Dos pagamentos realizados pela plataforma de automação de pagamentos da Transfeera em abril de 2017, 100% eram direcionados para os cinco maiores bancos brasileiros, Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica, Itaú e Santander. Em agosto deste ano, essa proporção caiu para 45% em quatro anos, considerando transações de pessoas físicas e jurídicas.
O levantamento da fintech, com mais de 6 milhões de transações bancárias realizadas pela plataforma entre abril de 2017 e agosto deste ano, reforça a gradativa e crescente perda de espaço das grandes instituições financeiras dentro da indústria de meios de pagamentos.
Quando consideradas apenas as transações feitas para pessoas físicas, os grandes bancos representavam 100% das transações da Transfeera em abril de 2017 e passaram para 56% em agosto deste ano.
Entre os grandes que estão perdendo parcela do mercado, a Caixa Econômica Federal lidera esse recuo. A instituição financeira, que representava 40% das movimentações da fintech em abril de 2017, viu esse número cair para 14% em agosto deste ano. Em segundo lugar aparece o Santander, que reduziu sua presença de 30% para 11% no mesmo período. Em contrapartida, o Nubank ganhou escala, com 19,5% das transações somente em agosto ante 10,5% um ano antes.
No caso de pessoas jurídicas, o estudo aponta para uma perda de 33%. O Itaú representava 60% e caiu para 10% — perdendo 50 pontos percentuais de participação de mercado. A Caixa Econômica também viu um declínio, reduzindo de 27% para 4%.
Pix
Dados da Comscore mostram que o Brasil lidera a digitalização bancária da América Latina e, segundo a Global Fintechs Ranking de 2021, o país se consolidou como um dos grandes ecossistemas de fintechs, ocupando a 14ª posição no mundo.
Com a digitalização dos bancos acelerada pelo Pix e a chegada do open finance, o impacto e a força dos novos participantes deste mercado já podem ser vistos no levantamento, mostrando uma mudança no comportamento de pessoas físicas e empresas quando o assunto são as opções de pagamento.
Nos recebimentos de transações por pessoas físicas por banco, o Nubank é destaque, com 25% do total, seguido por Itaú (9,8%) e Bradesco (9,4%), respectivamente.
Segundo Carlos Augusto de Oliveira, presidente da CertDox e Fintech Board Member da VC BossaNova Investimentos, os bancos tradicionais estão acompanhando as mudanças, mas tendem a se mover mais lentamente em função das suas próprias estruturas.
“Mesmo quando tecnicamente prontos, existe uma evidente cautela dos bancos na migração para os serviços digitais porque muita coisa está em jogo, especialmente o risco de perda significativa de receita de tarifas de serviços provocado pelo Pix”, explica.