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Cinco maiores bancos brasileiros lucram R$ 29,2 bi no 1ºtri 2024

Publicado em: 02/06/2024

Os cinco maiores bancos brasileiros lucraram R$ 29,186 bilhões no primeiro trimestre deste ano, um crescimento de 15,2% em relação ao mesmo período do ano passado e de 8,9% na comparação com o trimestre imediatamente anterior.

O número mostra uma temporada em que as instituições mostraram ritmos novamente dissonantes no crescimento da carteira de crédito, antes de um período de incertezas quanto ao rumo das taxas de juros, e de possíveis impactos das enchentes no Rio Grande do Sul sobre a qualidade dos ativos.

Os maiores crescimentos de lucro entre 2023 e 2024 foram da Caixa Econômica Federal, com um salto de 49% no resultado, e do Santander Brasil, com avanço de 41,2%. O único banco que teve queda no lucro foi o Bradesco, mas o recuo, de 1,6%, foi menos intenso que o observado em trimestres anteriores.

O crescimento dos resultados reflete um arrefecimento mais amplo da inadimplência, em especial no segmento de pessoas físicas. Em alguns bancos, houve aumentos nos atrasos das carteiras de pessoas jurídicas e, no caso do Banco do Brasil, na de crédito rural. Entretanto, essa piora acabou diluída pelo arrefecimento dos atrasos das famílias.

“Nós esperamos uma certa estabilidade na inadimplência”, disse o presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy, em coletiva de imprensa na semana passada. O controle da qualidade dos ativos deve fazer com que o maior banco da América Latina retome um crescimento mais robusto da carteira de crédito que, no trimestre, subiu 5,6%, abaixo das projeções fornecidas pelo Itaú para o ano.

Neste quesito, houve uma separação dos bancos entre dois grupos. Junto com o Itaú, o Bradesco apresentou um avanço (+1,2%) abaixo do guidance para o ano. O Santander, que não divulga projeções, cresceu 8,1%, enquanto o BB teve alta de 10,2%, e a Caixa voltou a apresentar o maior crescimento, de 10,4%.

No BB, o crescimento foi novamente puxado pelo agro, mas o banco também tem avançado em pessoas físicas, com foco em operações garantidas. “Nós expandimos em 16% o consignado do INSS em relação ao primeiro trimestre de 2023”, afirmou o vice-presidente Financeiro e de Relações com Investidores do banco, Geovanne Tobias, em coletiva de imprensa na semana passada.

Ambiente mais incerto

Os balanços do primeiro trimestre não refletem os possíveis efeitos de uma redução no ritmo de queda da Selic, que entrou no radar do mercado após a última reunião do Copom, e das enchentes no Rio Grande do Sul, Estado que representa 6% do PIB brasileiro, e que tem a quinta maior economia do País.

No primeiro caso, a redução da Selic é um ponto importante: a estratégia dos bancos de voltar a ganhar tração em crédito e, consequentemente, em margens, está bastante correlacionada à queda dos juros, que tende a aumentar a demanda por crédito. Além disso, juros mais baixos ampliam a renda disponível das famílias e sua capacidade de pagamento, além de aliviarem as despesas financeiras das empresas.

O caso das enchentes no Rio Grande do Sul é mais complexo. Na semana passada, o Bank of America (BofA) estimou em relatório que entre os cinco maiores, a Caixa tinha a maior exposição de crédito ao Sul do Brasil, com 20% da carteira total nos três Estados da região. O BB vinha em seguida, com 18%, e o Bradesco logo depois, com 15% do total.

O BB afirmou que 4% de sua carteira vem do Rio Grande do Sul, e disse não ter estimativa dos impactos. Ainda assim, considerou que devem ser pequenos. “Não é o Rio Grande do Sul que deve mexer no ponteiro do nosso índice de cobertura contra a inadimplência”, disse o vice de Controles Internos e Gestão de Riscos, Felipe Prince, em coletiva.

Na segunda, 13, o Conselho Monetário Nacional (CMN) e o Banco Central aprovaram medidas que amenizam os impactos da calamidade sobre os balanços dos bancos. Permitiram, por exemplo, que créditos renegociados no Estado durante a calamidade deixem de ser classificados como ativos problemáticos, o que evita despesas maiores com provisões.

Medida similar foi tomada no estouro da pandemia da covid-19, em 2020. Naquele momento, os bancos renegociaram prazos e ampliaram a concessão de crédito em linhas mais garantidas. A inadimplência surgiu apenas dois anos depois, momento em que a alta dos juros e da inflação acertou em cheio as famílias e empresas mais endividadas.

Fonte: Estadão

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