Os planos da caixa de previdência dos funcionários do Banco do Brasil (Previ) têm “zero risco de equacionamento”, afirmou ao Valor uma fonte próxima ao assunto, após o Tribunal de Contas da União (TCU) abrir nesta quarta-feira (5 de fevereiro) uma auditoria de urgência para apurar o resultado financeiro da entidade em 2024, a pedido do ministro Walton Alencar Rodrigues.
O equacionamento é uma forma de financiar um déficit em planos de previdência para que os participantes possam receber os benefícios futuros. Quando isso ocorre, o resultado deficitário é compensado por patrocinadores, participantes e assistidos.
Em sessão realizada hoje, ao citar informações disponibilizadas pela própria Previ, Alencar Rodrigues afirmou que, entre janeiro e novembro de 2024, o Plano 1 da entidade registrou perdas de R$ 14 bilhões, contra resultados superavitários nos dois anos anteriores.
Segundo o ministro, além de “elevar os riscos dos segurados”, o desempenho traz riscos também para o Banco do Brasil, “que em caráter extraordinário poderá ser obrigado a contribuir paritariamente com os segurados”.
De acordo com o interlocutor ouvido pelo Valor, os dados sobre desempenho dos fundos geridos pela Previ são públicos e disponibilizados mensalmente. O resultado de dezembro é o único que ainda não foi divulgado, o que será feito quando o fundo consolidar o resultado do ano completo, em março de 2025.
“Não é surpresa que tenha sido um ano difícil por razões conjunturais, os dados são publicados todos os meses”, disse a fonte, que atribuiu a abertura da auditoria a “um movimento político para atacar a atual gestão do fundo”.
Em fevereiro do ano passado, o presidente da Previ, João Fukunaga, foi afastado pela Justiça pela segunda vez – a primeira havia sido em 2023 –, sob a alegação de que ele não teria cumprido todos os requisitos para assumir o cargo. A decisão, contudo, foi suspensa em março.
Conforme o Valor mostrou na edição de terça-feira (4), o diretor de investimentos da Previ, Claudio Gonçalves, antecipou que o balanço de 2024 da entidade reflete um ano desafiador. Na ocasião, Gonçalves atribuiu parte do resultado às expectativas de juros e ao desempenho de empresas participadas que registraram forte queda.
O diretor ponderou, contudo, que os dividendos seguiram “robustos” e que a Previ mantém o foco na estratégia de gerar valor no longo prazo. “Estamos convictos das nossas teses de investimento, seguindo à risca o que a política nos direciona. Sabemos que são questões circunstanciais”, disse.