A contratação de crédito rural pelo Banco do Brasil (BB) em operações de custeio, comercialização, investimento e industrialização na safra 2018/2019 atingiu R$ 18,2 bilhões no primeiro bimestre de 2018/2019. O volume representa alta de 48% sobre o total de R$ 12,3 bilhões negociado entre julho e agosto de 2017/2018 e supera, porcentualmente, o avanço de 41% na tomada de crédito agrícola em todo o sistema financeiro, na mesma base de comparação, que atingiu R$ 40,4 bilhões.
Ao Broadcast Agro, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o vice-presidente de Agronegócios do BB, Tarcísio Hübner, atribuiu a alta na demanda por crédito ao atraso na compra de insumos causado pela polêmica tabela de fretes rodoviários, o que represou também financiamentos. Outro fator é o momento positivo para as commodities, principalmente a soja. “Houve atraso (na aquisição) de insumos e adubo por causa da questão do frete. Além disso, o ambiente é favorável, com preços bons e uma disposição grande de produtores em busca da melhor tecnologia possível”, afirmou o executivo.
Para Hübner, por concentrar o plantio na safra de verão, a soja continua sendo a commodity que mais demanda crédito rural, “mas a pecuária também tem puxado bem” os negócios, explicou. Os financiamentos com linhas de crédito sem a utilização de recursos oficiais, subsidiados pelo governo, se mantêm firmes na atual safra. Essas linhas tiveram reduções nas taxas após a série de quedas na taxa básica de juros, a Selic, utilizada pelas instituições financeiras para captar recursos.
De acordo com o vice-presidente de Agronegócios do BB, financiamentos com recursos oriundos das Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) continuam em crescimento entre as linhas de crédito sem o suporte público. O BB pretende conceder para a safra 2018/2019 um total de R$ 103 bilhões em crédito rural, alta de 21% sobre a safra passada. “A alta porcentual nesse primeiro bimestre ocorre por alguns fatores e porque é pico das contratações, com procura maior. Mas não é garantido que essa será a linha nos próximos meses”, afirmou Hübner. “Se necessário, com um patamar de juros mais baixo, haverá mais funding ao produtor.”
Do total previsto para ser liberado pelo BB em 2018/2019, R$ 11,5 bilhões são destinados para empresas da cadeia do agronegócio e R$ 91,5 bilhões em crédito rural a produtores e cooperativas, dos quais R$ 72,8 bilhões são para operações de custeio e comercialização e R$ 18,7 bilhões para créditos de investimento agropecuário.