Pela segunda vez em menos de uma semana, bancários de todo o país protestaram contra o processo de reestruturação que está ocorrendo no Banco do Brasil. Vestidos de preto, os funcionários do banco mostraram sua indignação com as mudanças que reduzem em até 15% o valor de referência (VR) das gratificações recebidas pelos funcionários, extingue cargos e cria outros, afetando o plano de carreiras, os salários e a Participação nos Lucros e/ou Resultados (PLR) dos funcionários. Em diversos locais do país, agências e departamentos do banco começaram o expediente, nesta quarta-feira (12), com pelo menos uma hora de atraso para os funcionários debatessem e tirassem dúvidas sobre as mudanças que estão ocorrendo.
“O banco não fala a verdade quando diz que os funcionários terão aumento de remuneração. Esse aumento ficará limitado aos executivos de Brasília, nomeados pelo governo por indicação do mercado financeiro. Os demais terão suas remunerações reduzidas”, disse o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), João Fukunaga. “Analisamos as medidas em andamento para esclarecer os funcionários”, completou o representante dos trabalhadores.
Em Santos/SP, a diretoria do Sindicato dos Bancários de Santos e Região e os funcionários da agência do BB, na rua XV de Novembro realizaram a manifestação com paralisação, das 8h até às 11h, de todo o prédio, onde trabalham mais de 100 funcionários, em vários departamentos e uma agência, dispostos em três andares. “Levamos esclarecimentos para os funcionários e para os clientes sobre a mentira do governo e da direção do banco, que tenta enganar os trabalhadores com algo prejudicial como sendo bom”, afirma Eneida Koury, presidente do Sindicato e funcionária do BB.
“Essa reestruturação é um teste, tanto para o trabalhador quanto para o banco. Se funcionar no BB, vai ser instituída nos demais bancos e empresas públicas, a exemplo da Caixa, que também sofre com a mesma ameaça. O governo quer privatizar os bancos públicos, mas sabemos que tanto o Banco do Brasil quanto a Caixa não dão prejuízo. Pelo contrário, dão lucros ano após anos, e mesmo assim ainda fecham postos de trabalho, pois esses PDV’s (programas de demissão voluntária) nada mais são do que uma forma de demissão. Portanto, não há razão para essa reestruturação e, por isso, devemos lutar por nós e pelo próprio BB. Temos que lutar para manter o que ainda temos. E os trabalhadores são altamente qualificados, não tem parasita aqui”, disparou José Pinheiro, presidente do Sindicato dos Bancários e Trabalhadores do Ramo Financeiro de Rondônia (SEEB-RO).
A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) produziu uma edição especial do boletim O Espelho, específico dos funcionários do Banco do Brasil, com a análise e as explicações das principais medidas que estão sendo tomadas pelo banco.
Banco da agropecuária
“O Banco do Brasil é fundamental para o país. Ele detém quase 70% da carteira nacional de crédito rural. Graças ao fomento do Banco do Brasil somos um grande exportador de produtos agropecuários. É o banco que financia a produção de alimentos. Mas, a política que está sendo tocada levará ao desmonte do banco e de sua capacidade de fomento”, explicou o coordenador da CEBB.
“Tanto funcionários, quanto clientes precisam saber que o governo e a direção do banco estão querendo vender a reestruturação como algo bom. Mas, isso é um engodo. É ruim para os funcionários e para todo o Brasil”, afirmou o dirigente.
Fukunaga observou ainda que as pessoas precisam se atentar que todas as empresas públicas estão sofrendo ataques do governo. “Estão promovendo uma verdadeira guerra contra o funcionalismo público, inclusive os bancos públicos. Dizem que somos parasitas. O que a população precisa perceber é que sem as empresas públicas, sem os funcionários públicos não existirão os serviços públicos de saúde, educação”, concluiu.
Redes sociais
Além de mostrarem sua indignação vestindo roupas pretas, os funcionários protestaram nas redes sociais com vídeos e fotos das manifestações e a hashtag #deformaBB, em alusão ao nome do projeto de mudanças, chamado pelo banco de “Performa”.