A Livelo, empresa de fidelidade controlada pelo Bradesco e Banco do Brasil, teve lucro líquido de R$ 7,5 milhões em 2017, revertendo perda de R$ 70 milhões apurada em 2016. O presidente da companhia, Alexandre Rappaport, disse que a meta para 2018 é ter ganho líquido de R$ 90 milhões a R$ 100 milhões.
“Já atingimos o break-even operacional. Já o investimento [feito pelos bancos na empresa] será pago ao longo de 2019”, disse o executivo, referindo-se às despesas em tecnologia, administrativas, de pessoal e marketing, que somaram R$ 200 milhões.
Lançada em junho de 2016, a Livelo fechou 2017 com receita de R$ 974,3 milhões. Rappaport não revelou a receita líquida da empresa em 2016. “Não podemos comparar a receita de 2017 com 2016 porque começamos a operação com pontos que estavam nos bancos e que foram colocados na Livelo”, disse.
Nas empresas de fidelidade, a receita líquida é apurada quando os pontos são resgatados. Segundo Rappaport, a Livelo teve no quarto trimestre de 2017 um volume de resgates 30% superior ao apurado em igual período de 2016, enquanto a receita líquida entre outubro e dezembro do ano passado avançou 194% sobre um ano antes.
O saldo de caixa da Livelo em 31 de dezembro de 2017 atingiu R$ 1,03 bilhão, aumento de 145% sobre o valor de um ano antes.
Quando foi criada, a Livelo recebeu como aporte dos controladores, Bradesco e Banco do Brasil, os pontos que os cerca de 10 milhões de portadores de cartões de crédito desses dois bancos tinham nas respectivas instituições. Só a partir de então começou a acumular na própria empresa a pontuação desses clientes. “Fomos criando nosso estoque próprio de pontos. Hoje, cerca de 75% dos pontos da Livelo foram acumulados na própria empresa”, disse Rappaport.
O presidente da Livelo disse que o crescimento da empresa tem sido alimentado pelo aumento da base e maior engajamento de clientes. O número de participantes da empresa aumentou 8% para 16,2 milhões.
Esses consumidores fizeram 2,5 milhões de resgates, sendo 50% dessas transações trocas por produtos de varejo e a outra metade por passagens aéreas.
A rede de parceiros da Livelo é formada por 40 empresas, como FastShop, Magazine Luiza, Netshoes, Zattini, Zarpo e Submarino Viagens, e companhias aéreas domésticas e estrangeiras.
As empresas de fidelidade das companhias aéreas — Smiles (da Gol), Multiplus (Latam), Tudo Azul (Azul), e Amigo (Avianca Brasil), além da Dotz, a maior do varejo no Brasil, também têm relações comerciais com a Livelo, uma vez que os pontos acumulados no Bradesco e no Banco do Brasil podem ser transferidos para essas concorrentes.
O presidente da Livelo disse que a entrada da companhia controlada por Bradesco e Banco do Brasil no mercado aumentou o poder de negociação dos bancos na comercialização de pontos com as concorrentes de fidelidade Smiles e Multiplus. “Existe uma disputa maior entre os programas [de fidelidade] das aéreas pelos pontos dos bancos. Os bancos gastavam R$ 4 bilhões com programas de fidelidade e não ofereciam uma experiência de resgates que fosse emocional”, disse Rappaport.
O presidente da Livelo disse que a empresa vai manter investimento na plataforma para atrair a maior quantidade possível de resgates dentro da empresa.
Um vetor de crescimento para resgates da Livelo será a de permitir aos usuários usar pontos mais dinheiro, o chamado “ponto mais dinheiro”, a expansão do clube de pontos, em que o usuário paga uma mensalidade para ter um acúmulo fixo de pontuação; a ampliação das parcerias de varejo.
A empresa também planeja aumentar a participação da oferta de pontos no segmento corporativo, por meio do Livelo Incentivo, que premia equipes de vendas e profissionais de empresas.
Rappaport disse que o crescimento orgânico da Livelo este ano também será alimentado pelo avanço da taxa de penetração dos programas de fidelidade no país. “O mercado ainda tem muito o que crescer”, afirmou, referindo-se ao percentual de brasileiros que usam programas de fidelidade.
Enquanto em países como Chile, Estados Unidos e Canadá, o percentual de consumidores que fazem parte de algum programa de fidelidade varia de 30% a 80%, no Brasil esse índice é inferior a 20%.
Fonte: Valor Econômico