A maioria dos brasileiros rejeita a privatização da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil. Pesquisas recentes encomendadas por duas publicações flagrantemente de orientação liberal confirmaram a rejeição à privatização. O levantamento da revista Veja apontou que 59% dos brasileiros não querem que o Governo Federal entregue a Caixa à iniciativa privada; 37% se disseram favoráveis a venda e 4% não souberam ou preferiram não responder.
O índice de rejeição (59%) à venda da Caixa foi idêntico ao da consulta feita em relação ao BB. Já a pesquisa da revista Exame/Ideia apurou que 49% são contra a privatização; apenas 22% aprovam a venda; 19% se disseram neutros e 9% não souberam responder. Há ainda uma terceira pesquisa feita pela revista Fórum, essa com linha editorial crítica ao mercado, cujo índice de entrevistados contrários à privatização da Caixa foi de 60,6% – índice praticamente idêntico ao apurado pela Veja.
“Os bancos públicos desenvolvem importante papel social, suas privatizações vão piorar ainda mais o desenvolvimento do país e o financiamento das políticas sociais, como os financiamentos da casa própria e dos micros e pequenos produtores agrícolas, assim como o micro e pequeno empresário, entre muitas outras coisas fundamentais”, alerta Ricardo Saraiva Big, presidente em exercício do Sindicato dos Bancários de Santos e Região e secretário de Relações Internacionais da Intersindical Central da Classe Trabalhadora.
A pandemia mostrou a importância do papel social da Caixa, que ficou ainda mais evidente. Seus empregados atenderam o compromisso social do banco e, mesmo correndo riscos de contrair a doença, continuam se expondo ao vírus na linha de frente para pagar o auxílio emergencial e outros benefícios sociais aos que mais necessitam.
O números atestam a importância dos bancos públicos à população. De acordo com dados do Banco Central, Caixa e BB respondem por 48% do crédito a pessoas físicas no país. Metade dos brasileiros que buscam crédito na praça recorrem ao Bb e a Caixa. A Caixa responde sozinha por 70% do crédito imobiliário e o BB por 53% do crédito rural no Brasil. A privatização representa o encolhimento ou mesmo o fim dessas importantes linhas de créditos.
MP 995 ameaça privatização da Caixa
A ameaça de privatização da Caixa está materializada na MP 995, que tramita no Congresso. A MP abre brecha para que subsidiárias da Caixa sejam negociadas.
Como a MP 995 está associada ao processo de privatização do banco, a enquete oficial do Congresso, que é aberta para consultar a população sobre as MPs em tramitação, também reflete a reprovação à proposta de privatizar a Caixa.
A enquete, que já soma mais de 20 mil manifestações, registra que 97% são contrários à venda do banco público (dados atualizados até 11 de agosto). Os dados não foram atualizados porque o sistema de consulta do Senado está passando por uma manutenção, assim que for normalizado os interessados poderão se manifestar.
Desde a chegada da MP ao Congresso, a matéria já recebeu 412 emendas ao texto por deputados e senadores. Além disso, 284 parlamentares e entidades da sociedade civil já assinaram um manifesto contra a MP e a privatização da Caixa. Tramita também no Supremo Tribunal Federal (STF) uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 5.624) que questiona os processos de privatização e venda de estatais e suas subsidiárias.
O subprocurador-geral do Ministério Público Federal (MPF), junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Lucas Rocha Furtado, entrou com uma representação para que o TCU apure “os indícios de irregularidades no processo de venda da Caixa e de subsidiárias do banco”.