O Banco do Brasil (BB) obteve os melhores resultados no segundo trimestre, na comparação com as outras três maiores instituições financeiras do país – o Itaú Unibanco, o Bradesco e o Santander. No primeiro trimestre, o BB já havia garantido a melhor posição no ranking desse grupo. Com isso, tornou-se, até aqui, o bicampeão em desempenho entre os “bancões” em 2023.
O tamanho do lucro é o dado mais evidente dessa liderança. No segundo semestre, o BB amealhou ganhos de R$ 8,8 bilhões, num crescimento de 11,7% sobre no mesmo período do ano anterior. A seguir, veio o Itaú, com R$ 8,74 bilhões (+13,84%). Ambos deixaram o Bradesco, com R$ 4,51 bilhões (-35,8%), e Santander, com R$ 2,309 bilhões (-45%), bem para trás.
O lucro, porém, nem sempre diz tudo sobre o desempenho de uma empresa. Ainda assim, de acordo com um levantamento feito por Carlos André Vieira, analista de ações do TC, a plataforma de assessoria a investidores, entre cinco itens-chave do balanço dessas instituições, o BB lidera em três deles. Nos outros dois, fica em segundo lugar.
O BB ocupa o primeiro posto, por exemplo, no quesito retorno sobre patrimônio médio (ROAE, na sigla em inglês), um importante indicador da rentabilidade do negócio. Ele alcançou 21,3%, contra 20,9, do Itaú. Nesse item, os dois bancos ficaram quase o dobro da distância de Santander (11,2%) e Bradesco (11,1%).
Eficiência
A eficiência é outro tópico que garante destaque ao Banco do Brasil. Esse índice traça uma relação entre as despesas operacionais e as despesas totais de uma instituição financeira. Quanto menor o percentual, melhor o resultado. O BB cravou em 27,7%, bem abaixo do Itaú (39,6%), Santander (42,9%) e Bradesco (46,1%).
Inadimplência
Além disso, a inadimplência no BB para créditos vencidos acima de 90 dias é a menor do quarteto, ficando em 2,7%, contra 3% do Itaú, 3,3% do Santander e 5,9% do Bradesco. Entre os cinco parâmetros de destaque mencionados acima, o Banco do Brasil só fica atrás da concorrência nos temas tamanho da carteira de crédito e “índice de cobertura” (provisionado para vencimentos acima de 90 dias). Nesses dois casos, o Itaú tem os resultados mais polpudos.
Crédito
Na avaliação do autor da análise, Carlos Vieira, do TC, boa parte dos bons números do Banco do Brasil está associada à solidez da carteira de crédito. Ela está forrada de empréstimos consignados, em geral, concedidos para aposentados, pensionistas e funcionários públicos, com baixíssimo risco de calote. “O consignado representa 12% do total de créditos do BB”, diz Viera. “Além disso, um terço dessa mesma carteira está ligada ao agronegócio, setor no qual a inadimplência também é pequena.”
O crédito, nota o analista, também é uma das forças do segundo colocado da corrida pelo lucro entre os bancões, o Itaú. “Ele atua numa faixa de renda mais alta e faz uma seleção mais criteriosa para os empréstimos”, afirma Viera. “Isso torna a carteira um pouco mais restrita, mas, ao mesmo tempo, mais assertiva.”
Luta pelo domínio
O Santander ocupa a terceira posição no ranking, mas se destacou ao menos em um assunto. O analista observa que, no grupo, a carteira de crédito do banco foi a que mais cresceu no segundo trimestre, registrando um avanço de 13,7%, em relação ao ano anterior. Ele foi seguido pelo BB, com 13,6%. “Quanto maior a carteira, maior o domínio sobre o mercado”, diz Veira. “E quanto mais ela cresce, mas o banco ocupa um espaço que era dos adversários.”
Para o analista, um dos grandes entraves enfrentados pelo Bradesco, na rabeira da lista, é a inadimplência. “Ela está acima do usual”, diz. “Começou a piorar com o caso da Americanas, no início deste ano (a instituição é a maior credora da varejista), mas também inclui pessoas físicas, além de pequenas e médias empresas. E o banco preferiu diminuir a carteira de crédito no segundo trimestre, na tentativa de resolver o problema.”