A BB Previdência, fundo de pensão multipatrocinado que é parte do conglomerado do Banco do Brasil, venceu o processo licitatório para gerir o Regime de Previdência Complementar (RPC) dos servidores do estado do Rio Grande do Norte.
Com cerca de R$ 8,5 bilhões sob gestão, esse é um passo importante na estratégia da fundação de alcançar R$ 10 bilhões sob gestão até o fim deste ano e ser a principal entidade do setor público.
O Rio Grande do Norte era o último estado da federação sem um regime complementar e agora aguarda aprovação da Previc (Superintendência Nacional de Previdência Complementar) para regulamentar o seu plano.
Ele foi o 258° ente federativo a estar na carteira da BB Previdência, um salto de 559% frente aos 39 que havia em 2021. Mas ainda há uma massa de municípios que ainda estão de fora do regime complementar que podem ser conquistados.
Agora, a fundação já conta com sete estados (Acre, Amazonas, Amapá, Paraíba, Pernambuco, Tocantins e Rio Grande do Norte), 11 capitais (Aracaju, Boa Vista, Campo Grande, Cuiabá, João Pessoa, Recife, Vitória, Teresina, Rio Branco, São Luís e Porto Velho) e centenas de municípios que patrocinam a previdência em até R$ 1 para uma contribuição de R$ 1 – limitado a até 8,5% do salário.
O estado do Rio Grande do Norte, com mais de 15,7 mil servidores elegíveis, era importante para elevar o patrimônio do BBPrev Brasil, o plano de contribuição definida criado pela instituição a partir da Reforma da Previdência de 2019, que tornou a adesão a um RPC obrigatória como forma de gestão das aposentadorias acima do teto previdenciário (R$ 7.786,02 em 2024).
“Nossa principal estratégia hoje é crescer no setor público, um segmento muito interessante por ter sido recém regulamentado e contar com planos jovens, em fase de acumulação, com grande expectativa de crescimento”, afirma Sandro Grando, diretor-presidente da BB Previdência, em sua primeira entrevista, ao NeoFeed.
Dos 241 mil participantes da fundação, apenas cerca de 5 mil já são beneficiários de aposentadoria. É uma característica diferente dos grandes fundos de pensão, como Previ, Petros e Funcef, que possuem uma carteira muito grande, mas com uma obrigação de pagamentos muito maior, o que limita o crescimento dos planos e torna a gestão muito focada no pagamento de benefícios em vez da alocação de recursos para o longo prazo.
Há ainda um grande potencial de mercado a ser conquistado. Cerca de 40% dos municípios brasileiros ainda não contratou o seu Regime de Previdência complementar para cumprir a regulação. Para continuar a expansão em lugares mais remotos do País, a fundação conta com o apoio do Banco do Brasil e sua capilaridade nacional para ser o primeiro porta-voz técnico do plano previdenciário. Depois, havendo o interesse, uma equipe própria é mandada ao município.
Como diferencial, a fundação usa a sua expertise com os RPCs e com resultados acima da meta atuarial nos últimos anos, além de uma taxa de administração competitiva para novos planos de 0,5% ao ano – a média de mercado é de 0,6%. Mas possui outros competidores como a Prevcom, fundação paulista que também tem crescido em municípios e estados pelo País, administrando as previdências do Mato Grosso, Rondônia e Pará, por exemplo.
Apesar do foco estar no crescimento no setor público, que já conta com a administração de 16 planos, a BB Previdência tem 25 planos privados de diversos setores. E não pretende fechar essa porta de crescimento.
Até o fim deste ano, a BB Previdência quer chegar a 285 mil participantes. Se atingir a meta de R$ 10, ela ficaria entre os 20 maiores fundos de pensão do País.
“Estamos promovendo uma grande transformação digital para conseguir atender muito mais participantes com a mesma qualidade e sem aumentar muito os custos, tanto no atendimento como na gestão. É um negócio de escala, mas é preciso estar preparado para crescer”, diz Grando.