A carteira rural do Banco do Brasil chegou a R$ 170,3 bilhões em dezembro de 2019, um crescimento de 0,6% em 12 meses. Em dezembro de 2018, a instituição totalizou R$ 169,4 bilhões. Os números estão no balanço referente ao quarto trimestre e ao ano passado, detalhado nesta quinta-feira (13/2), em São Paulo (SP). A conta inclui as contratações de crédito rural no período (R$ 166,20 bilhões), além de Cédulas de Produto Rural (CPR) e garantias (R$ 4,113 bilhões).
O crédito para pessoas físicas somou R$ 159,5 bilhões, um aumento de 6,5% em 12 meses. Em dezembro de 2018, o montante foi de R$ 149,7 bilhões. A participação na carteira rural passou de 88,4% para 93,6% no período. Já o destinado para pessoas jurídicas caiu de R$ 19,6 bilhões para R$ 10,9 bilhões no período, com a participação passando de 11,6% para 6,4% em um ano.
O crescimento da carteira rural em 2019 ficou dentro do previsto nas projeções do banco para o ano passado, de expansão entre 0,5% e 3%. Mesmo próxima do mínimo previsto, o resultado foi positivo, na avaliação do vice-presidente de Agronegócios e Governo, João Rabelo. Ele explicou que, enquanto houve aumento no crédito para “dentro da porteira”, houve menor participação da agroindústria.
“Eles (clientes agroindustriais) estão indo por outros caminhos, estão sendo atendidos por outros títulos do agronegócio e do mercado financeiro. Não deixaram de ser assistidos, mas são grandes tíquetes e que estão conseguindo soluções no mercado de capitais. E, nos produtores, pessoa física e jurídica, aumentamos e crescemos bem de resultado”, analisou o executivo.
Na contabilidade do banco, o crédito agroindustrial foi desconsiderado do cálculo da carteira rural, sendo somado à carteira pessoa jurídica. Em dezembro de 2019, essas operações somaram R$ 13,22 bilhões, 31,5% a menos que em dezembro de 2018. Incluído esse valor, a carteira total do BB de crédito para o agronegócio, R$ 183,53 bilhões, foi 2,7% menor.
Maior participação
Em 2019, a carteira rural aumentou a participação para 25,01% do total do Banco do Brasil, que, em dezembro de 2019, chegou a R$ 680,7 bilhões. Em 2018, essas operações responderam por 24,23% do total, que foi de R$ 699 bilhões.
Para 2020, a instituição projeta um crescimento entre 1% e 4% no crédito rural. Segundo Rabelo, a instituição manterá a estratégia de concentrar as operações do segmento nos produtores. A linha de crédito agroindustrial é vinculada à carteira pessoa jurídica. O executivo disse acreditar que os financiamentos a juros livres, com taxas de mercado, tendem a ganhar cada vez mais peso na estratégia do banco para a agropecuária.
MP do Agro
Os executivos do Banco do Brasil manifestaram expectativa positiva em relação à MP do Agro, que muda regras para o crédito rural e está em discussão no Congresso. O texto-base foi aprovado na terça-feira (11/2) no plenário da Câmara dos Deputados e, depois da avaliação dos destaques, segue para o Senado.
Uma das principais medidas previstas é a formação de Fundos Garantidores Solidária, com a participação de representantes de credores e de devedores. Outra é o chamado patrimônio de afetação, que permite ao produtor rural oferecer apenas uma parte da sua propriedades como garantia para a obtenção dos financiamentos.
“Muda bastante o que está acontecendo. Conseguiremos fazer mais operações digitais. A ideia é que, com a simplificação e a atualização da MP do Agro, vamos poder ampliar isso muito mais, soltar soluções mais adaptadas e levar para as operações do agro as características que temos nas operações de pessoa física”, disse o vice-presidente de Agronegócios e Governo, João Rabelo.
Lucro maior
No resultado geral, o Banco do Brasil encerrou 2019 com lucro líquido de R$ 17,8 bilhões, um aumento de 32,1% em relação a 2018. em linha com as projeções para o ano, que estavam entre R$ 16,5 bilhões e R$ 18,5 bilhões. No quarto trimestre do ano passado, a instituição lucrou R$ 4,6 bilhões, 20,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior, de R$ 3,8 bilhões.
“Reafirma a sustentabilidade dos negócios do banco e reflete a nossa estratégia de melhorar a experiência dos nossos clientes e a eficiência dos produtos e serviços”, disse o vice-presidente de Gestão Financeira e Relações com Investidores, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo.
A receita com a prestação dos serviços aumentou 6,4% de um ano para outro, passando de R$ 27,45 bilhões para R$ 29,20 bilhões. No quarto trimestre de 2019, o aumento foi de 3,8% em comparação com o mesmo intervalo em 2018, com o montante passando de R$ 7,23 bilhões para R$ 7,5 bilhões.
“Esses resultados são excepcionais, com um nível de excelência assemelhado ao dos bancos privados. Havia uma ideia de que o banco não conseguiria continuar melhorando seus indicadores. Mas vamos continuar melhorando”, afirmou o presidente, Rubem Novaes.
Para 2020, o banco projeta lucro líquido entre R$ 18,5 bilhões e R$ 20,5 bilhões, com um crescimento de 5,5% a 8,5% da carteira de crédito.