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Banco do Brasil: a dor e a doçura de ser um banco público

Publicado em: 12/05/2023

Todo investidor já tem claro que o maior risco de investir no Banco do Brasil é se tornar “sócio do Governo Federal”, dado que o banco pode ser alvo de interferência política. Mas para o Santander, o mercado está ignorando o lado positivo de um banco público.

Num relatório ousado, o analista Henrique Navarro descreve estes benefícios do BB e argumenta que os riscos de ser uma estatal já não são tão grandes assim. Entre esses benefícios, Navarro destaca a presença física abrangente do BB, um enorme portfólio de crédito no agronegócio, um funding mais barato, a gestão de fundos públicos com taxas atrativas, e o acesso a deals do Governo nas transações de IB.

Segundo o Santander, o BB tem uma capilaridade grande — servindo 97% dos municípios brasileiros — justamente por ser um banco público, o que acaba sendo um diferencial em relação aos players privados.

A mesma lógica se aplica à presença no agronegócio. O BB sempre foi usado como uma ferramenta do Governo para impulsionar o agronegócio – uma atuação histórica que criou um diferencial em relação aos outros players e se traduziu num market share de 52% no setor.

Na parte do funding, o BB tem uma estrutura diversificada e acesso, por exemplo, a depósitos judiciais, que têm uma remuneração baixa e representam 28% do funding do banco. Os depósitos de poupança também são maiores no BB do que nos bancos privados.

Navarro nota ainda que o BB é o gestor de muitos fundos do Governo com taxas de administração atrativas, que geram uma receita estimada de R$ 2,4 bilhões ao ano para o BB. “Entre os fundos, destacamos os fundos públicos setoriais, que representam R$ 180 bilhões em ativos e têm uma taxa de administração média de 1,36% ao ano, para gerir um fundo de renda fixa simples e padrão,” diz o relatório.

No lado dos riscos, o Governo pode tentar usar o BB como instrumento de política monetária — mas o Santander considera que esse risco é baixo. “Nesse sentido, o RI do BB tem destacado o alto padrão de governança trazido com a Lei das Estatais, e que resultou na mudança de cerca de 150 itens no estatuto do banco para incorporar a nova lei,” escreveu o analista.

“Ainda que eventualmente alguma mudança nesse status quo possa acontecer dependendo de decisões do governo, esperamos que os membros independentes do conselho pelo menos alertem sobre qualquer mudança que possa impactar negativamente o banco.”

O Santander disse que incorporou o risco de intervenção política em seu cost of equity – 17% – acima do cost of equity dos bancos privados.
O Santander aumentou sua projeção para o lucro do BB de R$ 35,6 bilhões para R$ 36,8 bi este ano, o topo do guidance dado pela própria companhia, e elevou sua expectativa para o ROE de longo prazo do BB de 16% para 18%.

O preço-alvo para a ação foi de R$ 62 para R$ 75 — um upside potencial de 74% em relação ao preço de tela.

Fonte: Brazil Journal

 

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