O ex-diretor de Marketing e Comunicação do Banco do Brasil, Delano Valentim, deu a volta por cima. Depois de ter saído do cargo na gestão de Jair Bolsonaro, após a produção de um comercial que desagradou o ex-presidente, o executivo foi indicado para comandar a presidência da filial do banco nos Estados Unidos, o BB Americas, apurou o Broadcast.
Atualmente, Valentim é vice-presidente do banco argentino Patagônia, controlado pelo BB, com 80,39% das ações. Ainda faltam os trâmites de governança do BB Americas para que ele seja empossado no novo cargo. Além de representar uma reviravolta em sua carreira, a escolha de Valentim está totalmente alinhada com a nova gestão do banco. Ao contrário da antiga, nesta, a diversidade é palavra de ordem.
Em 2019, o executivo era diretor de marketing do BB e renunciou ao cargo após um comercial que tratava de jovens e diversidade. A peça desagradou o então presidente da República e foi retirada do ar a pedido de Bolsonaro. Valentim foi o responsável pela peça publicitária.
Passada a polêmica, ele foi indicado para ocupar uma vice-presidência do Patagônia, onde está desde então. Com 52 anos, Valentim é formado em Administração pela Uneb, de Brasília, e possui MBAs e cursos de extensão no Brasil e no exterior. Prata da casa, chegou ao BB em 1985 como menor aprendiz, aos 14 anos. Desde então, passou por diversas áreas como governo, aquisições, clientes, além de marketing e comunicação.
No BB Americas, o executivo vai suceder o ex-presidente João Fruet, que teve uma rápida passagem pelo banco, de apenas alguns meses, e já voltou ao Brasil no cargo de diretor do BB. Ele havia assumido o comando da unidade nos EUA no fim do ano passado no lugar de Carlos Omine, que se aposentou após 36 anos de casa.
BB Americas passa por reestruturação
A troca de cadeiras ocorreu em meio a um projeto de reestruturação do BB Americas. Nos últimos anos, o negócio nos EUA passou por diferentes visões. Foi, inclusive, colocado à venda. As duas últimas gestões do BB, entretanto, reconheceram o valor do ativo e decidiram reforçar o negócio. Uma das ideias recentes era unificar as estruturas do BB Americas e do BB Miami.
O novo comando do banco nos EUA chega em um momento mais agitado do mercado. Rivais têm se movimentando via aquisições ou o reforço de suas operações para atrair os recursos que devem migrar para o exterior, em especial o mercado americano, em busca de diversificação com a queda dos juros no Brasil.
Procurado, o BB não comentou.