Uma cerimônia marcada pelo simbolismo da reparação histórica e pela emoção marcou a celebração da posse de Kelly Quirino como Conselheira de Administração Representante dos Funcionários (Caref), no Conselho de Administração (CA) do Banco do Brasil (BB). O evento ocorreu na noite desta quinta-feira 4, no Sindicato dos Bancários do Distrito Federal, em Brasília.
Em seu discurso, Kelly agradeceu os mais de 19 mil votos de bancários que a conduziram ao CA do BB, ao movimento sindical, aos seus familiares, seus gestores e aos membros dos coletivos de funcionários BB Black, bancários LGBTQIAP+, Liderança Feminina e PCDs; e reforçou a importância da construção de um banco mais plural, inclusivo e que represente o Brasil.
A Caref também salientou o passado de escravidão do país e as suas consequências que ainda hoje persistem, dentre elas o racismo estrutural e a desigualdade social.
Lembrou que o Banco do Brasil foi responsável por escrever muitas páginas do desenvolvimento econômico e social da nação, mas enfatizou que a instituição financeira contribuiu para a escravidão, ao ter aceito mais de 40 mil escravizados como garantia de operação de crédito, de acordo com registros históricos.
“Quando uma mulher negra se movimenta, toda uma estrutura se movimenta. É isto que estamos fazendo agora. (…) Vou trabalhar para entregar um banco melhor para as futuras gerações. Ao relembrar desse tempo que não se apaga, tenho a clareza de que, se hoje me torno uma conselheira eleita pelos funcionários do BB, não se trata apenas de uma conquista pessoal. Na verdade presenciamos, sem falsa modéstia, um marco para a representatividade racial e de gênero. E um grito contra o racismo e o sexismo que tem sido estrutural e que ainda vivemos no Brasil, em particular no mundo corporativo”, declarou Kelly em seu discurso.
Planos para o mandato
Na sua posse, realizada no dia 27 de abril, Kelly reforçou que mantém suas propostas de campanha, que incluem lutar para que o BB continue forte, ampliando sua participação no mercado sem deixar de lado a ampliação de crédito para desenvolver setores. “O Banco do Brasil tem que ser um aliado no repasse de crédito, incluindo para infraestrutura, agricultura familiar, micro e pequenas empresas. Sou de uma linha com o olhar desenvolvimentista”, pontuou.
A nova Caref destacou ainda que irá colocar em prática a promessa de campanha da criação de um canal direto entre ela e os funcionários do BB, além de ser atuante na promoção da diversidade e no combate ao assédio dentro da empresa.
“Negros e negras compõem 56% da sociedade brasileira, mas apenas 1% de cargos em conselhos de administração. E o Banco do Brasil possui apenas 23% de funcionárias e funcionários negros. Por tudo isto, é muito importante termos uma mulher negra no CA de um banco público a fim de impulsionar a diversidade e a inclusão social e racial no ambiente corporativo, e para que esta evolução se reflita e transforme a sociedade como um todo”, afirma Ana Beatriz Garbelini, diretora executiva do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e bancária do Banco do Brasil.
Kelly é bancária do BB há 15 anos, atuou por 10 anos na Fundação BB e hoje trabalha na Diretoria de Marketing e Comunicação (Dimac) do banco. Além disso, é pesquisadora associada ao Intercom nas áreas de jornalismo impresso e jornalismo especializado. Em 2020, foi eleita uma das 115 mulheres referência na luta antirracista no Brasil. É doutora em Comunicação pela Universidade de Brasília (UnB) e mestre em Comunicação Midiática pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp).
Fonte: Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região