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Banco do Brasil quer despertar ‘desejo’ dos clientes para crescer 10% no cartão de crédito em 2025

Publicado em: 16/12/2024

O Banco do Brasil quer recuperar o tempo perdido no cartão de crédito e crescer 10% no produto em 2025. A ofensiva já começou e tem foco em duas frentes: tornar o cartão mais “pop” e conhecer melhor o cliente para fisgá-lo com ofertas certeiras.

Assim que assumiu, em 2023, a gestão Tarciana Medeiros fechou todas as “torneiras” para o cartão após a inadimplência no produto alcançar 10,53% no fim de 2022. Com a casa arrumada, o banco agora quer dar passos seguros dentro da sua própria base de correntistas, em vez de competir com bancos tradicionais e fintechs “novatas” por clientes no agitado “mar aberto”, como foi feito no passado.

Os números do banco mostram que há bastante espaço para avançar. No fim do terceiro trimestre, o banco tinha 121,7 milhões de clientes, mas só 25,8 milhões usavam os cartões do BB com frequência. Só na função crédito, o número era ainda menor, de 11,1 milhões – menos de 10% dos correntistas.

— Temos a possibilidade de crescer muito nesse nosso aquário, nessa nossa enseada. Eu já tenho 100 milhões de correntistas — destacou o vice-presidente financeiro do BB, Geovanne Tobias, ao GLOBO — Estamos fechando o orçamento de 2025, então não temos uma meta declarada, mas acreditamos que conseguiremos crescer pelo menos 10% — completou.

Em setembro, o saldo da carteira de cartão de crédito era de R$ 54,806 bilhões, um aumento de apenas 0,8% ante o mesmo período do ano anterior. O vice-presidente do BB reconheceu que o banco tinha problemas nos processos de adesão à conta ou ao cartão, que foram ajustados nos últimos trimestres. Agora, o momento é de “vender o peixe” e personalizar os limites de crédito.

Patrocío de shows

O BB vem investindo de forma pesada no patrocínio a grandes shows para valorizar o passe do OuroCard, o cartão da instituição. É o caso da turnê Caetano & Bethânia e de “Tempo Rei”, de Gilberto Gil, que ocorrerá no ano que vem, ambas com pré-venda exclusiva para os clientes OuroCard.

Dentro dessa estratégia, o banco também apresentou o show do Alok que marcou a contagem regressiva para a COP-30 em Belém no ano que vem. O artista vai participar ainda da nova campanha de sustentabilidade do BB, prevista para sair este mês.

— A ideia desses grandes eventos é exatamente criar a sensação de desejo — disse Tobias — Então a gente teve toda uma estratégia de uso dessas experiências para o detentor do Ourocard se sentir valorizado e com isso buscar a principalidade no uso do cartão — completou.

Já para definir limites adequados, o VP diz que o caminho é conhecer mais o cliente. Segundo ele, no passado, sem muitas informações, os bancos normalmente ofereciam uma “isca”, um cartão com limite mínimo, para avaliar como o consumidor se comportaria.

Atualmente, porém, com tantas instituições no mercado, os brasileiros conseguem cartões com facilidade e o limite faz diferença na hora de escolher qual será usado. Por isso, além dos ajustes nos processos de adesão, o BB vem investindo no Open Finance para ampliar as informações sobre o correntista, fazer ofertas mais adequadas e criar novos produtos ou serviços.

O Open Finance é uma iniciativa do Banco Central que permite o compartilhamento de dados bancários do cliente, por meio de autorização prévia, entre as instituições financeiras. Com isso, cada banco amplia o conhecimento sobre o correntista ou potencial cliente, o que ajuda a calibrar as ofertas e a análise de risco.

— Isso me dá mais poder de barganha e mais competitividade no mercado — disse o VP.

Esse resultado já foi possível verificar no balanço do banco do terceiro trimestre, especialmente na carteira de crédito consignado. Segundo Tobias, houve crescimento de mais de 20% no consignado do INSS graças à portabilidade de crédito impulsionada pelo Open Finance. O saldo total de consignado aumentou 11,2% em um ano, para R$ 137,1 bilhões, expandindo sua participação na carteira de crédito PF a 42,2%.

Open Finance

Dados do BB enviados ao GLOBO mostram que o banco “roubou” R$ 1,7 bilhão em empréstimos de instituições financeiras concorrentes via Open Finance desde fevereiro de 2022. O benefício médio em termos de redução de taxas do empréstimo foi de 5%.

Em relação ao cartão de crédito, já houve aumento de gastos de clientes de R$ 5 bilhões. Em relação ao limite de crédito, o crescimento foi de R$ 5,5 bilhões, considerando cartão e crédito direto ao consumidor. Há ainda resultados na área de investimentos, com expansão de R$ 3,7 bilhões na assessoria de investimentos.

— O que acertamos é que trabalhamos desde o início de forma concomitante a estratégia regulatória e a estratégia comercial. Nossa estratégia vem e continua sendo conduzida dessa maneira. Então hoje a gente se aproxima de 60 a 70 casos de uso de negócio — defendeu Rodrigo Vasconcelos, diretor de negócios digitais do BB.

Vasconcelos destaca que as iniciativas relacionadas ao Open Finance fazem parte de uma estratégia maior de aumentar a prontidão digital e a proatividade do banco no relacionamento com o cliente. Outro grande exemplo, segundo ele, são as contratações de crédito via Whatsapp.

Ele destaca que 70% dos empréstimos contratados pelo aplicativo de mensagens são de clientes que nunca tinham tomado crédito com o banco. Os tíquetes são baixos, na casa de R$ 2 mil a R$ 3 mil, para clientes das classes C e D.

— Isso democratiza, é poderoso. Descentraliza o capital e gera a possibilidade de aumentar o consumo.

Fonte: O Globo

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