SÃO PAULO – A última quinta-feira (2) marcou a virada que muitos do mercado já estavam vendo de perto (e ganhando com isso): a transformação do Banco do Brasil (BBAS3) e o seu maior foco em rentabilidade e busca por acompanhar os bancos privados depois de anos ficando para trás e sofrendo com a alta inadimplência.
E não foi só o BTG que destacou a mensagem positiva: os analistas de banco foram praticamente unânimes em ressaltar o otimismo com a virada da estatal, tendo ou não recomendação de compra para os ativos.
“Claramente, o bom trabalho que está sendo feito tem apoio do governo Michel Temer, o que sem dúvida é notícia positiva. Acreditamos que da forma como o banco vem sendo conduzido, há chance de vermos o intervalo de ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) fechando com os bancos privados”. Os analistas ressaltam ainda que Caffarelli desde que ele era vice-presidente do BB, mas admitem que saíram com uma “excelente impressão” após o encontro.
Ao falar sobre despesas, a gestora do banco se mostrou claramente desconfortável com o guidance vigente (aumento de 3%) e confirmou que isso está sendo revisto: ou seja, há grandes chances de haver revisão para baixo no curto prazo. A companhia ainda vê espaço para a queda do PDD (Provisões de Devedores Duvidosos) no segundo semestre de 2017, após a alta no ano passado. O guidance de lucro entre R$ 9,5 bilhões e R$ 12,5 bilhões, o que sugere no topo da estimativa um ROE de 13%, “o que nos parece bem factível”, segundo o BTG.
E, como já destaca durante os resultados do quarto trimestre, apresentados em meados de fevereiro, a prioridade da administração é melhorar a lucratividade, em vez de ganhar participação de mercado, sendo objetivo de longo prazo convergir para ROEs de pares do setor privado. Conforme destaca o Citi em relatório, a administração acredita que o Bradesco (BBDC4) é um benchmark em termos de rentabilidade do que o Itaú (ITUB4), dado que o Bradesco, assim como o Banco do Brasil, não possuem 100% da Cielo, enquanto o Itaú possui maior participação da rede de cartões. “Projetamos ROE de longo prazo de 18% para o Itaú, 17% para o Bradesco e 16,5% para o Banco do Brasil”, avalia o Citi.
Por outro lado, a venda de participações em seguros, gestão de ativos ou cartões de crédito estão fora da mesa, com a administração enfatizando que a venda de ativos core, como cartões de crédito, asset management ou seguros não é uma opção. A gestão da companhia não está satisfeita com o canal corretor, vendo bastante espaço para melhora, aumentando talvez a comissão para o canal bancário, beneficiando a corretora. Além disso, vê um potencial grande para aumentar vendas no digital, que é apontado como um dos fatores para melhorar a lucratividade, beneficiando a BB Seguridade (BBSE3).
Visão positiva
Assim, as apostas do banco seguem em reduzir a inadimplência, além de impulsionar a plataforma digital para servir melhor os clientes. Com essa visão mais positiva após o encontro, boa parte dos analistas segue com recomendação de compra para os ativos BBAS3, caso do Deutsche Bank, Citi e Bradesco BBI, com preços-alvo de R$ 39,00, R$ 36,00 e R$ 36,00, respectivamente.
Por outro lado, o BTG Pactual segue com recomendação neutra para os ativos, mas ressalta que saiu do encontro com uma visão positiva. “A crise foi muito complicada, mas o novo governo levou à maior confiança de que se está ‘na direção certa para a recuperação'”, apontam os analistas do banco. Ou seja, mesmo para os mais cautelosos, uma coisa é certa: a estatal está no caminho certo, mesmo que ele seja tortuoso.
As ações do BB estiveram muito tempo na Carteira InfoMoney mas, atualmente, não estão no portfólio recomendado. O evento de atualização da carteira de março será na próxima terça-feira (7), ao vivo, a partir das 14h (horário de Brasília). Durante o evento, Thiago Salomão e João Sandrini falarão o que esperam de março e responderão as perguntas enviadas no chat da transmissão.