A votação do Relatório Anual da Cassi de 2019 termina na sexta-feira 15. Os associados, tanto da ativa, quanto aposentados, podem votar pelo site da entidade, que também disponibiliza o relatório na íntegra e um manual de votação. A votação também pode ser realizada pelo aplicativo da Cassi para celulares, pelos terminais de autoatendimento do Banco do Brasil e, quem é da ativa, pode votar pelo Sistema de Informações Banco do Brasil (SisBB).
O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Regiao e a Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB) indicam a aprovação do relatório por consideraram que o balanço e as contas do exercício de 2019, ambos aprovadas pelo Conselho Fiscal da entidade, refletem a realidade.
O resultado positivo do balanço só foi possível graças à negociação com o banco, feita pelas Sindicato e demais entidades sindicais e representativas, sob a coordenação da Contraf-CUT.
“O relatório deixa claro que a aprovação da reforma do estatuto salvou a Cassi quando se comparam as previsões e os números realizados por conta dos aportes advindos da alteração do estatuto. Em sua fala o presidente da Cassi alega que a aprovação pelo corpo social aconteceu porque há confiança na diretoria da Cassi. Vamos lembrar que a proposta apresentada pelos diretores retirava direitos e onerava absurdamente o associado, e isso só foi resolvido quando as entidades entraram no processo de negociação e conseguiram garantir uma boa proposta. Foi a confiança nas entidades representativas que levou os associados a aprovarem a alteração estatutaria”, enfatiza João Fukunaga, coordenador da CEBB, João Fukunaga
As negociações resultaram na reforma estatutária que foi aprovada por 2/3 dos associados e que garantiu o aporte pelo banco de mais de R$ 1 bilhão em 2019, sem a contrapartida dos associados. Caso contrário, a Cassi teria fechado no vermelho e a direção fiscal decretada pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) não teria sido suspensa.
“Afinal, se fosse a confiança na diretoria indicada pelo BB e naqueles eleitos pelo banco, o associado teria aprovado a reforma estatutária de 2018 quando o banco rompeu as negociações e levou à votação um estatuto que retirava direitos dos associados, uma perda escrachante para o BB, para o atual presidente da Cassi e para o diretor eleito Samurai”, finalizou Fukunaga.
Apesar da indicação da aprovação do relatório anual porque os números apresentados refletem a realidade, vale ressaltar críticas: a omissão do relatório e a postura da diretoria da Cassi quanto às indagações dos associados e das entidades representativas.
O Sindicato critica as tentativas da maioria da diretoria e do conselho deliberativo da Cassi que, no início de 2019, aprovaram, à revelia dos associados, um aumento na coparticipação em consultas e exames em percentuais. Esses aumentos penalizam os menores salários e até hoje perduram.
Lembrando que o aumento de coparticipação somente onera o associado uma vez que o Banco do Brasil não é atingido por essa medida, assim fica fácil os indicados do banco votarem por esse aumento, mas não o eleito pelo associado. Outra crítica da Contraf-CUT é com relação à decisão do diretor eleito Satoru em retirar receitas da Cassi e assim reduzir o valor cobrado pelo programa de saúde ocupacional, desonerando o banco e reduzindo receitas da entidade.
“Na sua apresentação, o presidente mostra a diminuição no número de consultas, exames e internações, e apresenta o aumento no número de consultas a Clinicassi, sem apresentar detalhes desses números”, enfatiza a dirigente sindical e bancária do Banco do Brasil Ana Beatriz Garbelini.
“Isso é apresentado de forma ‘positiva’, mas sem os detalhes desses atendimentos na rede própria, não sabemos se houve aumento na participação ESF ou se é reflexo do aumento da co-participação e da redução da rede credenciada. Pelo conselho de Usuários, e também sentimos isso na base, acompanhamos inúmeras reclamações dos associados sobre a falta de prestadores, inclusive na cidade de São Paulo, em algumas cidades do interior a situação está caótica pela falta de rede credenciada. Não dá para fazer “resultado positivo” em cima do sacrifio do associado, ainda mais que, esse ano, ao negociar com o banco o contrato de prestação de serviço de PCMSO, a Cassi reduziu consideravelmente o valor do contrato a pedido do banco”, acrescenta a dirigente.
Estratégia Saúde da Família
O relatório é omisso quanto à expansão ou não da Estratégia de Saúde da Família e quanto ao Modelo de Atenção Integral à Saúde. “Esperamos que a diretoria e conselho deliberativo da Cassi defendam de fato os associados e entendam que este modelo é a única salvação da Cassi, como sempre apontou vários diretores eleitos e inclusive a consultoria Accenture, contratada pelo BB e que validou esses programas”, afirmou Fukunaga. “Não podemos nos curvar a entender a saúde como despesa a ser cortada, mas sim um programa de prevenção a ser ampliado. Não podemos cair nos interesses do banco, cair na tentação da redução de custos e abandonar estes serviços, que contribuem para a manutenção da saúde dos associados e seus dependentes”, ponderou Fukunaga.
O coordenador da CEBB também constatou a redução do Programa de Assistência Farmacêutica, com corte radical na lista de medicamentos cobertos pelo Programa. “O programa não deve ser considerado como benefício, mas como uma política de prevenção de saúde. O interessante que quem está cortando é um diretor eleito pelos associados”, observou.
Redimensionamento da rede assistencial
Fukunaga diz, ainda, que a Cassi revisou a rede de prestadores, alegando que o objetivo era elevar a qualificação da oferta de credenciados, considerando as necessidades dos participantes em relação aos serviços de saúde. A busca de parceiros alinhados ao modelo de atenção integral à saúde preconizado pela Caixa de Assistência e à sustentabilidade do plano resultou na inclusão de 1,1 mil novos prestadores e no descredenciamento de outros 3,8 mil. O ano encerrou com 30,7 mil credenciados.
“Não tem nada de elevar a qualificação da oferta. Trata-se de redução da rede. Existe uma meta de redução de rede fixada e cobrada dos gerentes de unidades. E, agora, estão com problemas, porque a covid-19 mostrou que a redução da rede é perigosa. Não há rede em várias cidades do interior e eles promoveram corte de credenciados, reduziram cerca de 5 mil credenciados. E não foi para buscar parceiros alinhados. Foi corte linear, sem critérios definidos, porque eles acham que a redução da rede diminui as despesas. E agora o corte de hospitais pode significar perda de leitos em tempos de covid”, criticou o coordenador da CEBB.
Cobrança de contribuições do BB
O relatório afirma que a Cassi iniciou, no final de 2019, um projeto piloto no Distrito Federal requerendo, em um grupo pré-definido de ações trabalhistas coletivas dos funcionários do Banco do Brasil, o direito de receber percentual referente às contribuições patronal (4,5%) e pessoal (4%) dos reclamantes, na hipótese de haver condenação em verbas incluídas no conceito de proventos gerais.
Fukunaga diz que não há a necessidade de piloto como vende o presidente da Cassi. “Bastaria a Cassi entrar na Justiça pedindo que o BB recolha a demanda, afinal é isso que se espera do presidente da entidade e não a vender favas”, disse.
Fonte: Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região