A Pernambucanas está trocando o comando. Depois de sete anos, Sérgio Borriello está deixando a presidência da varejista. Será substituído por Marcelo Labuto, um executivo com uma carreira de mais de 30 anos em bancos. Labuto foi CEO do Banco do Brasil, do BB Seguridade e, pelos últimos anos esteve à frente das operações de varejo do Santander. E essa experiência não é um mero detalhe.
Além do varejo, a empresa está apostando cada vez mais fichas na financeira, a Pefisa. O movimento vai na contramão do que tem feito, por exemplo, a Marisa, outra varejista com maior exposição às classes C e D e que recentemente transferiu sua carteira de crédito — que nos últimos anos vinham drenando recursos — para a Credsystem num acordo de 15 anos.
Na Pernambucanas, a Pefisa é a menina dos olhos. No primeiro semestre, a carteira de crédito da operadora financeira cresceu 15,5%, para R$ 3,8 bilhões, quando comparado ao mesmo período do ano anterior. O temor com a pandemia e, depois, o avanço da inadimplência das famílias com a esticada dos juros fizeram com que a Pernambucanas tirasse o pé das concessões em 2020 e 2021. Mas ao longo de 2022 e deste ano, a operação foi recuperando fôlego.
É ela, aliás, que ajuda a entender o aumento na linha de empréstimos e financiamentos, que passou de R$ 706 milhões para algo na casa de R$ 2 bilhões ao fim de 2022. Para oferecer crédito, a companhia emite letras de câmbio e CDBs oferecidos pelas plataformas de investimento e essas emissões ganharam maior tração desde o ano passado.
Além do crédito oferecido aos clientes da Pernambucanas, seja por empréstimos ou cartões — cuja emissão cresceu 6% com 1,4 milhão de cartões novos no semestre –, a empresa tem crescido sua operação como prestadora de serviços financeiros para clientes de outras marcas.
É o caso, das parcerias com o Palmeiras e a marca de calçados Carmen Steffens. O Palmeiras Pay, lançado em janeiro de 2023, já possui uma base de mais de 350 mil clientes e o cartão Carmen Steffens, lançado em março de 2023, representa uma base de 38 mil clientes ativos. A carteira de parcerias fechou em R$ 230 milhões ao fim de junho.
A ideia da empresa é aumentar esse tipo de negócio, de acordo com uma pessoa próxima à operação ouvida pelo EXAME IN. Isso porque, embora as parcerias aumentem a necessidade de provisões para perdas, o resultado com crédito (receita menos perdas de crédito) cresceu 25% de janeiro a junho. A expectativa é de que duas a três novas parcerias sejam anunciadas entre o fim de 2023 e o começo de 2024.
No varejo, look repaginado
Enquanto a operação financeira vai retomando o protagonismo, o varejo também foi se reajustando. Desde 2018, a empresa já havia parado de vender linha branca, como são chamados produtos como geladeira, fogão e máquina de lavar e vinha reduzindo sua presença física. A varejista criada em 1908 chegou a registrado algo em torno de 700 lojas, mas em 2019 não chegava a 400 pontos.
A Pernambucanas chegou a ensaiar uma ida à Bolsa em meados de 2020, mas precisou engavetar o plano – um movimento que ainda está no horizonte da administração da companhia, mas que saiu da lista de prioridades.
A empresa colocou, então, outra estratégia para rodar: aumentou a participação em vestuário, que já responde pela metade da receita. Itens de cama, mesa e banho respondem por 25% e celulares e eletroportáteis por outros 25%, e foi expandindo a presença física. Ao fim de seu ciclo na Pernambucanas, Borriello pode celebrar o fato de ter cumprido a meta de chegar a 500 lojas, como previu em abril de 2022.
No ano passado, a receita bruta do varejo e da financeira chegou a R$ 4,8 bilhões, um avanço de 17% e o lucro bruto cresceu 22%, para R$ 2,35 bilhões, mostrando que a operação já estava mais rentável. A missão de Labuto, agora, é conseguir entregar ao fim do ano ao menos um crescimento de 5%, apurou o EXAME IN.
Também é de seguir nessa toada ao longo de 2024, conseguindo, além disso, inaugurar mais lojas no Norte e Nordeste do país, onde a Pernambucanas ainda tem pouca presença.