estão sob controle indireto da União. As outras 48 empresas públicas são de controle direto, sendo que 30 não-dependem do Tesouro e outras 18 são dependentes do orçamento público federal.

A grande maioria das estatais, no entanto, registrou baixo percentual de investimento em 2017, com média geral de 59% de execução, algo em torno de R$ 50,3 bilhões, puxados principalmente por Petrobras e Eletrobras. Os baixos investimentos, de acordo com Fernando Soares, foram resultado da necessidade de redução do endividamento das empresas e dos planos de privatização em curso.

“É ruim, porque a gente gostaria de mais investimento, mas eu acredito que é uma atitude estratégica necessária para o momento. Quando a alavancagem [endividamento] dessas empresas estiver em níveis adequados, esses investimentos serão retomados”, ponderou o secretário. No ano passado, o endividamento das estatais ficou em R$ 412 bilhões, uma redução de 24,3% em relação a 2015, quando o endividamento chegou R$ 544 bi, o maior da série histórica.

No caso das 18 empresas públicas dependentes do Tesouro Nacional, o secretário destacou uma redução de gastos de R$ 2 bilhões entre 2016 e 2017.

Pessoal

O Boletim das Estatais também traz números atualizados sobre o quadro de pessoal das empresas públicas federais. Em 2017, elas encerraram o ano com um total de 504.444 empregados. O número representa uma redução de pouco mais de 28 mil postos de trabalho (5,39%) em relação ao ano anterior. A grande maioria desses desligamentos se deve à implementação de programas de demissão voluntária, responsáveis por 90,2% da redução. As estatais que mais demitiram no ano passado foram os Correios (7.488), Caixa (7.324), Petrobras (4.060) e Banco do Brasil (3.198).

Fernando Soares também citou a redução de outras despesas administrativas e reajustes salariais “mais restritivos” adotados pelas empresas públicas no ano passado, “como manda o cenário atual”. Dos 22 processos de negociação coletiva entre sindicatos e estatais que o Ministério do Planejamento monitorou em 2017, somente sete resultaram em ganho real no salário dos empregados. Em 14 convenções coletivas, os reajustes salariais apenas fizeram a correção da inflação (em quatro empresas) ou ficaram até mesmo abaixo do índice geral de preços (em 11).

Fonte: IstoÉ

Fundos estatais deixam de ganhar R$ 85 bilhões por ineficiência

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Uma auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União) que comparou o desempenho de fundos de pensão públicos e privados concluiu que entidades estatais de previdência deixaram de ganhar R$ 85 bilhões em 2016 devido à ineficiências na gestão.

Segundo o tribunal, o mau desempenho se concentrou nas três maiores entidades de estatais -Previ (dos funcionários do Banco do Brasil), Petros (Petrobras) e Funcef (Caixa Econômica Federal). Os três fundos, que concentram quase 483 mil associados, deixaram de ganhar R$ 75 bilhões no período.

Por isso, o tribunal decidiu buscar a reparação dos danos causados aos beneficiários de planos de aposentadoria dessas três estatais. No julgamento, o TCU exigiu que os conselhos deliberativos desses fundos enviem o cálculo dos prejuízos.

PARALELO

Os auditores destrincharam os investimentos de todos os fundos de pensão -estatais e privados- de julho de 2006 a maio de 2017. A comparação entre os públicos e os privados ocorreu com base na evolução do patrimônio líquido.

Em 2016, os recursos somados dos 305 fundos privados registraram um aumento de 4% contra uma perda de 15% nos 88 estatais. Essa diferença de desempenho, ainda segundo os auditores, correspondeu aos R$ 85 bilhões.

“O resultado agregado da Previ, Petros e Funcef foi pior que o consolidado de todos os fundos públicos”, disse o ministro José Múcio Monteiro, relator do processo no julgamento do caso, na quarta-feira (21).

O patrimônio dessas entidades não pode render menos do que a inflação mais 6% ao ano, limite definido pela Previc (Superintendência Nacional de Previdência Complementar), que regula os fundos de pensão. Nenhum dos três alcançou a meta.

O desempenho negativo se deve principalmente à compra de cotas de fundos de participação (FIPs) de projetos com mau desempenho ligados à Sete Brasil, Multiner, OAS, Enseada, entre outros investigados por suspeitas de fraude em operações policiais, como Lava Jato, Greenfield, Sépsis e Cui Buono.

No período considerado pelo TCU, essas aplicações causaram perdas de R$ 15,5 bilhões. A Previ aplicou em 25 fundos desse tipo -dez sofreram perdas de 50% do valor das cotas e, em cinco, ela foi total. Na Petros, dos 35, 18 desvalorizaram 50% e sete, 100%. Na Funcef, dos 46 investidos, 19 encolheram pela metade e dez, totalmente.

“Na Previ, apenas seis dos 25 FIPs apresentaram retorno positivo; na Petros, sete dos 37; e, na Funcef, 13 dos 46. “Não se pode atribuir perdas desses fundos com esse instrumento financeiro às vicissitudes usuais do mercado. Há indícios de falhas na gestão dos aportes”, disse Monteiro no relatório.

