Em meados de novembro, o BTG Pactual publicou um relatório dizendo que a bandeira “amarela” do Banco do Brasil (BBAS3) estava ficando “laranja”, destacando os sucessivos problemas do agronegócio no balanço da instituição.
Porém, após um encontro com representantes do BB e outros investidores, os analistas do BTG enxergam que os problemas do agro são de curto prazo. Em contrapartida, os resultados a partir do segundo trimestre do ano que vem devem vir mais fortes do que os dados recentes.
Não apenas isso, mas as perspectivas para 2025 são bastante positivas, ainda que o cenário seja “desafiador” para o mesmo ano. O BTG projeta um crescimento de 10% na concessão de crédito — impulsionado pelo setor que, hoje, pesa nos resultados do Banco do Brasil: o agronegócio.
“O crédito rural deve continuar sendo o principal motor do crescimento da carteira de empréstimos, que atualmente avança cerca de 14% ao ano”, dizem os analistas do BTG.
Na ponta do lápis: o agronegócio e o Banco do Brasil (BBAS3)
Isso porque o ciclo de baixa no segmento foi impulsionado principalmente pela queda dos preços de algumas commodities, como a soja e o milho. No entanto, os produtores já estão se ajustando a essa nova realidade.
Por outro lado, outras commodities — como cana-de-açúcar, café e gado — têm se saído bem recentemente e devem registrar boas colheitas. Assim, o PIB agrícola deve crescer mais rápido do que outros setores no próximo ano.
Vale dizer que, na teleconferência de resultados do banco, a CEO do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, afirmou que o impacto nas provisões no balanço do terceiro trimestre é momentâneo e deve ser normalizado ao longo de 2025.
“O Banco do Brasil é o banco do agro e permanece sendo o banco do agro. Somamos R$ 386 bilhões em saldo, com expansão de 13,7% em 12 meses”, afirma a executiva.
Para Medeiros, não há crise no agronegócio e o que houve foi o que chamou de “evento cíclico”, citando questões climáticas extremas e a situação delicada da lavoura.
Além do agro: a carteira do Banco do brasil
Quanto à carteira individual, os empréstimos salariais — isto é, aqueles atrelados ao INSS e às aposentadorias, como consignados, por exemplo — devem continuar sendo o principal motor de crescimento da concessão de crédito.
“Estão em curso discussões para elevar o teto da taxa de juros dos empréstimos do INSS, mas o BB ainda consegue manter-se rentável no cenário atual, graças à sua baixa dependência de correspondentes bancários”, comentam os analistas do BTG.
Mas o cenário de alta de juros promete impactar as operações dos bancos brasileiros. A chefe de relações com investidores do BB, Janaina Storti, e o gerente de RI do banco, Marcelo Alexandre, enfatizaram que a estrutura de gestão de ativos e passivos da instituição está bem posicionada para se beneficiar de um ambiente de alta taxa.
Banco do Brasil é compra! Mas…
Assim, o BTG recomenda a compra das ações BBAS3, com a perspectiva de que os papéis sejam negociados a uma relação de 3,9 vezes preços sobre lucros (P/L) em 2025.
Porém, entre os bancos preferidos do BTG, o preferido ainda é o Itaú (ITUB4), seguido pelo Banco do Brasil, que está à frente de Santander (SANB11) e Bradesco (BBDC4). Veja os melhores resultados dos bancos no terceiro trimestre de 2024.
Além disso, o BTG destaca que a melhor forma de se expor ao Banco do Brasil é via segmento de seguros, o BB Seguridade (BBSE3).
“Em algum momento do primeiro semestre de 2025, acreditamos que chegará a hora de ficar mais otimista com as ações do Banco do Brasil. Avisaremos quando esse momento chegar”, concluem os analistas.
Por que BB Seguridade e não BB?
Em um relatório de novembro, o BTG destacou que a BB Seguridade é sensível às variações da Selic — mas de maneira positiva. Cada aumento de 100 pontos-base na taxa de juros tem o potencial de aumentar o lucro consolidado em R$ 100 milhões, dizem os analistas.
A expectativa do mercado é que a taxa básica de juros termine 2025 em 12% ao ano, o que representa um aumento de 100 pontos-base em relação a 2024.
Além de apresentar números operacionais sólidos, mesmo em momentos difíceis para os negócios de seguros, a BB Seguridade tem uma política consistente de pagamento de dividendos, com um payout de 90% esperada para o curto prazo. O dividend yield projetado para os próximos 12 meses é de 9,8%, de acordo com o BTG.
Com isso, o BTG recomenda a compra das ações BBSE3, com um preço alvo de R$ 44,00 — o que representa um potencial de alta de quase 25% em relação às cotações de fechamento do mercado na última quinta-feira (5).