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Suicídios entre bancários: uma triste realidade

Publicado em: 17/04/2019

Em 2016, no mais recente levantamento sobre o tema, o Brasil registrou 11.433 mortes por suicídios, o equivalente a 31 mortes por dia, segundo os dados apurados pelo Ministério da Saúde. O número representa um crescimento de 2,3% em relação a 2015 e acredita-se que ele deva ser ainda maior, em razão de casos que não são comunicados por familiares.

Nesse cenário, o que preocupa a diretoria da AGEBB é o número de gerentes do BB que integram essas estatísticas. Não existem dados oficiais, mas desde que o banco iniciou seu processo de reestruturação de suas operações, com fechamento de agências, abertura de planos de aposentadoria incentivadas e investimentos maciços na migração de clientes para o atendimento digital, casos de suicídio têm sido relatados por alguns associados.

Uma pesquisa sobre o assunto dá conta de que 181 bancários suicidaram-se no Brasil entre 1996 e 2005. “Não temos estatísticas mais recentes, mas, rotineiramente, somos surpreendidos com o recebimento em grupos de WhatsApp de bancários, no Facebook ou em outras mídias sociais com notícias sobre esse ato de desespero, que é atentar contra a própria vida”, afirma Ronald Feres, diretor de Comunicação da AGEBB.

Em especial no BB, como tem sido propagado nos bastidores, é inegável que as péssimas condições de trabalho que os funcionários, principalmente de nível gerencial, vêm enfrentando com a pressão por metas, resultados e cobranças desmedidas, além de um constante assédio moral, onde muitas vezes superiores ranqueiam os resultados da unidade, ameaçam com descomissionamentos ou transferências unilaterais, fatores que podem acabar induzindo a prática do suicídio.

A diretoria da AGEBB também está muito preocupada com o crescente número de casos de gerentes depressivos. Especialmente porque se sabe que a depressão é uma doença silenciosa, que uma vez não diagnosticada a tempo, afeta o estado mental do indivíduo e o debilita fortemente, podendo gerar, inclusive, problemas físicos.

Entre muitos relatos de gerentes que chegam ao conhecimento da AGEBB, com a proliferação dos escritórios digitais houve um agravamento do quadro depressivo nos funcionários. “Os gerentes perderam seu real papel de negociador, para serem meros operadores de telemarketing. Metas e mais metas são impostas a eles, sem ser levado em conta que a venda por telefone é muito mais difícil de ser concretizada do que quando de um atendimento presencial”, argumenta Francisco Vianna de Oliveira Júnior, presidente da AGEBB.

Um gerente de um escritório digital comentou em um grupo fechado de gestores: “O BB tirou minha carteira de clientes, meu poder de negociação (pois muitas condições de contratação de produtos ou linhas de crédito tem condições mais favoráveis pelo app), minha liberdade de pensar negocialmente (porque tem o tal dia D, sempre preciso entregar o que me pedem e não tenho tempo de montar uma estratégia própria.), minha mobilidade (hoje fico confinado no meu quadrado, ligando e recebendo ligação, chat, e-mails por 8 horas todos os dias). Tudo isso descaracterizou completamente minha função pois hoje não passo de operador de telemarketing. Só não me tirou a determinação de ter sucesso naquilo que faço.”

A diretoria da AGEBB acompanha os casos de perto. “Estamos atentos a todo esse cenário de reestruturação e descomissionamentos. As pessoas estão trabalhando como máquinas e cabe ao banco entender que os gerentes são seres humanos, trabalhadores e pais de família que têm suas responsabilidades, direitos e deveres. Correr atrás de metas sim, mas com ordem, disciplina e organização”, diz Oliveira Júnior.

Fonte: AGEBB

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