O TCU também avaliou a atuação da Previc. Para o tribunal, o órgão não tem poder suficiente de punição. Outro problema é que os administradores não são agentes públicos e, portanto, não podem ser processados por improbidade administrativa. Não há tampouco previsão legal para que eles sejam cobrados por prejuízos.

OUTRO LADO

Por meio de sua assessoria, a Previ questiona o relatório do TCU. A entidade informa que o resultado negativo dos planos no passado se deve à recessão e não a investimentos mal feitos, que pesaram muito pouco. O fundo do diz que opera com superávit. Ainda segundo a Previ, outro ponto controverso na avaliação do desempenho negativo pelo TCU foi não ter considerado a distribuição do superávit entre 2010 e 2013, quando R$ 25 bilhões saíram do resultado do fundo e foram para as contas dos beneficiários dos planos.

A Petros informou que ainda mantém investigações para averiguar eventuais irregularidades. Além disso, segundo a entidade, está em andamento, com o suporte de um escritório de advocacia, estudo sobre a atuação de ex-dirigentes em eventuais prejuízos durante os seus mandatos. Se houver prejuízo comprovado, a Petros ingressará com processos de responsabilização de ex-dirigentes para buscar ressarcimento.

A Previc também não quis se manifestar. A Funcef não respondeu até a conclusão desta edição.

Fonte: Correio do Estado

Novos servidores de estatais perderão plano de saúde: começará pelo BB

Publicado em: 16/03/2018

Concurseiros de todo o país foram pegos de surpresa ao lerem o edital do novo concurso do Banco do Brasil, divulgado semana passada. Segundo o documento, os 60 candidatos aprovados no processo seletivo não terão direito ao plano de saúde que, atualmente, beneficia os demais trabalhadores do BB. O banco é a primeira instituição federal a adotar a medida determinada pelo Ministério do Planejamento.

Por ordem do Planejamento, a regra de não constar benefícios em editais de novos certames federais está valendo desde 18 de janeiro. Nesse dia, a pasta publicou resolução trazendo a determinação, voltada para todos os funcionários de estatais que passarem em processos seletivos a partir deste ano. “Os editais de processos seletivos para admissão de empregados das empresas estatais federais não deverão prever benefícios de assistência à saúde”, diz o artigo 11.

Com a exigência da pasta, outras instituições também deverão suprimir de suas publicações o direito ao plano de saúde. O Metrópoles apurou que o mesmo deverá acontecer no próximo concurso da Caixa Econômica Federal. Além dos bancos públicos, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, Petrobras, Eletrobras, Telebras e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também são instituições federais obrigadas a seguir a determinação do Ministério do Planejamento.

Correr enquanto dá tempo

Quem está estudando para o concurso do Banco do Brasil tenta manter o otimismo e não perder o foco. Para o concurseiro Alex Ramos, 34 anos, os cortes de benefícios estão acontecendo também na iniciativa privada, portanto, é hora de correr contra o tempo. Ele quer ser aprovado e convocado antes de suprimirem outros atrativos dos editais. “É uma realidade dos trabalhadores brasileiros. Com a reforma trabalhista, estamos perdendo direitos a cada dia”, afirmou.

Carlos André Nunes, advogado e especialista em concursos, não vê candidatos abandonando os livros devido à redução de benefícios. Proprietário de um curso preparatório para aprovação em estatais, ele garante que, apesar da diminuição de vantagens, o setor público ainda é atrativo. “A estabilidade e a remuneração um pouco maior, se comparadas à iniciativa privada, são fatores importantes. Mas o próprio concurseiro percebeu a diminuição de regalias, ainda mais neste governo [do presidente Michel Temer]”, comentou.

Em nota, o Ministério do Planejamento afirmou não haver recomendação do governo para a retirada de planos de saúde e, sim, uma exigência apenas para que a assistência esteja fora dos editais de concursos. “A decisão de ofertar ou não o benefício a novos empregados, após início do exercício do emprego público, cabe à gestão da empresa. Além disso, as normas constantes da resolução alcançam exclusivamente as empresas estatais federais. Os órgãos da administração direta (a exemplo de ministérios) e de outros poderes não são alcançados por tais dispositivos”, completou.

Outros cortes

Também no início de 2018, o Planejamento determinou que um sistema paritário de contribuição relativo ao pagamento dos serviços de assistência à saúde seja implementado nas estatais, em no máximo quatro anos. Ou seja, os servidores já trabalhando nesses locais terão de dividir, em partes iguais com as empresas, os custos com a manutenção dos planos de saúde.

Os funcionários dos Correios deflagraram greve nacional por esse motivo. Em nota, a estatal afirmou que contempla, além de empregados, dependentes e cônjuges, pais e mães dos titulares, e isso significaria um alto custo mensal à instituição.

Fonte: Metrópoles