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Para presidente do BB, instituição estaria melhor no setor privado

Publicado em: 21/03/2019

O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, defendeu nesta sexta-feira, 15, a privatização das principais empresas estatais, incluindo o próprio BB, a Caixa Econômica Federal e a Petrobras, mas ressaltou que “não se cogita” no governo a desestatização dessas companhias atualmente. Novaes disse que é papel dos economistas liberais do governo Jair Bolsonaro defenderem a privatização dessas estatais.

“O governo, ao longo da história, atrapalhou mais do que ajudou o BB. Minha conclusão é que se o BB fosse privado, ele seria muito mais eficiente, teria melhor retorno e poderia alcançar todos os objetivos que hoje alcança”, afirmou Novaes, em palestra durante o seminário “A Nova Economia Liberal”, na Fundação Getulio Vargas (FGV) do Rio.

Segundo Novaes, nenhum dos objetivos do BB definidos pelo governo, como a atuação no crédito rural, deixaria de ser alcançado caso o banco fosse privatizado. “Estou convencido de que o BB estaria bem melhor e deveria se privatizado. Defendo a privatização da Caixa e o ‘phasing out’ do BNDES”, completou o presidente do BB.

Processo de privatização em andamento

A liberdade para demitir e contratar foi um dos principais pontos explorados por integrantes da equipe econômica do governo ao defender a privatização de grandes empresas estatais, como Petrobrás, Banco do Brasil, Caixa e BNDES. Os presidentes dos bancos deixaram claro que a estratégia é enxugar quadros e privatizar.

“No BB, por exemplo, me sinto com as mãos atadas e como se tivesse bolas de chumbo na perna. Não tenho a mesma liberdade de contratação e de demissão”, afirmou Novaes. O processo de privatização dos bancos públicos está em pleno andamento, com o desmantelamento da empresa pública e a diminuição do seu papel.

A Caixa, por exemplo, já perdeu 15 mil trabalhadores de 2014 para cá. E, em três anos, o BB demitiu mais de 12.380 funcionários e fechou cerca de 700 agências em todo o país.

“A privatização das estatais beneficia apenas o mercado, que compra as empresas a preços mais baixos que seu real valor. Esse ataque ao patrimônio público resulta em piora da qualidade e redução de cobertura dos serviços, prejudicando clientes e usuários. Em 55 países, constata-se uma reversão das privatizações devido à precarização e encarecimento dos serviços”, explica o diretor do Sindicato Kleytton Morais.

Adoecimento do trabalhador

A facilidade de demissão e de contratação apontada pelos presidentes dos bancos públicos, ao defenderem a privatização das estatais, é rechaçada pelos dirigentes sindicais. “Isso só vai favorecer a sobrecarga de trabalho, o assédio moral e, consequentemente, o adoecimento do bancário e da bancária”, avalia Antonio Abdan, diretor do Sindicato.

“Não tem sentido a redução de empregados, assim como a intenção de privatizar a Caixa. O banco não dá prejuízo aos cofres públicos. Ao contrário, exerce um importante papel para o desenvolvimento socioeconômico do país e é lucrativo”, enfatiza Abdan.

Fim dos concursos públicos

Além de reforçar a intenção de privatizar as empresas públicas, o governo anuncia que vai travar os concursos públicos, decisão que já era prevista. Por ocasião da liberação da terceirização irrestrita de trabalhadores para atividades-fim nas empresas, proposta por Temer, especialistas alertaram que essa medida poderia acabar com os certames e a substituição por terceirizados vai inviabilizar a aposentadoria dos atuais servidores.

“Os concursos serão realizados quando for estritamente necessário. A ideia, por ora, é não ter concurso, e sim trabalhar para a melhoria operacional”, informou à imprensa o secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, Paulo Uebel. Segundo ele, antes de conseguir autorização para abrir novas vagas, os órgãos terão de cumprir 12 etapas de exigências. Entre os requisitos, estará a digitalização de serviços.

Desligamentos

Em 2018, foram fechados 2.929 postos de emprego bancário em todo o país. O saldo é resultado da contratação de 29.392 novos bancários e o desligamento de 32.321. Rio de Janeiro, Paraná e Distrito Federal apresentaram os maiores saldos negativos. Apenas em dezembro, os bancos fecharam 1.540 postos de trabalho no país, sendo 1.435 pela Caixa, em função do reeditado Plano de Desligamento Voluntário (PDV).

A análise por Setor de Atividade Econômica (CNAE) revela que a Caixa foi responsável pelo fechamento de 2.493 postos em 2018, enquanto os “Bancos múltiplos com carteira comercial”, categoria que engloba bancos como Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil, fecharam 607 postos no ano passado. No caso da Caixa, esse saldo é reflexo do PDV de 2017.

Fonte: Infomoney“>Fonte: Infomoney (com Sindicato dos Bancários de Brasília)

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