As fintechs são startups focadas em inovação de serviços financeiros. Atualmente existem fintechs que oferecem os mesmos serviços que os bancos tradicionais, como empréstimos, transações e investimentos. O grande diferencial é que elas se baseiam em alta tecnologia e baixo custo – itens que têm conquistado milhares de adeptos por todo o mundo.
Para Cantarino Brasileiro, organizador do prêmio Fintech Awards Latam, as fintechs são importantes porque despertam a educação e inclusão financeira no país, especialmente de uma parcela significativa de pessoas que não possuem contas em bancos. Mas elas jamais substituem os instituições tradicionais. “Elas são complementares aos serviços dos bancos e cobrem um espaço que eles não ocupam.”
Gustavo Fosse, Diretor Setorial de Tecnologia e Automação Bancária da FEBRABAN, explica que não há “roubo” de mercado, já que muitas fintechs precisam, legalmente, vincular-se a uma instituição financeira para prestarem seus serviços. Os bancos desenvolveram estratégias próprias para lidar com as startups e hoje já podem apresentar exemplos bem-sucedidos de parcerias.
Apesar das colaborações entre bancos e fintechs, as startups ainda enfrentam problemas na adequação à legislação e normas brasileiras. Segundo Marcelo Ciampolini, CEO da Lendico Brasil, plataforma de empréstimo de dinheiro, existe uma vontade dos reguladores de criar legislações específicas para as fintechs, mas as mudanças ainda devem demorar a acontecer.
Ele conta que, no ínicio, o Banco Central ficou bastante surpreso com o modelo de negócio das fintech de crédito, mas após uma série de conversaspassaram a ver as startups com bons olhos. “Afinal de contas, o que estamos trazendo para o consumidor final são mais ofertas de crédito e melhores taxas. Isso gira a economia”, comenta em entrevista ao Canaltech.
Fosse reforça a ideia de Marcelo ao declarar que “a federação acompanha com interesse o desenvolvimento das startups do setor financeiro, pois inovações tecnológicas podem trazer benefícios ao consumidor e contribuem para a expansão e aumento da qualidade do setor.”
Contas digitais: ideia de fintech, legado para os bancos
Cerca de 940 mil clientes já fazem transações bancárias no Brasil por meio de contas 100% digitais e a estimativa é que o total de contas correntes digitais chegue a 3,3 milhões até o final deste ano, segundo informações do Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Banco Original e Intermedium.
O serviço de abertura de contas totalmente digital, sem a necessidade de ir a uma agência física, é diferente das primeiras versões de serviços digitais oferecidos pelos bancos. A viabilização desta nova modalidade só foi possível a partir das regras estabelecidas na resolução 4.480 do Banco Central, em abril de 2016, regulamentada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional).
Banco do Brasil e Itaú Unibanco foram os dois primeiros grandes bancos a possibilitar a criação de um conta corrente 100% digital. No BB já são 610 mil clientes fazendo transações nessa modalidade e no Itaú foram 100 mil contas abertas de forma digital até fevereiro deste ano. No Original, lançado há um ano com a proposta de ser 100% digital, são 100 mil correntistas digitais e no Intermedium, 130 mil.
O Santander, por sua vez, concluiu a compra da fintech ContaSuper no ano passado, hoje chamada de SuperDigital, e hoje oferece meios de pagamentos e recebimentos 100% digitais, além de transferências, saques, compras e acesso a cartão pré-pago. A previsão era que até o final de 2016 o banco atingiria 1 milhão de contas digitais.
Já a Caixa está em fase final de teste e deve permitir até o final de junho a abertura de contas digitais para pessoas físicas. O banco espera que nos primeiros meses do serviço, 10% das novas contas sejam digitais. Por fim, o Bradesco informou que a Digiconta não é mais oferecida em função da criação de novos produtos em desenvolvimento.
Fonte: Canaltech