Itaú (ITUB4), Banco do Brasil (BBAS3), Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB3) amanheceram em queda superior ao Ibovespa nesta quarta-feira (15) após o Valor revelar que Banco Central (BC), Receita Federal e Secretaria do Tesouro Nacional buscam viabilizar o pagamento de contas e tributos a partir de bancos digitais – as fintechs.
Limitados aos grandes bancos, os serviços de cobrança e arrecadação são uma barreira entre o consumidor e o abandono completo dos grandes bancos. Essas atividades representaram 8,3% da receita total de prestação de serviços dos cinco maiores bancos do país. Portanto, a liberação para todas as empresas do segmento financeiro ameaça parte relevante da receita dos “bancões”.
Repercutindo a notícia, algumas casas de análise reforçaram um recado que vêm passando desde o início do ano: com uma lista de iniciativas em prol da competição bancária nas mãos do BC, não parece um bom momento para investir em ações dos grandes bancos.
A saber, o regulador promete, para os próximos meses, avanços importantes em frentes como o open banking, que garante acesso a informações de consumidores brasileiros por instituições menores, diminuindo a assimetria das informações (que favorecia os grandes bancos) e potencialmente diminuindo os juros bancários.
Outra frente de estudos é o fast payment, uma tecnologia em nuvem que permite pagamentos e transferências instantâneas sem intermediação de bandeiras ou credenciadoras, diretamente entre duas contas (seja de pessoas físicas ou de empresas).
“As notícias neste sentido não serão favoráveis àqueles que apostam em um bom ano para as ações de bancos”, escreveu o Bradesco BBI em relatório. “Preferimos cautela e mantemos a visão que vimos defendendo desde setembro de 2019”.
Para a equipe da XP Research, a liberação de pagamentos “pode pressionar o setor, dado que a ampliação da oferta de serviços pelos bancos digitais é um forte diferencial competitivo”. Marcel Campos, analista da XP, disse durante o evento Onde Investir 2020, do InfoMoney, que, excetuando o Banco do Brasil, nenhum dos grandes bancos deve ver aumento de margem financeira neste ano.
No acumulado do ano, as ações do Santander perdem 2,12%; papéis do Bradesco veem queda de 4,53%; as ações PN do Itaú caem 6,37% e o Banco do Brasil derrete 7,15%.