O Banco do Brasil deu o primeiro passo para disputar espaço com assessorias de investimentos independentes como a XP e anunciou, nesta quinta-feira (10), uma plataforma financeira que oferecerá produtos de casas concorrentes para atrair “não clientes”.
Hoje, o BB distribui fundos e produtos de outras casas para o público private, que tem renda mais elevada e, em tese, disporia de mais acesso a informações para amparar suas decisões.
Agora, o banco decidiu ampliar essa estratégia para alcançar outros perfis de investidores, buscando atrair pessoas de fora da base de clientes do BB e que não queiram ter uma conta-corrente ou qualquer outro tipo de relacionamento com o banco.
“Cada banco adota uma estratégia com relação ao assessoramento financeiro. A exigência do cliente mudou, e os bancos devem se adequar à nova exigência dos clientes”, afirmou Paulo Caffarelli, presidente do banco, durante coletiva para divulgação dos resultados financeiros do BB no segundo trimestre -o banco teve lucro 6,2% maior no período, para R$ 2,619 bilhões.
Segundo Caffarelli, o banco tomou uma decisão estratégia ao apostar na nova plataforma. “Vamos trabalhar a figura do não cliente também. Cada banco tem sua estratégia. Embora seja uma estratégia para atender a demandas dos clientes como a desenvolvida pela XP, não temos a mesma demanda da XP. Optamos por uma estratégia que entendemos ser melhor que isso”, afirma o presidente do banco.
A mudança estratégica do BB ocorre cerca de três meses após o Itaú Unibanco anunciar a compra de 49,9% da XP. Segundo o maior banco privado do país, haverá “livre competição” entre Itaú e XP.
A XP ganhou força no mercado ao adotar a estratégia de aliar educação financeira à oferta de investimentos.
TENDÊNCIA
Para Marcelo Labuto, vice-presidente de negócios de varejo do BB, esse estilo de assessoria mais diversificada é uma tendência do mercado. “Identificamos a necessidade de posicionar o banco focando no assessoramento do cliente”, afirmou. “Há todo um processo de evolução do mercado de produtos financeiros, é uma tendência natural que vai ser estudada e tende a evoluir para toda a base, dependendo da necessidade dos clientes”, ressaltou.
Na plataforma, a ideia é oferecer uma assessoria baseada no perfil de cada investidor. “Por exemplo, quem estava na mesma condição que você e tem o mesmo perfil que você comprou qual tipo de produto? Já temos uma inteligência grande. Estamos integrando tudo e colocando inteligência e automação no processo”, afirma Labuto.
Até alcançar o investidor de varejo, porém, deve levar tempo, admite o vice-presidente de negócios do BB. “Hoje, o consumidor brasileiro ainda detém pouca informação. Ele terceiriza muito isso, chega para o gerente e fala que tem X dinheiro. O que eu faço com esse dinheiro? Ele não tem esse domínio, ele precisa de uma assessoria mais robusta até ter esse domínio e conseguir fazer isso”, avalia.
“Naturalmente isso tem evoluído. O private já é um cara que domina, que consegue conversar isso. Já percebemos acontecendo no Estilo, dialogamos com produtos e serviços mais diversificados, e conforme isso vai evoluindo, isso tende a permear todo o varejo. É uma questão de tempo”, ressalta.