Segundo executivo do banco, montante será destinado ao pré-custeio da safra 2018/2019.
O Banco do Brasil (BB), líder na oferta de crédito rural no Brasil com cerca de 66% do total, vai liberar em meados de fevereiro cerca de R$ 12 bilhões para pré-custeio da safra 2018/2019, disse ao Broadcast Agro, o vice-presidente de Agronegócios do BB, Tarcísio Hubner. “Nossa expectativa é oferecer um valor um pouco acima do anunciado no ano passado, que foi de R$ 12 bilhões. Estamos nos organizando para isso”, informou Hubner.
Caso haja maior demanda, o banco considerará “eventualmente liberar mais do que o anunciado”, segundo Hubner. Ele admite a possibilidade porque as margens de lucro dos produtores estão apertadas e eles tendem a buscar mais as linhas de pré-custeio para adquirir os insumos. O que determinará o apetite pelos recursos, no entanto, será o andamento da colheita, na avaliação do executivo.
“Os trabalhos começaram em alguns lugares, mas se intensificam a partir do meio de fevereiro. Dependendo da produtividade no campo, o produtor aproveitará oportunidades no mercado para adquirir insumos neste período de frete de retorno mais barato”, explicou Hubner, referindo-se aos preços mais baixos pagos pelo transporte de insumos agrícolas dos portos aos centros produtores nesta época, aproveitando os caminhões que levaram a soja para os portos.
Ele destacou que, se o clima contribuir para o desenvolvimento das lavouras, o Brasil colherá sua segunda maior safra de grãos – prevista pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 227,9 milhões de toneladas, atrás da do ano passado, que foi recorde, com 237,7 milhões de t. “A previsão é de que o agronegócio será alavancado e haverá necessidade de recursos, de diversas fontes”. O valor liberado para pré-custeio, acrescentou Hubner, deve ser o maior já liberado pelo BB.
A escolha da data de anúncio está atrelada à redução do prazo de amortização do débito de pré-custeio de 18 para 14 meses, que vigora desde 1º de julho do ano passado. “Quem contratar os recursos em fevereiro terá de pagar até, no máximo, em abril do ano que vem”, reforça Hubner. Em abril, boa parte da colheita de soja costuma estar concluída no país, dando condições aos produtores rurais para quitar dívidas. O prazo menor não deve desestimular a tomada de recursos, na avaliação do executivo do BB. “No momento em que os agricultores negociarem sua safra, pagarão a dívida de pré-custeio e já poderão contratar outras linhas.”
O montante pode vir a ser tomado ainda com o intuito de comprar parte dos insumos para a safrinha deste ano. As indústrias de defensivos e fertilizantes vêm reportando atraso nas vendas para a cultura, decorrente da decisão dos agricultores de postergar a comercialização dos grãos na expectativa de que os preços no mercado interno subam. Hubner relatou ser natural também que parte do pré-custeio seja tomado para complementar a aquisição de insumos para a segunda safra de trigo, o giro da pecuária e lavouras de cana-de-açúcar. “Os ciclos não são mais tão definidos e a demanda por recursos tem sido diluída ao longo do ano”, argumentou.
Carteira – Hubner não informou, entretanto, qual é a meta do BB para sua carteira de crédito rural em 2018, mas disse acreditar “muito no crescimento da oferta de crédito de modo geral”. “O Caffarelli (Paulo Caffarelli, presidente do BB) falou recentemente dessa maior demanda por crédito por todos os setores.”
Hubner espera maior demanda, ao longo do ano, por recursos para investimentos em armazenagem, irrigação, Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), instalações para produção de energia solar e, principalmente, máquinas e implementos agrícolas.