No primeiro trimestre de 2023, o Banco do Brasil (BB) venceu a corrida pelo lucro entre os bancos do país. Nesse período, o BB amealhou R$ 8,5 bilhões, ante R$ 8,4 bilhões do Itaú Unibanco, R$ 4,2 bilhões do Bradesco e R$ 2,1 bilhões do Santander. Isso para citar apenas os quatro “bancões” nacionais.
O resultado do BB foi o segundo melhor da história da instituição financeira. Só perdeu para o período imediatamente anterior. Nos últimos três meses de 2022, o lucro alcançou R$ 31,8 bilhões.
Dados compilados por Carlos André Vieira, analista de ações do TC, a plataforma de assessoria a investidores, mostra que, se considerados os cinco principais indicadores de desempenho dos bancos, o BB venceu em três categorias. Para completar, ainda ficou no vácuo do Itaú e do Santander nas outras duas.
O BB tem, por exemplo, uma taxa de inadimplência para mais de 90 dias de 2,6%, a menor entre os concorrentes diretos. A do Itaú é de 2,9% e a do Santander, de 3,2%. A do Bradesco atinge 5,1%. O Banco do Brasil também vence os rivais por larga margem em relação ao índice de eficiência.
Ele ganha ainda no tópico rentabilidade. Por fim, está atrás do Itaú no quesito carteira de crédito e do Santander no índice de cobertura para eventuais calotes – o que não chega a ser ruim, uma vez que a inadimplência no BB é menor.
Carteira de crédito
Na avaliação de Viera, um dos pilares dos bons resultados do Banco do Brasil é a carteira de crédito. “Ela é resultado de um trabalho de longo prazo e tem um tipo de cliente com baixo nível de risco”, diz. “É fortemente constituída por empréstimos consignados, feitos para muitos funcionários públicos, cuja renda é estável, e pelo agronegócio, que oferece muitas garantiras nessas operações de crédito.”
A carteira para pessoas físicas, por exemplo, soma R$ 300 bilhões, sendo R$ 118 bilhões com consignados, que cresceu 10% nos primeiros três meses do ano. A carteira do agronegócio não é menos parruda. Alcançou o saldo de R$ 322,5 bilhões no primeiro trimestre, num crescimento anual de 26,7%.
Eficiência
Outro destaque é o já mencionado índice de eficiência. Ele atingiu o melhor nível histórico para 12 meses. Esse indicador mostra que todas as despesas do BB representaram 31,3% de todas as receitas. No caso do Itaú, esse número foi de 39,8%, para o Santander, de 40,8% e, para o Bradesco, de 47,1%.
O senão do balanço do BB, observa Vieira, ficou por conta de um calote fornido que o banco tomou de um cliente, cujo nome não foi citado no balanço, em recuperação judicial desde 2019. Não fosse esse problema, o índice de cobertura de inadimplência do banco teria ficado em 213,3%, acima dos 202,7% obtidos.
Na avaliação de diversos analistas, a safra de lucros do BB ainda não terminou. Mesmo porque o primeiro trimestre costuma ser o pior para as instituições financeiras. São os últimos três meses do ano que reservam os resultados mais vultosos. Isso, entre outros fatores, por causa do aumento da demanda por empréstimos. É esperar para conferir.